domingo, 25 de maio de 2014

fast deutsche Vergangenheit

Ontem à noite eu sabia que ia fazer alguma coisa mas mesmo assim fiquei deitadinho na cama remoeando lembranças e sendo nostálgico pra variar. Não sei até quando isso vai durar. Chega umas horas que eu fico pensando muito em Blumenau, mesmo tendo aceitado e abraçado toda a minha realidade hoje e inclusive consciente de que se voltei foi por culpa minha. Mas é esquisito esse sentimento recorrente, da falta que me faz, de saudades.
Parece patético mas o que eu mais gostava era da sensação de estar pertencendo ao lugar. No começo tudo era novidade, mas depois de um tempo era rotineiro ir no Angeloni comprar ervilha congelada, passar na conveniência e comprar um vinho Do Avô pra beber na calçada, querer morrer acordando cedo pra ir pra aula, atravessar a passarela estaiada na frente da FURB, ou passar a tarde no galpão da arquitetura fazendo trabalho. Chegou um ponto em que eu tava adaptado à realidade do lugar, eu até sabia andar de ônibus pra tudo quanto é canto, fazia baldiação nos terminais e eu passei a vida inteira pegando um ônibus só por aqui, ou andando de metrô, foi uma vitória entender essa rede e saber todos os horários haha. Quando eu ia pro Neumarkt almoçar eu sentava no mesmo lugar sempre, adorava os waffles do Café Glória e comia até explodir no café colonial do Giasse (e sempre dava 8 reais!!!). Por um breve período eu insisti em voltar a ser fitness e passei a correr no Ramiro, vendo a galera andar de skate e jogar basket. Gostava muito de caminhar pela cidade, adorava o trajeto da minha casa até o centro e adorava o trajeto mais longo da minha casa até a Furb, a Max Hering não é nem um pouco característica com alguns prédios cafonas mas não sei explicar, era minha rua favorita. Quando eu me sentia meio solitário sempre recorria a uma cuca com Laranjinha na Dona Hilda ou ao croissant da Benkendorf ou me permitia a caminhadinha até o McDonald’s na frente do Terminal da PROEB e passava um Big Tasty no crédito haha. Acabei me acostumando a ler tanto nome alemão e meio impronunciável nos nomes de ruas e no comércio.
Nunca tinha parado pra pensar nisso até esses dias, por esse ponto de vista. Antes quando me vinha Blumenau na cabeça eu pensava nas pessoas, nos amigos, nas tardes confortáveis com a Day, nas paqueras, nas festas, da oktoberfest, da sommerfest, do stammtisch universitário, de antes de sair o pessoal dizer “vamo daleee”, do sotaque lindo, na risada gostosa e contagiante do Gui, sempre surgiam as lembranças de dias específicos, mas hoje de um modo geral eu acho que sinto mais falta de me sentir parte do lugar, de conhecer tudo, saber aonde estão as coisas, os lugares, como chegar até lá, eu era catarinense e falava cantando sim, era ridículo, mas eu adorava ser eu, daniel, morador da rua camboriu, blumenau, santa catarina, estudante de arquitetura e posteriormente design pela furb, desempregado, perdido, mas amando muito estar aonde estava.

IMG00008
2012-04-12 16.09.572012-04-10 16.44.42
2012-05-09 09.26.532012-04-20 16.56.30
2012-06-19 13.11.332012-06-29 13.11.37

Nenhum comentário:

Share