domingo, 1 de abril de 2012

do errado

Chegando num ponto da vida em que é triste dizer mas eu não consigo mais acreditar que um dia eu possa ter o que já tive. Tenho conhecimento de que busco sentimento só nas pessoas erradas, mas elas me parecem tão certas que qualquer defeito é relevado, me cego e finjo que dessa vez vai tudo ir do jeito que eu quero.
Só que não, porque me engano.
Ando tratando as pessoas como se estivessem numa prateleira de supermercado. Olho, escolho, compro, uso. E não faço isso por falta de opções, é que minha pressa por companhia é maior do que meu empenho em conquistar alguém. O que acontece é que, na pressa, nunca escolho o sabão em pó que lave bem minhas roupas. Sempre ficam manchas. Daí me dizem “olha, mas aquele sabão é muito bom, eu já comprei” e mesmo querendo que ele seja eficiente, não é.
A que ponto cheguei de comparar pessoas a produtos de limpeza.. Por mais apegado que eu seja à marcas do dia-a-dia, quando se trata de gente eu me apego mil vezes mais. E é o que mais me atrapalha nesse assunto todo. Quanto mais quero, menos tenho, quanto menos tenho, mais sofro, quanto mais sofro, mais quero, porque quero pra parar com o sofrimento. Esse ciclo não é legal.
Chego a conclusão de que o errado sou eu. Deve ser muito difícil começar a sentir algo por mim, se apaixonar por mim, não tenho lá tantos bons atributos assim que chamem a atenção alheia. No fundo, mas no fundo mesmo, sei que sou bem vazio.
Me tornei alguém que jamais imaginei ser.

Um comentário:

Laura Jayme disse...

você pode ser qualquer coisa menos vazio.
palavra de quem já teve o "sabão em pó" Daniel Ribeiro - e por muito tempo. ;)

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