segunda-feira, 12 de julho de 2010

Growing old is getting old


Que eu enxergo as coisas com outros olhos eu já sei. Que eu compreendo até fácil demais coisas que nem todo mundo compreende, eu já sei. Que eu entendo que nada é pra sempre eu já sei. Que eu sei que sou capaz de me adaptar com certa facilidade à mudanças, também já sei, mas caralho, mesmo sabendo de muita coisa, eu só quero saber de sombra e água fresca eterna, no maior estilo vagabundo mesmo.
Por que eu sou assim? haha.
Tenho plena noção de que tá todo mundo agilizando com a vida, correndo atrás, trabalhando, fazendo faculdade, ralando por um “futuro” melhor e que eu devo (ao menos devia) fazer o mesmo e ser como todo mundo, afinal, vivo em sociedade né. Juro que pensei que esse sentimento de querer crescer e tal iria aflorar em mim com naturalidade depois que eu fizesse 18 anos, mas até agora não aflorou quase nada e o pouco se deve a pura pressão psicológica dos meus pais.
Fui muito cabeçudo. A vida (ou sei lá, Deus, divindade superior, whatever) me deu várias dicas ao longo da minha infância pra eu não me tornar mais um no mundo e ter um futuro de destaque e sucesso. Por exemplo: quando criança eu era muito interessado em música, até parte do coral eu fui, hoje poderia muito bem ser famoso e rico com uma banda de rock. E também era muito ligado em esporte, dos sei lá, 3 aos 11 anos eu já fiz judô, vôlei, futebol, já joguei basquete e handball pelo time do colégio, natação, tchoukball (?) e tênis, mas foi só chegar na pré-adolescência que decidi dormir à tarde inteira. Já fui ultra nerd também daqueles que fazia xadrez depois da aula, hoje poderia muito bem ter conseguido uma bolsa em harvard, why not? Fiz aula de desenho por sei lá quantos meses, pintei trocentos quadrinhos quando criança, eu seria um puta artista plástico renomado hoje em dia meu! Teatro por algum tempo também, se tivesse levado à sério EU seria o fiuk das gatinhas em malhação.
Sabe é tudo culpa minha. Abandonei várias chances de ter uma vida excitante e diferente por meio da arte ou do esporte, fui muito cuzão.
Hoje curso o terceiro semestre de Arquitetura e Urbanismo numa faculdade local mediana, não tenho perspectiva de conseguir um estágio tão cedo porque parece que nenhum escritório local está precisando de estagiário, e o que me resta é, das duas uma: ou ficar dependendo dos meus pais o resto da vida ou tomar vergonha nessa minha cara e trabalhar com outra coisa.
Mas velho, hoje em dia, sinceramente, nem sei se arquitetura é o meu futuro! Vai se fuder por que eu sou tão indeciso assim? Nunca sei de nada, quero que decidam as coisas por mim e acabou, eu é que vou me adaptando. Conhecendo eu do jeito que me conheço (?), devia trabalhar com algo relacionado à arte, mesmo não entendendo muito bem dela. Abrir uma galeria, sei lá. Gosto de causar um certo impacto nas pessoas, tanto negativo quanto positivo, porque já passei um longo período invisível.

Tenho medo de crescer, a vida é muita boa do jeito que é, só que sem dinheiro pra mim haha. Não sei se é pedir muito, mas eu gosto tanto do tempo que eu tenho pra mim! Aprecio ficar rolando na grama com meus cães, pegar minha magrela e sair poraí pelas estradas de terra da cidade bonitinha que eu moro, ver o pôr-do-sol quantas vezes eu quiser no mês, ligar pra um amigo a qualquer hora e chamar pra tomar uma cerveja, ver estrelas em cima do capô do carro, dirigir sem rumo cantando BEM ALTO MESMO, conversar com a galera bem na hora da esteira, só pra deixar o pessoal da academia sem ar haha, ficar com os pés na água da piscina por horas pensando no passado, no que me dá saudade, até deixar meus dedos enrrugados..
Nunca fui um cara de querer coisas grandes, glamour, carros, dinheiro e poder. Gosto de coisa boa mas não necessito delas. Sou feliz tendo essa vidinha de passar o dia inteiro pensando alguma bobagem e à noite ir pra faculdade ou dormir ou cabular aula ou anotar tudo.
Não me leve à mal, mas a partir do momento que eu começar a trabalhar (olha que tá bem perto, sinto essa vibe chegando pelo ar, destino) vou virar um cara frustrado com a vida por não ter tempo nem pra ir pra academia ou pra passear com a Tila Tequila e a Nina Trouble (meus cães. excluí o Spock porque ele me odeia), daqueles que reza pra que chegue o final de semana pra ir pra balada beber e pegar todas, consquentemente pra esquecer que segunda eu vou trabalhar! Vou me tornar igualzinho ao meu pai, que toda semana joga na mega-sena com a esperança de um dia faturar milhões para justamente NÃO ter que trabalhar mais. Sabe velho, que porra injusta, todo mundo devia ter dinheiro depositado todo mês na sua conta só pra diversão e alegria. Afinal, viver não é isso? Diversão? Pra mim é, só quero saber dos momentos bons e felizes porque os tristes me cansam e só me fazem mal.
Pra quem teve coragem de ler até aqui, não me julga não, não pensa que eu sou mimado e só quero saber de viver às custas do meu pai porque não é verdade. Só tenho essa vontade de não crescer, de não ter que lidar com responsabilidade, pressão, impaciencia, frustração, rotina maçante diária, e por consequência, não lidar com dinheiro.
Tipo peter pan mesmo, fugir pra um mundo natural onde eu não fique velho e para sempre viver em harmonia com a natureza.


piedade 003


Desculpa pela brisa aí, eu tinha que falar, tinha que falar mesmo.
Vo lá encarar a realidade, beijão.

put out the fear of silence and put out the need of guidance”

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