Pra quem tava tentando ser mais frio e responsável, adulto e focado no futuro, eu ando é pra lá de romântico de uns diazinhos pra cá.
Fazem poucas horas que eu senti um apertinho e uma alegria repentina e simultânea, até vim escrever, mas é meio maluco como a solução pra alguma angústia surge repentinamente, seja uma faísca de pensamento ou alguma coisa que vi por aí. Tava lendo.
Percebi que vivo fantasiando situações e criando sentimentos que nada me fazem além de mal por puro e completo tédio. Me deixo entrar nesse estado por preguiça vazia e caio de cara no mais do mesmo, aquela coisinha que vem e vai mas que eu insisto em dizer que “é certo pra mim”. Non-sense after all.
Posso tentar culpar os outros pelas caídas no abismo do tédio amoroso também. A grande parte das pessoas que eu convivo ou namoram ou são extremamente jovens curtindo a vida cheia de hormônios que eu também costumava curtir. 90% dos amigos que se encaixam nesse segundo grupo só sabem falar de bucetas, da vadia que deu pra ele e deixou ele filmar, ou do cara que deu de quatro e gritou tão alto que o vizinho ouviu, das seis minas que ele pegou graças ao combo de 2 jack daniels + 8 red bulls na balada, também do menage bissexual (forte por sinal) de um conhecido que até então era hétero pra mim. Não que eu não me divirta conversando sobre esses causos, mas é que minha vida anda tão paradinha que não é a mesma coisa. E eu sei lá, sou bobão romântico no final do dia, que chora antes de dormir por uma ansiedade que eu não sei dizer da onde vem. Eu sou o mané que vai escolher namorar e ficar vendo porcaria no netflix agarradinho por dias do que uma orgia em ibiza open bar. Não sei dizer se isso é bom ou ruim.
É que já tem algum tempo que eu não conheço alguém que me deixa sem ar, meio aceleradão quando vejo a notificação do whatsapp. Sabe, faz tempo que eu queria ter um date de filme com alguma menina meiga e cheia de vida. Primeiro eu levaria ela pra jantar num lugar elegante com pratos franceses que eu nem saberia pronunciar, só pra tentar impressionar, no topo de um prédio bem alto, pode ser em são paulo (alguém conhece algum restaurante assim sem ser o Terraço Itália?). Depois a gente iria pra algum bar tomar uns drinks pra que ela tomasse uns drinks bichas e coloridos e eu arriscaria um dry martini porque sempre gostei. Em seguida levaria ela pra dançar, negaria todo o início da noite e ia querer ver nós dois bem alucinados dançando até o chão, visualizo bem batidinhas a la strokes ou frattellis (totalmente o oposto da onda hip hop desaparafusadora na pista que eu ando), e no meio do êxtase sob as luzes chamaria ela pra caminhar na rua de madrugada bem bêbado, a névoa do frio de outono seria agradável como um fade nível 12 do vsco cam e a gente não ia conseguir parar de falar até começar a se beijar e nisso já tá amanhecendo, cada um pega o seu táxi porque se a gente fosse pra cama a magia – pelo menos pra mim – iria desaparecer assim que eu acordasse querendo um banho.
Não sei se isso é meio surreal na minha idade porque eu não conheço muita gente que gostaria de ter um encontro desses. Todo mundo prefere virar umas doses de tequila e sair por aí fazendo merda sem se lembrar depois. Claro que não sou hipócrita – do rolê de sexta passada só me lembro justamente até o shot de tequila (depois de chorar na rua), mas meu desejo real naquela noite não era bem esse.
O pior é que todo mundo que eu enxergo uma possibilidade de chamar pra sair nesse contexto mora tão longe de mim, e vai ver justamente por isso meu coração se derrete todo com um post sobre o cotidiano de uma, a foto linda linda do instagram de outra, ou com o artigo inteligentíssimo compartilhado (quando você se sente ignorante no facebook é porque tudo vai de mal à pior), fico apegado a distâncias virtuais tão bestas que é bem normal me ver por aí dizendo que tô apaixonado por todo mundo.
Mas na verdade meu peito tá mais vazio que as garrafas de vodka do feriadão.
sexta-feira, 9 de maio de 2014
hard to hold, no one that I know
por Dan R. às 01:07
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