Esse último mês foi meio conturbado emocionalmente aqui na terra do tio sam.
Pra variar meu espírito gastadeiro arruinou tudo o que eu havia planejado e consequentemente o stress pela falta de grana e o tédio da economia bateram na minha porta mais uma vez. Não tô reclamando, aprendi muito nesse período.
Prestei mais atenção no que a minha irmã disse que intercâmbio não é uma trip, é mergulhar na cultura e rotina do lugar, não fazer turismo, por um momento me deixei levar pelas expectativas e acabei sofrendo um cadinho com o tapa na cara, mas agora que tô na reta final entendi tudo e abracei até a comida congelada que eu detesto.Vou sentir falta de Minessotta.
sábado, 20 de junho de 2015
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Dan R.
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segunda-feira, 25 de maio de 2015
Moletom
Já tinha observado através de telas o quão mal as pessoas se vestiam por essas bandas no norte e chegando aqui eu só confirmei isso. 80% da galera tá 100% nem aí e consegue ser mais cafona e desleixadx com o vestuário quanto sei lá sua tia solteirona que não sai de casa. Você percebe o quanto isso é real quando repara que em cada restaurante que você vai eles vendem camisetas. Porque as pessoas compram. E usam a camiseta do fucking restaurante, do fucking café, da padaria. Claro que nem todo lugar deve ser assim, nas cidades costeiras e grandes a coisa deve ser diferente, mas é bom lembrar que USA não é LA ou NY só.
Enfim, é muito normal andar na rua e ver todo mundo usando calça de moletom super larga (2 numeros acima no minimo = lei), camiseta de algum estabelecimento que não tem relação alguma com vestuário, uma sandalia, meia e um gorrinho. Mais comum impossivel. Agora que o verão tá chegando o pessoal até se aventura a trocar o moletom pela bermuda de academia, mas ainda não é um movimento total.
No começo do intercâmbio eu achava tudo isso muito esquisito e só reforcei minha teoria que a galera é relaxadona memo. Até que essa semana eu me olhei no espelho antes de sair e lá estava eu: calça de moletom xl, meia branca, tenis, camiseta escrito Minnesota e um gorro. Fui sugado pelo american vortex 0 fucks given e só fui, dar um rolezinho. E se você quer saber, me senti ótimo haha. É bom não ligar e estar nem aí. Sabe por que? Porque ninguém tá nem aí pra você. E isso acho que não se limita aqui não. É bom saber que ninguém tá nem aí, então não interessa se eu vou no mercado bem vestido ou de pijama. Posso estar exagerando e sendo dramático mas é assim que eu me senti quando pisei na rua usando essa peça maravilhosa que antes ficava restrita à minha casa, o moletom largo: me senti feliz, seguro de mim mesmo e transparente. Calça de moletom larga e velha, você é minha melhor amiga nesse lugar, tô bem mais de bem comigo mesmo, talvez compre alguma camiseta no café pop daqui.
Queria compartilhar também que não comprei uma, nem duas, e sim um box com SETE camisetas Hannes branca na target e paguei 14,90 dolares. Sensato e dono de mim mesmo.
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Dan R.
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quinta-feira, 14 de maio de 2015
americano
Ok, depois de um começo meio fantasioso que depois se tornou um pouco tedioso & sombrio (pois emo), acho que agora, depois de um mês e alguns dias, tô mais acostumado com esse país chamado Minnesotta, já que aqui é bem diferente do resto do país.
As pessoas são legais, são ótimas, todo mundo é bem receptivo e eu já ouvi dizer que nem sempre é assim no resto dos EUA.
Tudo funciona e eu gosto muito disso. Eu adoro o 4G, eu acho o sistema de ensino foda pra caralho, a limpeza das cidades, sei lá, pequenas coisinhas que facilitam a vida no dia-a-dia, tipo o saco de lixo que vem com umas cordinhas, você só tira ele do lixo e amarra. Aliás, não existem lixeiros, o caminhão de lixo chega e tem uns braços que pegam seu lixo e colocam lá dentro. Claro que o lado motorizado dessa gente ainda me irrita muito, é irritante eles dirigirem pra todos os lugares e o transporte público ser um lixo. É muito engraçado porque aqui eles tem drive-thru pra absolutamente tudo, esses dias desacreditei no drive thru de caixa eletronico.
Chega a ser meio engraçado e contraditório todas as “tradições” que a galera tem. Minha irmã do meio tá se formando no colegial e decidiu não ir pra Prom (o que aliás, não é festa de formatura, como a gente sempre imaginou, é só uma festa importante do calendário escolar sem nenhum fundamento especifico) porque você gasta muita grana numa festa que nem beber ou dançar agarradinho você pode. Mas, a graduation party dela vai ser aqui em casa: por algumas horas ela vai receber várias pessoas por aqui que vem comer, parabenizá-la pela conquista e dar grana pra ela. Meus outros irmãos descolaram uns 2 mil doláres nessa.
Fico louco como a educação é valorizada aqui, e é como deve ser. Eles recebem honours por muita coisa, até se você faz trabalho voluntário você é parabenizado. Isso é muito maneiro.
Gosto de como eles incentivam o trabalho e a educação de um modo geral. Essa minha mesma irmã que tá se formando trabalha sei lá desde os 15 anos, e eu penso que nessa idade e até na idade dela eu jamais sequer pensei em arrumar algum trampo. A diferença é que aqui emprego é sério e você faz dinheiro realmente. Ela trampa numa loja de comida pra cachorro alguns dias da semana só e assim, toda sexta ela recebe um paycheck de tipo 250, 300, 400 dólares. No meu último estágio eu ganhava 500 reais por mês, trabalhando todo dia. Uma amiga minha que faz faculdade aqui vai trabalhar no verão só alguns meses, um estágio pela faculdade e ela vai ganhar no total uns 15mil reais. Isso me chateia, é muito frustrante ver que em um lugar te valorizam e em outro não.
Poxa, no começo eu tava odiando isso aqui, queria voltar pra zueira, pra farofada do brasil, pra bagunça que eu amo amo amo. Só que quando eu passo a analizar a fundo as pequenas coisinhas.. Fico meio deprimido. Penso que em casa eu não consigo me sustentar sozinho, vou ganhar mal por um bom tempo até mesmo depois que me formar, vou trabalhar igual louco pra pagar contas que só vão crescer. E aqui, por mês, minha irmã colegial fatura uns 4 mil reais. Tudo bem que é errado eu converter a moeda, mas mesmo assim, viver no dólar te faz perceber em como as coisas aqui são baratas e como seu trabalho é bem recompensado. Me faz repensar muita coisa. Não sei se os EUA é o melhor lugar pra se viver, mas que você consegue fazer dinheiro aqui consegue. Sua vida é mais confortável, você tem um monte de opções em todos os lugares (o que chega a ser um exagero às vezes), as coisas são baratas e de novo, tudo funciona bem. Você tem muito menos dor de cabeça porque sabe exatamente pra onde o seu dinheiro tá indo.
Apesar de eu achar culturalmente um lugar muito rico mas meio raso ao mesmo tempo, tem vários aspectos daqui que eu prefiro ignorar. O consumismo é louco mas a galera da nossa geração tá mais consciente disso e quer mudar, a comida é péssima, alguns hábitos de comportamento não fazem sentido algum tipo bares fechando às 2 hahaha, só que as facilidades que você tem compensam a parte ruim. E a diferença no Brasil é que as pessoas, a zueira, a cultura e a bagunça “compensam” a falta de estrutura que a gente tem e a gente não faz muita coisa pra mudar isso..
Queria morar num lugar que eu tivesse o melhor dos dois mundos, mas tbh quero repensar muito minhas prioridades e correr atrás do que é melhor pra mim no futuro, não sei bem aonde. Aprendi com o perps o que é ser caça-cidadania, vai ver entro numa dessa também.
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Dan R.
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sexta-feira, 8 de maio de 2015
tem horas que me bate uma coisa no peito e eu penso em ir contra o que já adimiti. queria saber como estão as coisas, mandar um e-mail, mas sei lá, não preciso e não faz sentido. é que nos dias como o de hoje sabia muito bem a quem recorrer e mas agora não posso. tem amizade que me faz falta, sei bem o por quê.
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Dan R.
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segunda-feira, 4 de maio de 2015
queria ser que nem
Li esses dias em algum rede social um textinho dizendo algo do tipo “não tente ser que nem tal pessoa, tente ser você mesmo”, se eu não me engano foi a Jana Rosa que falou meio isso no twitter. Juro que fiquei com isso na cabeça no momento mas passou.
Tava agora no eterno scroll da vida no instagram e fuxicando uns perfis maneros fatalmente acabo pensando “queria ser que nem ele”. Surpreendentemente, não fisicamente. Na maior parte do meu dia-a-dia online o que eu mais faço é absorver conteúdo num ritmo frenético non-stop pra me manter sempre inspirado. Acho importante pra quem gosta de imagem ter referências, mas a minha maior luta é pra conseguir aplicar tudo o que eu sugo por aí?
Fico frustrado. Não sei como exteriorizar minhas ideias, travo, isso me deixa agoniado. Por isso me desespero tanto quando vejo em outras pessoas por aí o que eu gostaria de estar fazendo mas não estou. “Queria ser que nem” muita gente, mas não consigo, não vai, não sou. Tem horas que eu acho que só insisto em certas paradas mas que não levo jeito mesmo e uma hora eu vou ter que parar. Já em outros momentos eu sei mesmo é que a procrastinação que não me deixa evoluir, basta eu me desligar um pouco e colocar a mão na massa. Quando finalmente pego nos ingredientes, quem disse que a fada da criação me ajuda nessas receitas? Não ajuda, breco novamente. Isso é coisa de gente maluca ou só white boy problems mesmo? Num sei como continuar, quero gastar maior grana em câmeras, canetas, bloquinhos de desenho mil, livros, mas tô hesitante porque não sei se vale a pena. E se eu não for mesmo quem eu queria ser? Tempo e dinheiro jogado fora.
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Dan R.
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quinta-feira, 16 de abril de 2015
7
Vou tentar vomitar um pouquinho tudo que tá na minha cabeça mesmo.
Uma semana longe de casa, uma semana morando longe de novo, uma semana de (quase) novidades. Engraçado que até agora eu não tive nenhum momento de muita surpresa como eu imaginaria ter. Nada me surpreendeu muito. Mas acho que isso se deve ao fato que a gente acaba sabendo de tanta coisa daqui a todo momento e pela vida inteira que quando você finalmente desse do avião depois de horas de dor na coluna não arregala os olhos e abre a boca de emoção. Pessoas são pessoas, e a gente realmente mora no mesmo lugar. Mais ou menos né.
As coisas na terra do tio sam funcionam. Muito mesmo, tudo funciona, talvez essa seja a coisa que tenha me chamado um pouco de atenção. Caí uma vez na maldição do turista deslumbrado assim que entrei na target e não vi o fim dela. Para a sorte dos amigos, não tirei foto no mercado, tenho o mínimo de bom-senso, mas é muito legal e até meio assustador ver como eles tem coisa pra tudo e como tudo é baratinho. O que me desagrada é que a maiorida dos alimentos, pelo menos na minha familia, é tudo congelado, isso não é muito legal. Aliás alimentação por aqui não tem sido uma maravilha porque a comida é bem industrializada e até meu organismo tá sentindo isso. Sem falar no refrigerante. Pretendo começar a fazer minhas comidinhas asap, pelo menos minha host mom compra arroz.
Agora, o que mais me agrada e me incomoda ao mesmo tempo é a cidade – no geral. É muito gostoso poder fazer tudo rapidinho e de bike, levar 10 min pra tudo, ter verde em todo lugar. O problema é que tudo é tão bonito, tão planejadinho, tão bem pensando que.. irrita. Chega a ser entediante. Não sei se é meu lado arquiteto e urbanista que talvez eu venha a ser gritando mas o fato de tudo ser tão bonito e bem planejado me incomoda porque não tem aquela bagunça que eu tô acostumado. E isso é meio incoerente porque eu sempre imaginei que uma cidade bem pensada seria ideal e em como ideal devia ser morar num lugar que tudo flui. Não é muito não. Definitivamente odeio o subúrbio, as casas são lindas mas todas iguais, ruas curvílíneas, sem saída, confusas e que só fazem sentido pra quem usa carro, ai, não sei explicar, será que essa experiência vai me fazer dar valor ao caos urbano e deixar meu lado pro-natureza um pouco de lado por uns tempos? Quem sabe. Eu posso muito bem estar exagerando também né. Não é péssimo, é bem legal, é bonito e agradável aos olhos, esse modelo não é muito funcional porque tudo é meio afastado e você precisa de carro mas posso imaginar meu pai querendo comprar uma casa dessas e ser feliz pra sempre com o seu pedaço de terra afastado do centro. Olha eu maluco do urbanismo.
No mais as pessoas têm sido muito muito agradáveis comigo e eu não esperava ser tão bem-recebido assim não. Até que eu ouvi falar de um tal de Minnesota Nice, que é meio que a fama que a galera daqui tem de ser mais legais e simpáticos do que no resto do país. Isso é bem verdade! Todo mundo é igualzinho ao Marshall de How I Met Your Mother e olha como isso é legal. Adoro minha host-familly, eles fazem tudo pra eu me sentir a vontade e conseguem. Só vou ter que me preocupar com isso quando a pancinha começar a aparecer, tem batata chips até no meu quarto.
Quando me perguntam o que eu espero dessa experiência eu respondo “aprendizado” mas pra ser sincero eu não sei muito bem o que responder não. Não sei o que eu espero. Quero aprender, claro. Já pensei que ia ser bom pra “me encontrar” mas acho que já passei dessa e me conheço bem. Então não sei, não sei porque eu tô aqui. Pode ser que eu esteja sim realizando meu sonho de adolescente que era fazer intercâmbio e ter toda uma experiência de vida que fosse um divisor de águas mas eu, aqui, agora, não consigo enxergar dessa forma. Espero que nas próximas semanas esse vaziozinho se esclaresça. Ou não né, só deixar fluir mesmo.
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Dan R.
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quarta-feira, 8 de abril de 2015
1505
Na última sexta-feira entrei no metrô cedinho bastante acelerado. Apesar do numero de pessoas esquisitente grande em um feriado, nada me incomodou. Atravessei o viaduto Jacareí com um só pensamento. Tem nome.
Depois de um dia ótimo e agradável como sempre, no tropeço do soninho vendo um filme besta me dei conta de uma coisa. Vai ser muito difícil ficar longe. Enquanto você dormia calmamente eu me levantei, cobri seu corpo nu e desliguei a TV. Abri sua janela rapidinho porque não me aguentava de solidão: precisava de um cigarro. O vento na cara e a cidade lá embaixo gritaram assopravam no meu ouvido palavras de consolo, enquanto olhava desolado pra uma São Paulo que não dorme, tentando entender minha angustia. Como dói saber da distância. Ainda mais quando o carinho é tão recente e tão forte pra pouco tempo.
Me perdi com a vista e o ar gelado por alguns minutos, derramei algumas lágrimas necessárias, me senti sozinho no mundo por uns segundos ate que virei e te vi, em paz, bem quentinho.
A vida testa a gente quando coloca na nossa frente as melhores pessoas nos piores momentos. Tão traiçoeira mas tão sabia. Escrevo do avião com o olho cheio de agua salgada, mas como foi bom de ver agora. Tô indo, mas volto. Você vai, depois volta. Quando esses dois apaixonados estiverem no mesmo solo de vez, chegou a hora de ser feliz pra valer.
Me espera.
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Dan R.
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quarta-feira, 1 de abril de 2015
Apx
Na virada do ano eu disse pra todos os meus amigos que eu não queria conhecer ninguém em 2015. Precisava dar um tempo de casinhos non-sense, sofrer por besteira, paquerinhas bobas de solteiro. Estava decidido a ter um ano cheio de trabalho e estudo porque né, uma hora eu precisaria crescer. Não foi o que aconteceu, mas tenho crescido muito desde então.
Se chegar por trás dançandinho bem bêbado na balada depois de muita troca de risadas à distância fosse me garantir tanta alegria assim eu com certeza já teria dado esse golpe antes, mas parece que escolhi muito bem a minha vítima. E era como se eu soubesse que bem no dia seguinte, depois de riscar da minha lista mental o item “beijo na chuva”, o que tava acontecendo era bem diferente do que eu tinha desejado dia 31 de dezembro.
Meu coração se enche de calor a cada palavra, me derreto com cada olhar, cada toque que me arrepia. Deitar no seu peito nu me causa tanta calma e me dá tanta paz de espírito de uma maneira que eu nunca senti antes da vida. E olha que se apaixonar é comigo mesmo.
Não posso negar que de início me assustei. Eu gosto de um drama, de sentir meu estômago revirar, tô acostumado a me dar mal.
Quando tudo é muito bom eu tendo a recuar, deve ser medo da felicidade.
Mas como eu vivo repetindo: só pode ser sorte. E não tenho a menor dúvida que finalmente ganhei na loteria.
Até quando uma situação que eu temia há algum tempo sair do meu controle finalmente saiu, acabei percebendo o quanto sou amado e querido. Amor é imprevisível mesmo.
Ando tirando inúmeras fotos mentais a cada cafuné. Na minha memória olfativa o seu cheirinho tá mais que registrado. Fico perdido no seu olhar e só de lembrar dele, me acalmo. Minha vontade é de passar horas te olhando deitadinho na sua cama, sua cabeça apoiada nos meus braços, minha mão entrelaçada na tua, teu corpo encostado no meu.
Semanas antes do meu approach eu li uma matéria que dizia que bastava 2 estranhos se olharem por mais de 4 minutos fixamente que eles se apaixonam um pelo outro. Não foi intencional, mas no meu sub-consciente com certeza eu quis me apaixonar, e por isso que desde o primeiro dia eu não me canso de te olhar.
Tô apaixonado. Apx. Fazia tempo que não ficava bobão desse jeito. A diferença é que agora é real, é de verdade, não tô pra brincadeira e eu sei que não vou dar de cara no chão. Pelo contrário. Cada dia que passa tô mais leve, rodopiando em direção aos céus assim como Remédios, a bela, só que levo outro alguém comigo. Finalmente, me sinto seguro.
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Dan R.
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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
when I look back all I see is blurry grey
Desses tantos poucos anos que vivi ainda não consigo compreender o que fazemos por aqui. Meus pais provavelmente diriam que essa questão seria respondida se eu fosse um pouco mais religioso, mas pra variar não segui os conselhos deles.
Quando olho pra trás vejo tanto de um passado que parece tão distante, minha visão fica embaçada. A que ponto cheguei.
Depois de tantos livros, filmes, fotografias, memórias falhas, aonde isso tudo vai me levar?
Quando eu olho pra trás vejo todos os amores que deixei, tantas vezes que chorei, tantos planos que ficaram só em lembranças nada concretas, cheiros que passaram como brisa, cabelos loiros, morenos, grandes, curtos, nas noites que não dormi, nas que dormi abraçado e nas que queria ter dormido abraçado, eu olho pra trás e encaro as decepções amorosas de um jeito que não deveria, meio amargo, melancólico, sinto uma perturbadora vontade de reviver o que não posso mais e já não consigo ao menos tentar.
Quando eu olho pra trás vejo quanta coisa deixei de fazer por não me abrir com meus pais, por duvidar deles, ser egoísta e achar que era o dono da razão. Sempre fui desses que fingia saber qual é a da vida mas pra falar a verdade não sei não. Todas as vezes que deixei de ouvir, me arrependi, mesmo que por orgulho idiota não deixasse isso claro. Meti os pés pelas mãos e acabei sozinho afinal.
Quando eu olho pra trás ouço todos os álbums do belle and sebastian que baixei um a um, todas as músicas do death cab, bright eyes, todas as canções de todas as bandas que me fizeram sentir vivo e que hoje estão esquecidas no meu presente. Essa nostalgia musical às vezes me arrepia, confesso, mas não sei até quando vou ser capaz de sentir.
Tantas vezes me recordo de cenas nos filmes e esqueço da vida real. Ou penso numa foto legal – com a desculpa que um olhar fotográfico também é arte mas na verdade é pro instagram – e deixo o dia=a=dia meio de escanteio. Não faz o menor sentido perder tanto tempo em telas brilhantes quando o mundo lá fora tem tanta coisa pra se fazer. Só não sei ainda pra quê.
Quando eu olho pra trás sinto o peso de cada copo de vodka que bebi, cada cigarro que traguei, cada noite que perdi, cada música que dancei, cada lugar que eu entrei, cada pessoa que beijei, cada vazio que senti, cada dor de cabeça e cada remédio que tomei, vários momentos sem fundamento algum em busca de preencher esse quadro meio branco com alguma lembrança e momento de prazer momentâneo. Então é isso que é ser jovem, ao que parece.
Quando eu olho pra trás vejo que a nada me dediquei, nada construí, que não tenho nada pra chamar de meu. Se existem meia dúzia de pessoas que me orgulho de amar, nunca vou entender como elas se propuseram a ter algum relacionamento com alguém como eu. Não tenho nada a oferecer além de algum drama aqui e ali, que vai e vem, nunca acaba.
Quando eu olho pra trás eu vejo cada oportunidade perdida e cada escolha errada que me levaram até aqui, cada beijo dado, cada mudança despreparada, cada decisão mal-tomada e cada cerveja engolida que de um refresco breve não me trouxe nada mais. Olho pra trás e penso: que merda.
Olho pra trás e vejo a estrada. Pra frente vejo a estrada. Me encontro no meio dela na minha bicicleta ou no meu carro, indo pra algum lugar que eu não faço ideia, tô cansado de não saber.
Desse olhar perdido até consigo enxergar coisas boas mas não consigo responder qual é o sentido disso tudo. A gente cresce, estuda, trabalha, acumula uma série de “experiências”, vê a vida passar na nossa frente, faz uma série de coisas que têm que ser feitas, perde tempo, recupera ele, mas não sabe direito o que deve ser feito. Então só vai fazendo. Vai vivendo, vivendo, correndo.
Não consigo entender como depois de uma vida toda eu me sinto tão, tão, tão sozinho.
Por que depois de tanto tempo eu continuo preso na solidão?
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Dan R.
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Não imaginava que esse furacão viria acompanhado.
Meu coração que já é perturbado agora bate mais forte, de um jeito meio errado.
Antes que alguém saia ferido, melhor eu me ferir.
No quesito solidão, o mérito é todo meu. Me mereço, sozinho.
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Dan R.
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