Uma amiga disse pra mim na esse semana, conversando na praça no fim da tarde, que uma menina que estudou comigo, ao saber que eu e essa amiga estávamos nos tornando amigos memso, disse: "Ah, você e o Daniel estão muito amigos não é? Coitado, ele é todo carente."
Na hora eu achei bem desagradável saber disso. Primeiro porque eu e essa ex-colega de classe nunca tivémos intimidades, ela não saber 1% sobre mim. Segundo porque eu não concordava com ela.
No fim, concordo.
Eu sou uma pessoa carente em várioas aspectos, não só no amoroso. Acho que tenho uma pequena cisma em ser carente de atenção na família também.
Aline me deixou um depoimento ante-ontem: "Você é odiado pela cidade mas eu te amo".
Legal saber que sou querido. Sabe, às vezes eu queria tirar tudo isso que eu tenho na cabeça, voltar no tempo, em 2002 e fazer tudo diferente. Quem sabe hoje eu seria mais um maloqueirinho daqui, metido a playboy garanhão e sem nenhuma perspectiva. Pelo menos eu teria amigos, não passaria tardes e tardes em frente ao computador, ou atrás de uma câmera fotográfica ou com fones de ouvido, nos ouvidos. Quem sabe eu seria mais feliz do que sou hoje.
Gosto dos meus amigos de Mogi, gosto não, amo, mas ter ciência de que não tenho amigos aqui que não dê nem pra contar em uma mão, chega a ser triste. Pior ainda é saber que tem gente poraí com o tal sentimento de ódio já muito conhecido, por mim. Eu posso muito bem dizer "não ligo", mas é mentira, claro. Ninguém gosta de saber que têm gente que não gosta de você.
No dia-a-dia eu não ia pensar assim como eu to pensando hoje, na verdade amanhã todo esse sentimento estranho já passou e eu vou voltar a ser o que sempre fui. É que nesses dias de tédio nas férias eu acabo ficando sensivelmente emotivo e calculista. O tédio me força à isso.
Para combatê-lo estava pensando em rapar (dessa vez pra valer) a cabeça na segunda-feira, começar um projeto de 365 dias no flickr e vender meu som para pegar uma grana. Não sei.
É por isso que vejo que sou sim carente. São vinte para as quatro da tarde, hoje acordei às 13, e não estou fazendo absolutamente nada produtivo. Pessoas carentes são assim, não fazem nada, reclamam de tudo, sentem falta do que não têm mais e passam tardes assim, como eu, escrevendo em um blog da internet, onde qualquer pessoa pode parar e saber mais da sua vida, explícita, um livro aberto. É ou não é carência?

"Without love, life is like a beat that you can't follow".