sábado, 15 de março de 2014

Natalia da rodô

Passadas algumas horas de muito trabalho (proj. nerd e uma criação de juizo repentina), lá estava eu fumando meu cigarrinho na rodoviária enquanto esperava meu ônibus. Obviamente, de chamariz que sou, um mendigo peculiar (cadeirante) me pediu um. Dei o meu. Sentei num banquinho e comecei a ler. 5 minutos depois essa menina linda me cutuca e diz "Ei, você sabe me dizer aonde eu compro cigarro aqui perto?". Olha, perto não era, então resolvi ser gentil e oferecer um pra ela. Aproveitei o sorrisão bonito que ela me deu como resposta e fui acompanhá-la. "Você salvou minha vida", ela começou. Disse que estava triste, não era dali e não sabia nem que horas ia embora. Quando perguntei o por que ela estava triste ela desconversou e só falou que era boazinha demais e precisava ser mais cuzona na vida. Concordei com ela e acrescentei que sofria do mesmo mal. Ficamos nessa tagarelando sobre ter caráter e se fuder, até que quando perguntei pra ela aonde ela morava ela disse que era de São José dos Campos e veio pra cá ver o namorado. "Bom, ex-namorado agora" aí eu entendi e resolvi não tocar mais no assunto. Depois de saber que eu fazia arquitetura por aqui mesmo ela começou a falar que morou em outra cidade pra fazer federal, deu tudo errado e voltou pra casa dos pais e aí a gente entrou numa conversa de como a gente precisa se formar logo e ser rico. E como as nossas escolhas às vezes só servem pra gente quebrar a cara e aprender com isso mesmo. Bonzinhos. Fiquei louco pra chamar ela pra tomar uma cerveja depois dela dizer que só o que ela queria era estar de carro e ir tomar umas na beira da praia (disse exatamente a mesma coisa ontem), mas não fiz isso. Acovardei depois de tanta intimidade repentina e meu ônibus chegou. Ela perguntou aonde ficava o shopping, nos apresentamos e nos despedimos com um abraço e ela disse de novo "você salvou minha vida hoje!", agradeceu e foi.
Isso é algo que nunca ocorreu e eu sempre tenho comigo essa esperancinha de conhecer gente legal em lugares comuns tipo a rodoviária ou um café. Mesmo sabendo que eu não vou voltar a vê-la, fiquei feliz em saber que tem gente legal por aí e você só precisa estar aberto , ser gentil, oferecer o cigarro salvador e conversar. É do lado de fora que as coisas acontecem.

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