segunda-feira, 16 de abril de 2012

cadê

Tô bem loco da cabeça e vou começar a escrever como se estivesse contando da vida pra alguém pessoalmente, então lá vai.
Nossa tô meio sem fôlego.
Minha vida tomou um rumo que eu não esperava, tudo bem que essa é a graça dela mas as coisas não andarem conforme eu planejava não tá me agradando muito. Há pouco me encontrei com a Bruna que tá morando aqui em Curitiba (tô de passagem), e a gente ficou relembrando nosso ano passado tão bom e dando risada de como tudo o que a gente quis deu certo de certa forma e errado também. É bom conversar com alguém que quis o mesmo que eu e esteja passando pelas mesmas coisas que eu estou. Rolou uma ponta de saudade da nossa rotina mogiana, de ligar pro outro pra se encontrar mais cedo na faculdade pra tomar cerveja antes de aula, de como a gente reclamava de tudo e sem motivo algum. Como a gente não tinha preocupação e achava que tinha. De repente parece que a época pós-colégio voltou e eu não tinha percebido. De acordar, ir pra piscina, ter almoço pronto, quarto limpo, roupas limpas, ir pro estágio, ir pra academia, ir pra aula à noite, ir pro bar da faculdade e ir vivendo. Não quero voltar pra casa, mas sinto falta da rotina até. Hoje acordo, vou pra aula, tenho que fazer minha comida, lavar minhas roupas, limpar tudo, procurar emprego e ainda dependo do dinheiro do meu pai. Não sei se quero continuar fazendo arquitetura, mas como dizer isso pra alguém que pagou 3 anos de faculdade pra mim pra do nada eu falar – mais uma vez - “não é isso que eu quero”? Eu tenho pena e muito mais orgulho. Daí eu venho passar um final de semana aqui no alex e na sabrina e como todas as vezes que venho pra cá já acho que Curitiba é o melhor lugar e quero morar aqui, não sei explicar. Se tudo o que eu quero fosse fácil e aceitável, era apenas ligar pro meu pai e pedir, mas o mundo não funciona assim. Ao invés de ficar nessa vida de farra eu já devia ter arrumado um emprego no shopping e parar com essa desculpa de que não procuro por lá porque não vou ter final de semana e não vou poder voltar pra casa. Na real esqueci o propósito de toda essa experiência que é eu fazer sacrifícios necessários pro meu próprio crescimento. E isso tá me fazendo muito mal mesmo. Uma hora meu dinheiro acaba, mas como tô entrando num aluguel que o contrato é de 2 anos e meio eu não posso mais voltar e vou ter que pedir mais dinheiro pros meus pais. O que eu tô fazendo? Que não sei mais se estou morando no lugar certo, fazendo o curso certo, desempregado, gastando rios de dinheiro, praticamente de férias desde novembro do ano passado e ainda solteiro? Cadê aquele cara centrado do final do ano passado que sabia o que queria, tinha tudo planejado? Cadê amadurecimento? Cadê responsabilidade, juízo?
Agora, pior de tudo, ter consciência de tudo isso, que a minha vida tá completamente errada, que eu tô completamente errado, e não movo uma palha pra mudar isso.
Se tudo tivesse funcionado conforme eu pensei que seria, no final do ano ainda iria pros estados unidos trabalhar e estudar. Hoje no máximo posso ir pra Balneário Camboriú no final de semana e ainda me arrepender por ter gastado dinheiro desnecessário. Não consigo parar. Alguém precisa me parar de vez.

domingo, 1 de abril de 2012

do depois

Quando você era criança e tinha infinitas opções de escolha pro futuro, o que você queria ser? Eu já quis ser bombeiro, policial, médico, biólogo marinho, publicitário, fotógrafo, psicólogo, escritor. Estudo pra um dia me tornar arquiteto. Um dia, bem longe, uma realidade bem distante.
Todos me perguntam: “Por que você faz arquitetura?”. Não sei responder. Todos me dizem: “Você tem cara de publicidade”. Não vejo isso. Me falam: “Suas fotos são ótimas, por que você não faz fotografia?”. Não quero que meu ganha pão venha de tirar fotos da festa de aniversário de 4 anos de fulano.
Uma vez meu pai me disse que não importava a profissão que eu escolhesse, sempre iriam ter os lados negativos dela. É pedir muito uma que só tenha coisas boas? Sem lado negativo algum? Ir pro trabalho fazendo coisas legais sempre e nunca ter um dia com chatices pra se resolver. Não é esse o emprego ideal? Pois é o que eu queria pra mim. Pra quê me contentar com coisas ruins se eu posso querer sempre coisas boas?
Eu gosto de arquitetura, só não amo. Me interesso pra caralho sobre toda a história, o lado criativo da área, da estética, das ideias novas que surgem e etc. Só não sei lidar com o lado chato. Não quero lidar. Semestre passado eu só não desisti pois comecei a fazer estágio e lá recebi uma injeção de ânimo gigantesca que acho que nunca mais vou ter. Meu ex-chefe é foda. Falo isso de boca cheia mesmo, ele é bom. Me ensinava cada coisa, me dava vontade de continuar, vontade de crescer na profissão. Ele é a única pessoa que me inspira e é nele que eu penso quando ouso a pensar em trancar o curso. Queria ser igualzinho a ele. Só que pra isso eu preciso de uma imersão total no mundo arquitetônico. Sem distrações. Sem meninas, sem internet, sem tv, sem responsabilidade alguma, sem planos, sem amigos, sem família, sem nada. Queria uns 6 meses fora só estudando noções de arquitetura, só a parte criativa, pura criação, na sua essência, viver num ambiente cheio de ideias novas e vanguardistas. Preciso respirar arquitetura pra sentir de novo a vontade e esperança que eu tinha assim que entrei na faculdade na minha primeira aula de história da arte. Só que isso é impossível de acontecer.
Fora o estudo, tem o trabalho que vem depois. Atualmente eu quero muita coisa. Gostaria de trabalhar com arte visual, no sentido mais amplo. Sabe, chegar no trabalho e falar de um filme que eu vi, comentar sobre a mostra que a minha colega foi ver, ou da exposição de tal cara que foi bem bacana, de mexer com imagens, desenhos, fotografias, poder usar minha câmera no trabalho sem ser pra fazer um book de casamento da gordinha, misturar cores, pegar uma tela em branco e pá, com um papel e caneta começar o que vai ser parte de um trabalho maior, de fazer coisas grandes que as pessoas vejam e toquem elas, que tudo isso faça parte do meu dia-a-dia e que eu seja recompensado financeiramente por isso, porque emocionalmente só de imaginar eu sei que já seria abençoado. O meu dilema é que comigo sempre fico na vontade. Eu só fico pensando nisso, faço uma pesquisa ou outra, não boto a mão na massa e não faço com que nada do que eu quero aconteça. Não sei em qual área eu trabalharia com tudo o que eu quero de modo interligado. Não sei se eu seria bom nessa área (seja lá qual ela for). Existe um nome pra essa profissão?
É por isso que eu não desisto ainda da arquitetura. Vou continuar por anos ainda graças à dp e algumas matérias que já desisti. Mas vou terminar, é o que eu tenho por hora. Dá pra me entender? Mesmo eu me ferrando nas matérias, eu insisto, insisto e vou continuar nessa. Eu só espero que todos esses anos não sejam jogados no lixo, que o dinheiro do meu pai valha a pena pelo menos um pouco, que acabando a faculdade eu consiga tirar proveito do que eu aprendi ou tentei aprender.
21 anos nas costas e ainda não sei o que quero ser quando crescer.

do errado

Chegando num ponto da vida em que é triste dizer mas eu não consigo mais acreditar que um dia eu possa ter o que já tive. Tenho conhecimento de que busco sentimento só nas pessoas erradas, mas elas me parecem tão certas que qualquer defeito é relevado, me cego e finjo que dessa vez vai tudo ir do jeito que eu quero.
Só que não, porque me engano.
Ando tratando as pessoas como se estivessem numa prateleira de supermercado. Olho, escolho, compro, uso. E não faço isso por falta de opções, é que minha pressa por companhia é maior do que meu empenho em conquistar alguém. O que acontece é que, na pressa, nunca escolho o sabão em pó que lave bem minhas roupas. Sempre ficam manchas. Daí me dizem “olha, mas aquele sabão é muito bom, eu já comprei” e mesmo querendo que ele seja eficiente, não é.
A que ponto cheguei de comparar pessoas a produtos de limpeza.. Por mais apegado que eu seja à marcas do dia-a-dia, quando se trata de gente eu me apego mil vezes mais. E é o que mais me atrapalha nesse assunto todo. Quanto mais quero, menos tenho, quanto menos tenho, mais sofro, quanto mais sofro, mais quero, porque quero pra parar com o sofrimento. Esse ciclo não é legal.
Chego a conclusão de que o errado sou eu. Deve ser muito difícil começar a sentir algo por mim, se apaixonar por mim, não tenho lá tantos bons atributos assim que chamem a atenção alheia. No fundo, mas no fundo mesmo, sei que sou bem vazio.
Me tornei alguém que jamais imaginei ser.

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