terça-feira, 24 de novembro de 2015

Embarque

Já são quase 2 meses de 6 horas diárias entre ônibus, trem e metrô. Dormir, ler e ouvir música já não preenchem mais a sensação de tempo jogado no lixo que eu sinto todo dia, então acho que vou voltar a escrever pra me ocupar.
Nesse início de experiência (que francamente espero ser mais curta possível) comecei a observar várias coisas em mim e ao meu redor. São Paulo é uma escola, realmente. O dia-a-dia é completamente diferente do final de semana. Desde a primeira semana caí na real da maravilha e agonia que é perceber que sou só mais um no meio de milhões, ninguém me conhece, ninguém presta atenção no que eu faço ou como eu me visto e ninguém tá nem aí pra mim. Essa ambiguidade de libertação e angústia ainda me confunde um pouco, mas me ensinou que eu não preciso ter vergonha de qualquer atitude minha porque não sou observado. Que gostoso.
Uma coisa que me assusta é a pressa das pessoas. Incomoda a correria, a falta de educação, o empurra empurra pra conseguir um lugar sentado no trem, a impaciência de ter que descer pelo lado esquerdo na escada rolante pra chegar 5 segundos antes que todos na plataforma. Essa é uma característica do paulistano que eu detesto e no dia que me vi fazendo o mesmo parei, respirei fundo e chorei. Não quero ser essa pessoa. Faço todo o trajeto na maior calma possível senão enlouqueço.
Infelizmente meu medo de tudo aumentou, ando com olhos na nuca observando tudo, escondo minha carteira no lugar mais inacessível da minha mochila. Já me roubaram um óculos e um cigarro (difícil de acreditar). Parei de dormir por causa disso, mas não tem muito mais que eu possa fazer.
Trabalhar na capital me abriu a cabeça e me mostrou mais uma vez o tipo de pessoa que eu não quero ser. Logo, hoje sei quem sou e pra onde ir. Isso me satisfaz de um jeito ainda meio confuso mas acho que meu caminho está se clareando.
Nunca fui ambicioso, mas sempre quis ter grana. Não quero mais. Lidar com a classe social mais abastada, a elite, pessoas que acham que dinheiro compra tudo (quase sempre), me fez sentir repulsa pela riqueza e o mundinho superficial dos "designers". Acho que você pode ser o papa e ter feito um tapete à mão: nunca vou achar justo pagar 40 mil nele. Ou 90 mil numa poltrona "assinada". Quantos anos - ou décadas - a copeira do escritório teria que trabalhar pra ter na sua sala uma " poltrona assinada"? Pensar nisso me dà vontade de vomitar.
Minha maior mudança nesses dois meses é que hoje eu quero ser arquiteto. É até perturbador escrever isso. Mas eu quero ser arquiteto: quero construir, fazer a diferença, impactar positivamente na vida de quem precisa de arquitetura e condiçōes mínimas de qualidade pra ter dignidade. Vou tentar me encaminhar pra área de habitação social. Não sei ainda como, mas essa é a decisão mais sensata que eu jà tomei e devo tudo isso ao meu emprego atual, que é o oposto do lugar que eu quero chegar. Se é pra estudar mais de 5 anos pra ter uma profissão, eu quero é ajudar o povo, não madames.
Estou feliz comigo mesmo.
A rotina não tá fácil, choro sempre porque sou dramático, reclamo, reclamo, passo nervoso, mas aprendi tanto. Me dei conta de que sobrevivo. Não sou especial, sou privilegiado, e passar perrengue tem me ensinado. Claramente quero mudar o cenário, mas num quadro geral sinto mais gratidão pela oportunidade e aprendizado. Agora só preciso continuar correndo atrás.

domingo, 9 de agosto de 2015

Hiato

Tava me dando um pouquinho de aperto ver o link desse blog na minha barra de favoritos e saber que há tanto tempo não sou tão regular com as minhas próprias memórias. Sempre gostei de escrever, sempre vou gostar de escrever, mas acho que tô num momento que essa plataforma já não me apetece mais tanto..
Minha vida tá conturbada pra variar. Voltar do intercâmbio mexeu muito comigo, o desânimo do desemprego, voltar pra (eterna) faculdade, muita coisa acontecendo. Só que diferente de outras épocas da minha vida, hoje eu tô bem animado. Sei lá, esperançoso? Cada dia faço uma coisa diferente. Tô lendo mais, aprendendo coisas que sempre quis aprender, vendo minha realidade por uma nova perspectiva em muitos aspectos. Finalmente entendi que eu posso ser e fazer o que eu quiser paralelamente à faculdade que não tem fim, e na altura do campeonato isso é o que mais me angustia. Realização profissional é uma coisa que mexe comigo e eu espero chegar numa fase em que eu esteja feliz com isso independentemente das minhas escolhas acadêmicas erradas. E tô animado pra fazer isso acontecer.
É bem estranho voltar pro Brasil mesmo morando pouco tempo fora. A gente se desacostuma com tudo e tem todo esse processo de readaptação que tá melhorando cada dia mais. Não sei como vai ser agora que meu namorado vai pra longe. As coisas não vão ser tão fáceis sem ele mas chegou a hora dele viajar e ver outra realidade que nem eu fui. Feliz e triste, mas espero que o Bru volte.
Então sei lá, com a vida em off mais interessante eu acabei deixando de registrar ela aqui. Até de um modo natural eu acho, ando preferindo escrever mais nos moleskines mil que tão surgindo no meu quarto sempre e não sei como, escrevendo pra mim mesmo como sempre fiz mas sem a necessidade de publicar na internet. Guardando coisas realmente pra mim.
Talvez eu volte, talvez não. Queria só escrever essas coisinhas e justificar minha ausência.
Nunca vou deletar. Meu eu aos 16 anos jamais gostaria de perder todos esses anos de apertinho online.
Acabei de ter um deja vu sinistro escrevendo essa última frase, acho que é o universo dizendo pra eu seguir com essa ideia.
Muitas horas mesmo,
Dan.

sábado, 11 de julho de 2015

it was a suicide saturday

to aqui deitadinho na sala de lareira há horas dando scroll na vida online com aquele apertinho no peito de sempre, entediado, sem saber se vou dormir ou comer mais um pouquinho. já tava sentindo falta de noites como a de hoje que antes de viajar eram tão frequentes, tô vendo que esse hábito não vai mudar tão cedo.
antes de começar a escrever eu pensei “nossa, tinha prometido escrever mais em 2015, não escrevi muito” e ao invés de fechar o notebook e me arrumar pra dormir, resolvi abrir o editor de textos e cá estou, sem ter o que escrever, mas só escrevendo. pra variar eu to bem tristinho quietinho o dia todo, só que agora o mundo vai ter que me aturar mais chato que o normal porque eu voltei do intercâmbio, voltei de nova york que foi irado em so many levels e caí de para-quedas no desemprego e nessa cidadezinha de merda. minha inquietação com o presente é totalmente proporcional à minha falta de ânimo pra mudar qualquer situação. to com um pouco de medo de voltar a me fechar, querer dormir toda hora, surtar com coisas banais, não to nem querendo lembrar da faculdade pra não começar a chorar toda hora. ou eu sou bem mimado, ou eu tenho um problema (ou as duas coisas). mas que pra mim é dificil aceitar o que eu não gosto é, então melhor voltar pra terapia. ia ser muito mais fácil se eu nascesse de novo, assim como seria muito mais facil dormir muito e não encarar a vida. to sempre querendo o caminho mais facil das coisas apesar de quebrar a cara constantemente fazendo essas escolhas. pro desespero dos meus pais, meu intercambio não só não ajudou em nada nas minhas questões profissionais e pessoais como eu continuo o mesmo banana de sempre que prefere chorar sozinho a resolver meus problemas. mais bicha do que nunca, tô quase pensando na carreira de drag queen na noite pra sustentar minha vida adulta, já que infelizmente dilmãe não tá colaborando com qualquer perspectiva de sucesso profissional que eu vagamente tenho (traindo o movimento). posso ser exagerado mais que tudo só que voltar dos eua tá sendo uma bosta maior do que eu imaginava e to passando pela mesma coisa que passei quando voltei do sul ou quando voltava pra visitar todo mundo que é perceber que nao sou importante, a vida dos outros nao parou, e ninguem faz muita questao de me ver como eu faço questao de ver os outros e isso me deprime e me dá raiva, mas me dá raiva por saber que eu sou pamonha e não aprendi a lição. não sou o centro do universo e meu egoísmo me fere mais do que qualquer pessoa. além de dominar a arte de reclamar, ainda quero ser querido por todos e que um emprego caia no meu colo. e esse post acaba com qualquer chance minha de entrar de novo no mercado de trabalho de qualquer empresa grande. boa noite.

sábado, 20 de junho de 2015

Esse último mês foi meio conturbado emocionalmente aqui na terra do tio sam.
Pra variar meu espírito gastadeiro arruinou tudo o que eu havia planejado e consequentemente o stress pela falta de grana e o tédio da economia bateram na minha porta mais uma vez. Não tô reclamando, aprendi muito nesse período.
Prestei mais atenção no que a minha irmã disse que intercâmbio não é uma trip, é mergulhar na cultura e rotina do lugar, não fazer turismo, por um momento me deixei levar pelas expectativas e acabei sofrendo um cadinho com o tapa na cara, mas agora que tô na reta final entendi tudo e abracei até a comida congelada que eu detesto.Vou sentir falta de Minessotta.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Moletom

Já tinha observado através de telas o quão mal as pessoas se vestiam por essas bandas no norte e chegando aqui eu só confirmei isso. 80% da galera tá 100% nem aí e consegue ser mais cafona e desleixadx com o vestuário quanto sei lá sua tia solteirona que não sai de casa. Você percebe o quanto isso é real quando repara que em cada restaurante que você vai eles vendem camisetas. Porque as pessoas compram. E usam a camiseta do fucking restaurante, do fucking café, da padaria. Claro que nem todo lugar deve ser assim, nas cidades costeiras e grandes a coisa deve ser diferente, mas é bom lembrar que USA não é LA ou NY só.
Enfim, é muito normal andar na rua e ver todo mundo usando calça de moletom super larga (2 numeros acima no minimo = lei), camiseta de algum estabelecimento que não tem relação alguma com vestuário, uma sandalia, meia e um gorrinho. Mais comum impossivel. Agora que o verão tá chegando o pessoal até se aventura a trocar o moletom pela bermuda de academia, mas ainda não é um movimento total.
No começo do intercâmbio eu achava tudo isso muito esquisito e só reforcei minha teoria que a galera é relaxadona memo. Até que essa semana eu me olhei no espelho antes de sair e lá estava eu: calça de moletom xl, meia branca, tenis, camiseta escrito Minnesota e um gorro. Fui sugado pelo american vortex 0 fucks given e só fui, dar um rolezinho. E se você quer saber, me senti ótimo haha. É bom não ligar e estar nem aí. Sabe por que? Porque ninguém tá nem aí pra você. E isso acho que não se limita aqui não. É bom saber que ninguém tá nem aí, então não interessa se eu vou no mercado bem vestido ou de pijama. Posso estar exagerando e sendo dramático mas é assim que eu me senti quando pisei na rua usando essa peça maravilhosa que antes ficava restrita à minha casa, o moletom largo: me senti feliz, seguro de mim mesmo e transparente. Calça de moletom larga e velha, você é minha melhor amiga nesse lugar, tô bem mais de bem comigo mesmo, talvez compre alguma camiseta no café pop daqui.
Queria compartilhar também que não comprei uma, nem duas, e sim um box com SETE camisetas Hannes branca na target e paguei 14,90 dolares. Sensato e dono de mim mesmo.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

americano

Ok, depois de um começo meio fantasioso que depois se tornou um pouco tedioso & sombrio (pois emo), acho que agora, depois de um mês e alguns dias, tô mais acostumado com esse país chamado Minnesotta, já que aqui é bem diferente do resto do país.
As pessoas são legais, são ótimas, todo mundo é bem receptivo e eu já ouvi dizer que nem sempre é assim no resto dos EUA.
Tudo funciona e eu gosto muito disso. Eu adoro o 4G, eu acho o sistema de ensino foda pra caralho, a limpeza das cidades, sei lá, pequenas coisinhas que facilitam a vida no dia-a-dia, tipo o saco de lixo que vem com umas cordinhas, você só tira ele do lixo e amarra. Aliás, não existem lixeiros, o caminhão de lixo chega e tem uns braços que pegam seu lixo e colocam lá dentro. Claro que o lado motorizado dessa gente ainda me irrita muito, é irritante eles dirigirem pra todos os lugares e o transporte público ser um lixo. É muito engraçado porque aqui eles tem drive-thru pra absolutamente tudo, esses dias desacreditei no drive thru de caixa eletronico.
Chega a ser meio engraçado e contraditório todas as “tradições” que a galera tem. Minha irmã do meio tá se formando no colegial e decidiu não ir pra Prom (o que aliás, não é festa de formatura, como a gente sempre imaginou, é só uma festa importante do calendário escolar sem nenhum fundamento especifico) porque você gasta muita grana numa festa que nem beber ou dançar agarradinho você pode. Mas, a graduation party dela vai ser aqui em casa: por algumas horas ela vai receber várias pessoas por aqui que vem comer, parabenizá-la pela conquista e dar grana pra ela. Meus outros irmãos descolaram uns 2 mil doláres nessa.
Fico louco como a educação é valorizada aqui, e é como deve ser. Eles recebem honours por muita coisa, até se você faz trabalho voluntário você é parabenizado. Isso é muito maneiro.
Gosto de como eles incentivam o trabalho e a educação de um modo geral. Essa minha mesma irmã que tá se formando trabalha sei lá desde os 15 anos, e eu penso que nessa idade e até na idade dela eu jamais sequer pensei em arrumar algum trampo. A diferença é que aqui emprego é sério e você faz dinheiro realmente. Ela trampa numa loja de comida pra cachorro  alguns dias da semana só e assim, toda sexta ela recebe um paycheck de tipo 250, 300, 400 dólares. No meu último estágio eu ganhava 500 reais por mês, trabalhando todo dia. Uma amiga minha que faz faculdade aqui vai trabalhar no verão só alguns meses, um estágio pela faculdade e ela vai ganhar no total uns 15mil reais. Isso me chateia, é muito frustrante ver que em um lugar te valorizam e em outro não.
Poxa, no começo eu tava odiando isso aqui, queria voltar pra zueira, pra farofada do brasil, pra bagunça que eu amo amo amo. Só que quando eu passo a analizar a fundo as pequenas coisinhas.. Fico meio deprimido. Penso que em casa eu não consigo me sustentar sozinho, vou ganhar mal por um bom tempo até mesmo depois que me formar, vou trabalhar igual louco pra pagar contas que só vão crescer. E aqui, por mês, minha irmã colegial fatura uns 4 mil reais. Tudo bem que é errado eu converter a moeda, mas mesmo assim, viver no dólar te faz perceber em como as coisas aqui são baratas e como seu trabalho é bem recompensado. Me faz repensar muita coisa. Não sei se os EUA é o melhor lugar pra se viver, mas que você consegue fazer dinheiro aqui consegue. Sua vida é mais confortável, você tem um monte de opções em todos os lugares (o que chega a ser um exagero às vezes), as coisas são baratas e de novo, tudo funciona bem. Você tem muito menos dor de cabeça porque sabe exatamente pra onde o seu dinheiro tá indo.
Apesar de eu achar culturalmente um lugar muito rico mas meio raso ao mesmo tempo, tem vários aspectos daqui que eu prefiro ignorar. O consumismo é louco mas a galera da nossa geração tá mais consciente disso e quer mudar, a comida é péssima, alguns hábitos de comportamento não fazem sentido algum tipo bares fechando às 2 hahaha, só que as facilidades que você tem compensam a parte ruim. E a diferença no Brasil é que as pessoas, a zueira, a cultura e a bagunça “compensam” a falta de estrutura que a gente tem e a gente não faz muita coisa pra mudar isso..
Queria morar num lugar que eu tivesse o melhor dos dois mundos, mas tbh quero repensar muito minhas prioridades e correr atrás do que é melhor pra mim no futuro, não sei bem aonde. Aprendi com o perps o que é ser caça-cidadania, vai ver entro numa dessa também.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

tem horas que me bate uma coisa no peito e eu penso em ir contra o que já adimiti. queria saber como estão as coisas, mandar um e-mail, mas sei lá, não preciso e não faz sentido. é que nos dias como o de hoje sabia muito bem a quem recorrer e mas agora não posso. tem amizade que me faz falta, sei bem o por quê.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

queria ser que nem

Li esses dias em algum rede social um textinho dizendo algo do tipo “não tente ser que nem tal pessoa, tente ser você mesmo”, se eu não me engano foi a Jana Rosa que falou meio isso no twitter. Juro que fiquei com isso na cabeça no momento mas passou.
Tava agora no eterno scroll da vida no instagram e fuxicando uns perfis maneros fatalmente acabo pensando “queria ser que nem ele”. Surpreendentemente, não fisicamente. Na maior parte do meu dia-a-dia online o que eu mais faço é absorver conteúdo num ritmo frenético non-stop pra me manter sempre inspirado. Acho importante pra quem gosta de imagem ter referências, mas a minha maior luta é pra conseguir aplicar tudo o que eu sugo por aí?
Fico frustrado. Não sei como exteriorizar minhas ideias, travo, isso me deixa agoniado. Por isso me desespero tanto quando vejo em outras pessoas por aí o que eu gostaria de estar fazendo mas não estou. “Queria ser que nem” muita gente, mas não consigo, não vai, não sou. Tem horas que eu acho que só insisto em certas paradas mas que não levo jeito mesmo e uma hora eu vou ter que parar. Já em outros momentos eu sei mesmo é que a procrastinação que não me deixa evoluir, basta eu me desligar um pouco e colocar a mão na massa. Quando finalmente pego nos ingredientes, quem disse que a fada da criação me ajuda nessas receitas? Não ajuda, breco novamente. Isso é coisa de gente maluca ou só white boy problems mesmo? Num sei como continuar, quero gastar maior grana em câmeras, canetas, bloquinhos de desenho mil, livros, mas tô hesitante porque não sei se vale a pena. E se eu não for mesmo quem eu queria ser? Tempo e dinheiro jogado fora.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

7

Vou tentar vomitar um pouquinho tudo que tá na minha cabeça mesmo.
Uma semana longe de casa, uma semana morando longe de novo, uma semana de (quase) novidades. Engraçado que até agora eu não tive nenhum momento de muita surpresa como eu imaginaria ter. Nada me surpreendeu muito. Mas acho que isso se deve ao fato que a gente acaba sabendo de tanta coisa daqui a todo momento e pela vida inteira que quando você finalmente desse do avião depois de horas de dor na coluna não arregala os olhos e abre a boca de emoção. Pessoas são pessoas, e a gente realmente mora no mesmo lugar. Mais ou menos né.
As coisas na terra do tio sam funcionam. Muito mesmo, tudo funciona, talvez essa seja a coisa que tenha me chamado um pouco de atenção. Caí uma vez na maldição do turista deslumbrado assim que entrei na target e não vi o fim dela. Para a sorte dos amigos, não tirei foto no mercado, tenho o mínimo de bom-senso, mas é muito legal e até meio assustador ver como eles tem coisa pra tudo e como tudo é baratinho. O que me desagrada é que a maiorida dos alimentos, pelo menos na minha familia, é tudo congelado, isso não é muito legal. Aliás alimentação por aqui não tem sido uma maravilha porque a comida é bem industrializada e até meu organismo tá sentindo isso. Sem falar no refrigerante. Pretendo começar a fazer minhas comidinhas asap, pelo menos minha host mom compra arroz.
Agora, o que mais me agrada e me incomoda ao mesmo tempo é a cidade – no geral. É muito gostoso poder fazer tudo rapidinho e de bike, levar 10 min pra tudo, ter verde em todo lugar. O problema é que tudo é tão bonito, tão planejadinho, tão bem pensando que.. irrita. Chega a ser entediante. Não sei se é meu lado arquiteto e urbanista que talvez eu venha a ser gritando mas o fato de tudo ser tão bonito e bem planejado me incomoda porque não tem aquela bagunça que eu tô acostumado. E isso é meio incoerente porque eu sempre imaginei que uma cidade bem pensada seria ideal e em como ideal devia ser morar num lugar que tudo flui. Não é muito não. Definitivamente odeio o subúrbio, as casas são lindas mas todas iguais, ruas curvílíneas, sem saída, confusas e que só fazem sentido pra quem usa carro, ai, não sei explicar, será que essa experiência vai me fazer dar valor ao caos urbano e deixar meu lado pro-natureza um pouco de lado por uns tempos? Quem sabe. Eu posso muito bem estar exagerando também né. Não é péssimo, é bem legal, é bonito e agradável aos olhos, esse modelo não é muito funcional porque tudo é meio afastado e você precisa de carro mas posso imaginar meu pai querendo comprar uma casa dessas e ser feliz pra sempre com o seu pedaço de terra afastado do centro. Olha eu maluco do urbanismo.
No mais as pessoas têm sido muito muito agradáveis comigo e eu não esperava ser tão bem-recebido assim não. Até que eu ouvi falar de um tal de Minnesota Nice, que é meio que a fama que a galera daqui tem de ser mais legais e simpáticos do que no resto do país. Isso é bem verdade! Todo mundo é igualzinho ao Marshall de How I Met Your Mother e olha como isso é legal. Adoro minha host-familly, eles fazem tudo pra eu me sentir a vontade e conseguem. Só vou ter que me preocupar com isso quando a pancinha começar a aparecer, tem batata chips até no meu quarto.
Quando me perguntam o que eu espero dessa experiência eu respondo “aprendizado” mas pra ser sincero eu não sei muito bem o que responder não. Não sei o que eu espero. Quero aprender, claro. Já pensei que ia ser bom pra “me encontrar” mas acho que já passei dessa e me conheço bem. Então não sei, não sei porque eu tô aqui. Pode ser que eu esteja sim realizando meu sonho de adolescente que era fazer intercâmbio e ter toda uma experiência de vida que fosse um divisor de águas mas eu, aqui, agora, não consigo enxergar dessa forma. Espero que nas próximas semanas esse vaziozinho se esclaresça. Ou não né, só deixar fluir mesmo.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

1505

Na última sexta-feira entrei no metrô cedinho bastante acelerado. Apesar do numero de pessoas esquisitente grande em um feriado, nada me incomodou. Atravessei o viaduto Jacareí com um só pensamento. Tem nome.
Depois de um dia ótimo e agradável como sempre, no tropeço do soninho vendo um filme besta me dei conta de uma coisa. Vai ser muito difícil ficar longe. Enquanto você dormia calmamente eu me levantei, cobri seu corpo nu e desliguei a TV. Abri sua janela rapidinho porque não me aguentava de solidão: precisava de um cigarro. O vento na cara e a cidade lá embaixo gritaram assopravam no meu ouvido palavras de consolo, enquanto olhava desolado pra uma São Paulo que não dorme, tentando entender minha angustia. Como dói saber da distância. Ainda mais quando o carinho é tão recente e tão forte pra pouco tempo.
Me perdi com a vista e o ar gelado por alguns minutos, derramei algumas lágrimas necessárias, me senti sozinho no mundo por uns segundos ate que virei e te vi, em paz, bem quentinho.
A vida testa a gente quando coloca na nossa frente as melhores pessoas nos piores momentos. Tão traiçoeira mas tão sabia. Escrevo do avião com o olho cheio de agua salgada, mas como foi bom de ver agora. Tô indo, mas volto. Você vai, depois volta. Quando esses dois apaixonados estiverem no mesmo solo de vez, chegou a hora de ser feliz pra valer.
Me espera.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Apx

Na virada do ano eu disse pra todos os meus amigos que eu não queria conhecer ninguém em 2015. Precisava dar um tempo de casinhos non-sense, sofrer por besteira, paquerinhas bobas de solteiro. Estava decidido a ter um ano cheio de trabalho e estudo porque né, uma hora eu precisaria crescer. Não foi o que aconteceu, mas tenho crescido muito desde então.
Se chegar por trás dançandinho bem bêbado na balada depois de muita troca de risadas à distância fosse me garantir tanta alegria assim eu com certeza já teria dado esse golpe antes, mas parece que escolhi muito bem a minha vítima. E era como se eu soubesse que bem no dia seguinte, depois de riscar da minha lista mental o item “beijo na chuva”, o que tava acontecendo era bem diferente do que eu tinha desejado dia 31 de dezembro.
Meu coração se enche de calor a cada palavra, me derreto com cada olhar, cada toque que me arrepia. Deitar no seu peito nu me causa tanta calma e me dá tanta paz de espírito de uma maneira que eu nunca senti antes da vida. E olha que se apaixonar é comigo mesmo.
Não posso negar que de início me assustei. Eu gosto de um drama, de sentir meu estômago revirar, tô acostumado a me dar mal.
Quando tudo é muito bom eu tendo a recuar, deve ser medo da felicidade.
Mas como eu vivo repetindo: só pode ser sorte. E não tenho a menor dúvida que finalmente ganhei na loteria.
Até quando uma situação que eu temia há algum tempo sair do meu controle finalmente saiu, acabei percebendo o quanto sou amado e querido. Amor é imprevisível mesmo.
Ando tirando inúmeras fotos mentais a cada cafuné. Na minha memória olfativa o seu cheirinho tá mais que registrado. Fico perdido no seu olhar e só de lembrar dele, me acalmo. Minha vontade é de passar horas te olhando deitadinho na sua cama, sua cabeça apoiada nos meus braços, minha mão entrelaçada na tua, teu corpo encostado no meu.
Semanas antes do meu approach eu li uma matéria que dizia que bastava 2 estranhos se olharem por mais de 4 minutos fixamente que eles se apaixonam um pelo outro. Não foi intencional, mas no meu sub-consciente com certeza eu quis me apaixonar, e por isso que desde o primeiro dia eu não me canso de te olhar.
Tô apaixonado. Apx. Fazia tempo que não ficava bobão desse jeito. A diferença é que agora é real, é de verdade, não tô pra brincadeira e eu sei que não vou dar de cara no chão. Pelo contrário. Cada dia que passa tô mais leve, rodopiando em direção aos céus assim como Remédios, a bela, só que levo outro alguém comigo. Finalmente, me sinto seguro.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

when I look back all I see is blurry grey

Desses tantos poucos anos que vivi ainda não consigo compreender o que fazemos por aqui. Meus pais provavelmente diriam que essa questão seria respondida se eu fosse um pouco mais religioso, mas pra variar não segui os conselhos deles.
Quando olho pra trás vejo tanto de um passado que parece tão distante, minha visão fica embaçada. A que ponto cheguei.
Depois de tantos livros, filmes, fotografias, memórias falhas, aonde isso tudo vai me levar?
Quando eu olho pra trás vejo todos os amores que deixei, tantas vezes que chorei, tantos planos que ficaram só em lembranças nada concretas, cheiros que passaram como brisa, cabelos loiros, morenos, grandes, curtos, nas noites que não dormi, nas que dormi abraçado e nas que queria ter dormido abraçado, eu olho pra trás e encaro as decepções amorosas de um jeito que não deveria, meio amargo, melancólico, sinto uma perturbadora vontade de reviver o que não posso mais e já não consigo ao menos tentar.
Quando eu olho pra trás vejo quanta coisa deixei de fazer por não me abrir com meus pais, por duvidar deles, ser egoísta e achar que era o dono da razão. Sempre fui desses que fingia saber qual é a da vida mas pra falar a verdade não sei não. Todas as vezes que deixei de ouvir, me arrependi, mesmo que por orgulho idiota não deixasse isso claro. Meti os pés pelas mãos e acabei sozinho afinal.
Quando eu olho pra trás ouço todos os álbums do belle and sebastian que baixei um a um, todas as músicas do death cab, bright eyes, todas as canções de todas as bandas que me fizeram sentir vivo e que hoje estão esquecidas no meu presente. Essa nostalgia musical às vezes me arrepia, confesso, mas não sei até quando vou ser capaz de sentir.
Tantas vezes me recordo de cenas nos filmes e esqueço da vida real. Ou penso numa foto legal – com a desculpa que um olhar fotográfico também é arte mas na verdade é pro instagram – e deixo o dia=a=dia meio de escanteio. Não faz o menor sentido perder tanto tempo em telas brilhantes quando o mundo lá fora tem tanta coisa pra se fazer. Só não sei ainda pra quê.
Quando eu olho pra trás sinto o peso de cada copo de vodka que bebi, cada cigarro que traguei, cada noite que perdi, cada música que dancei, cada lugar que eu entrei, cada pessoa que beijei, cada vazio que senti, cada dor de cabeça e cada remédio que tomei, vários momentos sem fundamento algum em busca de preencher esse quadro meio branco com alguma lembrança e momento de prazer momentâneo. Então é isso que é ser jovem, ao que parece.
Quando eu olho pra trás vejo que a nada me dediquei, nada construí, que não tenho nada pra chamar de meu. Se existem meia dúzia de pessoas que me orgulho de amar, nunca vou entender como elas se propuseram a ter algum relacionamento com alguém como eu. Não tenho nada a oferecer além de algum drama aqui e ali, que vai e vem, nunca acaba.
Quando eu olho pra trás eu vejo cada oportunidade perdida e cada escolha errada que me levaram até aqui, cada beijo dado, cada mudança despreparada, cada decisão mal-tomada e cada cerveja engolida que de um refresco breve não me trouxe nada mais. Olho pra trás e penso: que merda.
Olho pra trás e vejo a estrada. Pra frente vejo a estrada. Me encontro no meio dela na minha bicicleta ou no meu carro, indo pra algum lugar que eu não faço ideia, tô cansado de não saber.
Desse olhar perdido até consigo enxergar coisas boas mas não consigo responder qual é o sentido disso tudo. A gente cresce, estuda, trabalha, acumula uma série de “experiências”, vê a vida passar na nossa frente, faz uma série de coisas que têm que ser feitas, perde tempo, recupera ele, mas não sabe direito o que deve ser feito. Então só vai fazendo. Vai vivendo, vivendo, correndo.
Não consigo entender como depois de uma vida toda eu me sinto tão, tão, tão sozinho.
Por que depois de tanto tempo eu continuo preso na solidão?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Não imaginava que esse furacão viria acompanhado.
Meu coração que já é perturbado agora bate mais forte, de um jeito meio errado.
Antes que alguém saia ferido, melhor eu me ferir.
No quesito solidão, o mérito é todo meu. Me mereço, sozinho.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Daily joy

Saio do trabalho e encaro um mundo real sem ar-condicionado, quente, úmido, claro. No calor do meio-dia o meu carro tá em chamas. Entro, abraço a temperatura, conecto meu celular no radio e procuro uma música bem animada no spotify. Dou partida, piso na embreagem, engato a primeira, abaixo os vidros e acelero. Não existe melhor prazer diário do que a estrada. Sinto o vento no rosto, danço e balanço, grito pra todo mundo ouvir e minha música ta sempre quase estourando as caixas de som. Não ligo. É o meu momento. Entro na onda e não paro de cantar, meu corpo sente o verão na pele e meu sangue pulsa alegria com o som. Fico uns 10 minutos em êxtase: o tempo exato que levo de casa ao trabalho, maravilhas do interior. Chego pro almoço renovado e mais vivo do que nunca.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

segura

Tenho a desprezível mania de escrever só quando tô triste, é raro quando paro pra digitar no live writer se a vida anda nos trilhos. Mas hoje tô em paz.
Desde que saturno deixou escorpião e entrou em sagitário as coisas mais gostosas têm acontecido comigo. De uma virada de ano cheia de festa com gente do bem, passando pelo meu aniversário celebrado com cachoeira, sol, piscina e muita cerveja, meu único sentimento é de alegria e gratidão pelas pessoas que preservo (mesmo à distância), os amigos espalhados por aí que eu tanto amo, pela vida de sorte que eu tenho.
Não me sinto assim faz muito tempo e a culpa não é só de festa. Parece que realmente cada coisa tem seu tempo e as notícias que eu tive nos últimos dias me deixaram aliviado e excitado pra caralho com a realização de umas coisas que eu sempre quis pra mim. Tirando a ansiedade que pulsa 24h em mim, é muito bom saber que pelo menos vou conseguir fazer isso. Desejo de adolescente que só tá sendo realizado no fim da adolescência contemporânea (os 24 são os novos 18), jeito massa de finalizar esse ciclo, tô contando os dias.
Aliás, pelo andar da carruagem, contar os dias vai novamente fazer parte da minha rotina. Mas a contagem vai ser com saudade, frio na barriga e vontade de beijinho carinhoso. Já escrevi que eu tô bem leve, né? Não me sinto assim há assim. É bem bom ficar feliz.
Se é a vida sorrindo pra mim ou se sou eu fazendo as escolhas certas nela, não sei não. Mas de uma coisa eu tô certo:

só pode ser sorte.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Comecei a escrever e apaguei umas 4 vezes. Acho que isso quer dizer que na verdade não tenho nada pra falar.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

News

I wanna move to your side of the bed.
You can caress my neck, i guess
But never touch my heart
Be the one you're suposed to be
Don't you dare to disappear
I can't control my own feelings for you babe.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

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O universo é loco pra caramba e parece que ele tá dando todas as dicas possíveis pra me alertar: assim como está, não dá.
Nessa nova fase que começa eu quero ser a pessoa que sempre quis ser.

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