quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Nosso carnaval chegou ao fim

Já era de se esperar, amor. Uma hora eu tinha que aceitar. Mesmo não comunicando a você minha decisão, o que quero dizer é que agora eu sinto que não existe mais nós dois.
Dentre todos os que já me apaixonei você foi o que mais me teve em suas mãos. Só que você segura muita coisa nelas, não consigo competir. Não há espaço pra mim em você.
Felizmente acordei.
Quanto mais eu me via insistindo nesse amor, mais me perdia de mim. E eu amo me amar.
Nunca duvidei do que você sentia. A diferença é que eu preciso de você por completo, você precisa de mim quando existe um espaço na agenda. É difícil competir com uma vida tão - duvidosamente - interessante quanto a tua. E olha que, meu bem, eu tentei.
Já me vi inúmeras vezes priorizando seus horários, seu tempo livre, batalhando uma brecha de atenção pra poder saciar minha saudade de te ver. Mudei minhas noites, minhas semanas, na minha rotina você tinha horário garantido.
Perdi a conta de quanto te ouvi. Quanto me interessei pelos seus devaneios de homem infantil, quantas histórias de viagens não me encantei, quanto te admirei, e quanto me decepcionei com cada lamentação e falta de segurança. Imagino que quando se tem acesso a tudo desde sempre, os problemas tomam outra proporção.. no seu caso, uma boa saculejada da vida iria te bastar.
Nessa montanha russa de admiração, ilusão e frustração, nunca me senti ouvido completamente. O interesse da sua parte me parecia sempre mera formalidade. O que guardo aqui dentro sempre foi muito raso pra despertar sua atenção, não sei. Foram diversas vezes que quis falar, mas na maioria não consegui te fazer ouvir. Ainda tenho dúvidas se esse é um caso de deficit de atenção ou mero egocentrismo, mas aposto na segunda opção.
Não foi fácil me ver ali, disponível, de coração e corpo aberto pra você e ver sua ocupação distante, seja com um livro, seja com um cigarro, seja com qualquer coisa menos eu. Nem depois de dias longe. Até a sua coluna foi capaz de me afastar de você, mesmo eu estando ali do seu lado, morrendo de saudades.
Felizmente acordei.
Foi muito bom te amar. Foi muito bom mesmo. A pessoa mais encantadora que já entrou na minha vida. Igualmente, a mais cheia de si. Felizmente, meu boyzão, meu amor acaba aqui.
Sempre do seu jeito eu fui me adaptando, até mesmo ao seu jeito de amar. Minha cabeça eu abri, meus valores questionei, me desconstruí porque quis, nunca me obriguei. Mas teve uma coisa que eu nunca me acostumei: a frieza, o blasé, a falta de tato e o egoísmo, isso sempre me feriu. É difícil de entender. Me via sempre disponível, querendo que você se jogasse na minha vida como eu sempre quis entrar na sua, mas ali, pelas bordas, você nunca quis pular como pulou da encosta pro mar no Havaí. Você já me teve nas mãos, amor, mas preferiu me colocar na gaveta, e sempre quando quis, foi lá e abriu.
Não culpo (literalmente todos) meus amigos por tentarem abrir meus olhos. Eles me conhecem muito bem pra saber que eventualmente eu iria entender o que estava acontecendo. Quando comentei sobre nossa situação, ouvi de quase todos "aleluia!!!". E meu pai sempre me disse: a gente consegue argumentar contra uma pessoa, contra duas, mas contra tres ou mais.. o errado é você. No meu caso, foi unânime, eu precisava acordar pra entender que essa relação já era quase unilateral, e eu não merecia o tratamento que recebia há algum tempo. Não eram crises, eram percepções de relacionamento diferentes, e só fui compreender totalmente agora.
Quanto a momentos de vida diferentes, no fundo existe uma razão. Há um abismo econômico entre nós que eu não vou conseguir escalar. Se na sua bolha é fácil encontrar alguém que consegue viajar por meses com você, acho que não há porque perder tempo mais. Meu coração dilacerou quando você me questionou em quanto tempo nós poderíamos fazer o mesmo. Não é justo com o meu tempo, não é justo com a sua realidade, e não teve amor suficiente pra lidar com essa - na minha cabeça, palpável - adaptação. É mais fácil me deixar aqui te esperando mesmo. E não foi a primeira vez, mas essa foi a última.
Vai ser mais difícil do que eu esperava porque me dei conta de que adorava ir te encontrar quando tudo conspirava a nosso favor. Nosso papo já fluiu, nossas risadas já foram deliciosas, nosso corpo já sentiu muito um ao outro, nossas noitadas já renderam, nossos filminhos, nosso video game, nosso sexo na sala, nosso café da manhã, nosso vinho, nossas poucas coisas só nossas que parando pra pensar, não foram muitas mesmo, mas foram nossas, consegues entendertes? E como eu quis que fossem mais.
Eu preciso voltar a me amar pra valer, porque me dedicar a nós me consumiu um bocado.
Quem sabe a gente seja muito amigo no futuro. Ser boy, hoje, não consigo mais.
Quero sempre o seu bem, e quero que você evolua cada dia mais, seja aonde for.
Um beijo no seu coração e se algum dia você chegar a ler isso, saiba que de verdade, eu te amei pra um caralho boyzão.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Hoje me dei conta de que passei o dia olhando para telas. Quando não estava fazendo minimamente o que deveria fazer no trabalho, dava scroll na vida pelo celular. Imerso em informação e na vida dos outros, quando é a minha que merece mais atenção agora.
Tô num processo de mudança. Sei que mereço algo melhor e vou buscar trabalho aonde for, e vou conseguir. Junho passou e com ele todo o aperto e amargor e tudo de ruim que senti nesse mês. Fazia tempo que não me jogava de cabeça na tristeza, mas cansei e já voltei pra superfície. Aceitei que não é pra mim, agora vou correr atrás do que é.
Achei que fosse desmoronar vivendo um pesadelo profissional, namoro em crise, minha mãe numa deprê também, conta bancária um lixo, aluguel nas alturas, não foi fácil pro meu coração aguentar. Aliás, despedaçado é o adjetivo correto pra ele nas últimas semanas. Não foi muito fácil ouvir o que eu ouvi do Bu, nem falar o que falei, mas como foi necessário. Depois da turbulência toda me dei conta de que, peraí, deixa eu pensar no que eu preciso e quero de alguém antes de me torturar. E foi aí que resolvi enxergar o que já sabia: meu namoro unilateral chegava ao fim. Namorados não mais, hoje somos boys. É complicado entender, pras poucas pessoas que falei sobre só recebi alertas de cuidado. É bem fácil achar o Bu escroto quando eu conto algumas coisas que ele já fez, mas ao mesmo tempo é muito fácil achar ele perfeito com o carinho todo que ele me dá quando estamos bem. E agora acho que estamos. Nesse gap de um mês fora eu quero reorganizar a casa e ter um detox do amor pra entender o que sinto, o que quero, mesmo sabendo que aqui dentro bate muito forte por ele. Nunca bateu tão forte por alguém, o desapego não vai ser tão fácil, então a gente vai se permitir. Quem sabe eu me machuque, ou machuque ele, mas ficar completamente longe um do outro vai ser impossível. É muito louco esse amor.
Falar de amor me lembra como sou movido por ele em tudo que faço, talvez por isso o sentimento de desespero nesse emprego novo. Desespero necessário, consigo enxergar completamente o papel dessa experiência na minha vida, já saquei, acho que aprendi, agora quero é vazar. Vou vazar.
Vou mudar, talvez ser morador dos jardins de novo com minhas meninas, pagar mais barato, voltar umas casinhas pra poder avançar outras lá na frente. Pensar no futuro nem sempre é o meu perfil, mas enxergo essa oportunidade bem assim. Porém só isso, não é fácil pro millennial se programar pro que vem por aí.
No terreiro que fui no final de semana o boiadeiro disse que pra tudo dar certo é preciso ter foco, mas será que estou usando as lentes adequadas? Nesse mês de julho espero limpar elas e entender pra onde vou e aonde quero ir na verdade, então bora lá, tem muita coisa pra fazer.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Já que o horóscopo sugeriu, e é junho, vamos nos reconectar

Se um dia me dissessem há meses atrás que eu teria tudo o que sempre sonhei, eu não acreditaria. Preenchi um bingo da vida adulta que muita gente nunca vai fazer nem a quina. O meu privilégio de hoje morar num apê maneiro com um roomie legal, trabalho de carteira assinada recém conquistado, um boyzão marashow que gosta de mim, conseguindo aos trancos e barrancos pagar minhas contas.. Não deveria reclamar, o inevitável mesmo é ser millennial.
Até que ser millennial não, na verdade o problema é ser mimado e sentimental. E nossa, têm horas que eu queria não sentir tanto.
Há poucos dias minha rotina mudou mais uma vez na cidade vida loka que é São Paulo. Agora acordo antes do sol raiar, nesse friozinho da disgrama, como e tomo banho rapidinho porque a labuta vai começar. Com todo mundo é assim, comigo não deveria ser diferente. Chego na firma, bato cartão, dou bom dia pra todos meus novos colegas, sento na frente da tela e espero os comandos do dia que começa no horário que eu chegava na academia até semana passada. Com todo mundo é assim, comigo não deveria ser diferente. Aprendo umas coisas mecânicas, finalmente consegui usar o sistema hoje. O sistema que trava trava trava mas todos usam. Os departamentos, a fábrica, as lojas, ninguém consegue se comunicar direito. Fico ansioso, nervoso, quero trabalhar e não sei como, esse sentimento é terrível porque amo trabalhar, mas compreendo que é só o começo. Com todo mundo é assim né? Comigo não deveria ser diferente. Ouço a galera entrosada já conversando, fofoca aqui, fofoca dali, rimos muito. Rimos também de nervoso, porque aparentemente todo mundo é muito estressado, atarefado, respirando e vivendo a empresa numa pressa pra fazer todas as coisas que ainda não sei. Enquanto isso tô lá na minha, tentando aprender, esperando alguém me ensinar mas fuçando tudo que está ao meu alcance na minha tela. Confesso que me peguei lendo o horóscopo hoje também, não sou de ferro. Tomei umas 5 xícaras de café pra me manter acordado, afinal dormi tarde e acordei cedo. Com todo mundo é assim né, comigo não deveria ser diferente.
O dia acaba e eu também, isso sem ter feito nenhuma hora extra ainda, o que é bastante comum e eu já notei que a galera realmente veste a camisa. Me pergunto se todos sentem prazer, ou se ganham muito mais que eu, mas é bastante impressionante a vivência. Nunca tive isso. Mesmo em experiências profissionais passadas, ótimas por sinal, sempre soube priorizar minha vida pessoal, senão a gente pira a cabeça. Já sei que jamais vou ser a pessoa que respira o trabalho, porque prefiro o ar mesmo. Mas, com todo mundo é assim né, comigo não deveria ser diferente.
O que mais me causa stress e me deprime por dentro é que ah, como eu queria, muito, muito mesmo estar feliz. Como eu queria estar agradecido, animado, empolgado, com fôlego pra vencer os desafios. Desafios que eu mesmo corri atrás para enfrentar, afinal, mudança não é show? Tô começando a achar que, pelo menos pra mim, nem tanto.
A gente sempre ouve dizer que se acostuma com tudo, e com coisa boa então, nossa! É incrível. Quanto mais eu me acomodo, menos cresço, só que é tão gostosa a zona de conforto, é tão confortável, e em alguns anos atrás eu amava ficar confortável, era meu goal na vida.
Meu boy me disse ontem: "crescer dói", e dói mesmo, been there algumas vezes. Mas é tão errado querer crescer sem sentir vontade de chorar o tempo todo? Melhor, é errado querer exercer alguma atividade profissional que realmente dê prazer? Ou, viver fazendo o que se gosta? Pra sempre?
Minha mãe vive dizendo "todo mundo passa por isso, com você não vai ser diferente". Ai de mim de querer ser diferente de todo mundo né, mas que azar o meu nascer na geração que não pensa no esforço do trabalho e recompensas do crescimento, e sim em aproveitar a jornada.
Tenho pensado com mais frequência do que o normal no meu pai. Me pego pensando nele em uns momentos que meu coração estava como nos últimos dias: aflito, apertado, vulnerável, e em como eu guardava esse sentimento ao máximo até explodir no choro e pedir colo. Foi meu pai que me apoiou nas inúmeras loucuras da juventude, nas aflições de mudar de vida, trancar faculdade, largar tudo e ir pro sul, conhecer namorada da internet, nos meus choros de menino mimado que insiste em não encarar a vida real porque não cansa de fantasiar a vida ideal. Ouvi da minha mãe que antes dele partir eu era o que ele mais se preocupava sem ele por aqui, deve ser por isso que ele aparece semanalmente nos meus sonhos, sempre presente, cuidando de longe. Fazia muito tempo que eu não chorava tanto e fazia muito tempo que eu não pedia pro meu pai cuidar de mim. Quase 30 anos na cara, querendo cuidado, chega a ser patético, mas nunca vou negar quem eu sou.
Com todo mundo é assim mas eu quero que seja diferente. Agorinha fazendo o jantar tive uma ideia e vou colocar em prática nos próximos capitulos desse episódio. Preciso antes de mais nada elaborar uma lista e tentar entender quem eu sou, o que eu gosto, o que eu sinto vontade de fazer, o que me dá prazer fazendo, pra focar em como fazer, correr atrás de como fazer, e não como antes na aspiração inocente de fazer um instagram na esperança das pessoas comprarem minha "arte", mas fazer de verdade, pra valer, porque muleque não sou mais. Muleque não sou mais, eu hein.
Apesar de querer muito me reencontrar com o muleque daqui, que escrevia sem parar, ouvia músicas em frances, tinha uma arrogância infantilóide de menino do interior que nunca se ajustou, mas que sonhava tanto, tanto tanto que quando se deu conta realizou tudo e agora não consegue aproveitar as conquistas, precisa de sonhos novos. Crescer não é tão legal quanto eu pensei que seria.
O retorno de Saturno que me perdoe, vou passar por essa etapa em que a gente é forçado a entrar nos eixos só pra pular pra próxima e ser feliz, não dou conta de entrar no ritmo, de usar sapato social, de comer chocolate no meio do expediente pra não pirar de stress, de sorrir pra todo mundo querendo chorar, de dormir pouco, não acordar com a luz do sol, eu me nego a ser a pessoa que corre no metrô, eu não quero nunca ser o paulistano que vive com pressa pra chegar a lugar nenhum, eu quero mais do que isso, eu quero trabalhar trabalhar trabalhar e me sentir bem, realizado, empolgado, feliz com o que eu quiser fazer, seja lá o que vá satisfazer meu coração. Eu quero ser completamente honesto comigo mesmo, só assim essa angústia vai embora, e, crescendo ou não, eu ainda vou encontrar a felicidade no caminho. Mal vejo a hora.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

os pingos nos 'is' entre nós dois, tomara que você nunca ache esse post

Vou tentar ser o mais letsgo e tirar tudo de dentro pra poder ler e processar melhor esse emaranhado esquisito de sentimento que tá fazendo meu coração palpitar.

Palpitações, aliás, é o que eu ainda sinto quase um ano depois toda vez que te encontro. Fico numa ansiedade que me perturba, que consome, porque inexplicavelmente eu sempre tô a fim de te ver e de estar com você. Quase sempre. Meu mundo virou do avesso desde aquela piscadinha no carnaval do ano passado, e, posso falar? tem sido uma delícia. É uma delícia me encantar por você. Admiro o coração bom por baixo dessa casca escorpiana. No fundo, tua armadura é pura proteção contra possíveis machucados, mas ah se você soubesse que eu tenho zero pretensão de te ferir.

As coisas começam a ficar nebulosas quando eu me pego pensando "vou chamar o boy pra fazer algo hoje/amanhã/no final de semana". Acabo esquecendo que talvez essa vontade pode ser unilateral, ou você já tem planos, ou você só não tá a fim. Sinceramente, é compreensível, mas não consigo não me magoar. Colocando isso pra fora parece soar meio obsessivo, mas é bem normal, é amor. É que eu não duvido que você goste de mim, daí acabo esperando que no seu tempo livre você queira me ver também. Eu já sei da sua agenda, você já sabe da minha, nós sabemos quando rola um match. Acabo esperando que nesse match a gente se encontre, mas nem sempre é assim, já era pra eu ter me acostumado.
Me magoa quando eu mando mensagem fofo dizendo que tô com saudades e quero te ver e recebo uma resposta meio monossilábica. Não custa nada responder "sdds tb" ou um emoji bonitinho. Não gosto de sentir que estou incomodando, não depois de quase um ano, essa insegurança devia ter ficado lá atrás.
No fundo no fundo acho que só preciso de um pouco mais de sensibilidade da sua parte. Não quero mensagem toda hora, ligação todo dia, declarações semanais. Quero que você me ouça enquanto eu falo, tenha interesse nos meus problemas assim como eu sou todo ouvidos aos teus, que muitas vezes são bobeiras de meninão mimado que me deixam puto, mas eu respiro, ouço, tento dar algum conselho, te abraço, cuido. A vida não tem sido muito fácil desde o dia que meu pai chorou numa maca de hospital e contou pra nós que tinha um tumor cerebral. E você tem sido o sopro de alegria que eu não sentia desde então.
É que eu já entendi que você é meio egocêntrico. Normalmente são os seus problemas, as suas questões, é sempre você. Mas não pode ser assim. Não sou só eu que preciso me adaptar, que preciso ceder, que preciso cuidar. Também quero ser ouvido, ser cuidado. Não quero ter que falar essas coisas a você porque acho que são pontos que não consigo exigir de ninguém, deve ser natural. Mas eu vou dar aquele toque de brother: não gostei disso nem daquilo no final de semana que passou. Quem sabe consigo engatar algumas pautas, mas numa boa, sem cobrança, eu detesto cobrança, precisa ser leve.
Se não for leve eu não quero mais não.

Tenho aprendido muito a como construir algo com alguém de um jeito maduro, sem todas as obrigações e coisas que dizem pra gente que têm que ser feitas, como é que se comporta quando namora. A gente têm sido letsgo desde o início e é show, mas não tem como eu não sentir uma leve vontade de ser um pouco mais careta. Te apresentar pra minha mãe, pra todos os meus amigos que vivem querendo te conhecer, fazer planos um pouquinho mais concretos, te envolver no meu eu de dentro, que talvez eu nem conheça direito ainda. É um desejo de me abrir 100%, não de fazer coisas pra que você goste de mim. Mas só se você quiser, será que você quer? Às vezes eu acho que sim, às vezes eu acho que não. Mais uma vez sou eu tentando me adaptar ao seu jeito de lua, eu entendo, mas não é tão fácil assim. Por que você não se adapta ao meu jeito bobo?

Não consegui colocar tudo que queria porque comecei a me sentir meio ridículo, mas é mais ou menos isso mesmo, eu me sinto meio ridículo gostando de você, só que pra tudo existe um limite: gosto mais de mim do que de você e isso nunca vai mudar. É ótimo saber do meu valor e quando você não souber mais dele.. tchau tchau. Não acho que chegaremos nesse estágio, pra falar a verdade acho que ainda tem muito eu e você pela frente viu, mas essa ansiedade toda e esses dramas que me consomem vão ter que acabar em breve, só preciso entender melhor como exteriorizar tudo isso pra você.

domingo, 21 de abril de 2019

coça coça

Os ups and downs das últimas semanas realmente esgotam meu emocional mas creio que seja melhor do que levar uma vida apática. Não que eu não esteja pensando em voltar pra terapia, mas acho que ter esse nível de emoção que beira a loucura até que não é tão arriscado.
Enquanto meu corpo inteiro coça por conta de algo na minha cama (há meses) que não sei o que é, meus olhos seguram as lágrimas que também não possuem aparente motivo pra cair. Living la vida com pouca grana em SP pode estar com os dias contados já que planejo minha mudança secreta pra um quarto de empregada a algumas quadras daqui. Essa decisão foi tomada há pouquíssimos dias e ainda tô tentando digerir ela não como um retrocesso, e sim como uma oportunidade de mais uma adaptação na cidade grande porém com 2 ótimos bônus: mais dinheiro no bolso e uma vida entre amigas. Minha casa hoje é muito show e faz sucesso entre a galera, mas, sendo realista, por mais barata que seja pros padrões São Paulo, não condiz com meu salário pequenino. E depois da minha tentativa frustrada de aumento, preciso tomar certas medidas pra não acabar em ruínas por aqui.
Sinto muito por ter que mudar mais uma vez, mas não é como se eu me sentisse plenamente em casa aonde estou, não consigo entender direito por quê, mas é como se eu fosse um visitante ou tivesse alugado pelo airbnb. Me identifico com tudo, mas nada é meu. E meu flatmate pode ser um gato, descoladão, gente boa masss.. não viramos amigos. É pura aparência, e isso me entristece um pouco.
No mais, essa ansiedade por sair e economizar uma grana tem me consumido nos últimos dias, mesmo tendo estado no meio do mato com o boy de sexta até hoje. Agora que voltei e passei algumas horas com o computador na barriga e coceira corporal, a vontade de chorar voltou e ao invés de ceder sem razão alguma resolvi escrever e ela passou. Deve ser o anseio pela mudança/economia logo, ou deve ser essa coceira que acaba com meu psicológico. Só sei que tenho que sair.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

03.04.2019

É sempre em meio a uma crise, um conflito, que me pego pensando no que escrever. Geralmente eu tô na rua, no ônibus, no metrô, na academia, segurando a dorzinha no peito mas pensando em exteriorizar. Nos últimos anos perdi esse hábito que já me fez tão bem, essa é mais uma tentativa de voltar à ativa.

A última passagem pelo quase-choro-no-dia-a-dia foi quando me dei conta de que em todas as áreas da minha vida existem falhas. No meu trabalho as coisas andam mornas, me questiono diariamente se o que eu faço faz algum sentido ainda, não me sinto desafiado ou aprendendo nada novo. Em contrapartida adoro meu chefe e adoro o studio. A grana anda me preocupando também, acho que entrei num vortex de gastos (pra variar) complicado, felizmente tenho minha mãe pra me socorrer, mas é um pesadelo comparar minha conta bancária com a fatura do cartão de crédito. Minha última apelação pra me controlar financeiramente é ir no mercado e comprar tudo do mais barato.
Essas questões de trabalho me fazem refletir todos os dias sobre quem eu quero ser no futuro. Porque agora, na teoria, com quase 30 anos, era pro futuro já estar sendo escrito ou acontecendo. Não sei ainda em que direção seguir profissionalmente, por incrível que pareça tô com saudades de estudar, só não sei o que ainda. É meio foda, achei que depois da faculdade o dia-a-dia se encarregaria de me encaminhar pro lado certo da parada, mas vivo nesse paralelo de me jogar em algo que acredito muito ou no que daria grana pra sobreviver em São Paulo.
Aliás, sobreviver em São Paulo tem sido ótimo, desafiador, denso, todos os dias ao acordar. É sensacional porque quando eu paro e penso eu tô levando a vida que meu eu de 15 anos sonhou um dia (chorei na praia semanas atrás percebendo isso). Formado, trabalhando, morando num apê massa, namorando, amigos, família, tudo jóia. Tirando o dinheiro, pra variar. Enfim, São Paulo tem sido okay comigo até. Tem momentos que só quero largar tudo e correr pra Guararema, o ar daqui é bem pesado, não consigo respirar, caminhar é fatalmente ser abordado por algum morador de rua em situação de vulnerabilidade que eu não posso ajudar, muito muito barulho, muita sujeira, muita energia que a gente pega no transporte público que não é nossa, mas dorme com a gente. É bem doido. Mas é bom, não sei explicar. Gosto da sensação de estar na maior cidade do país, tem sempre muita coisa acontecendo apesar de não aproveitar tudo. Esse é um sentimento recorrente, sinto que não aproveito tudo o que SP pode me oferecer, já que vivo na ponte-aérea Santa Cecília - Pinheiros, mas também essa falta de aproveitamento pela falta de grana do momento: parece que tudo o que eu quero fazer custa 150 reais.
Falho também quando penso em família, uma área que anda bem loka desde que meu pai faleceu. Me pego preocupado com a minha mãe e irmã todos os dias, faço o possível pra manter a calma e o impossível pra ajudá-las com o máximo de poder que possuo: a palavra. Converso, ouço, oriento, dou minha opinião, tento fazer de tudo pra resolver os problemas das duas, mas parece que nem sempre sou ouvido. Dou o meu melhor, mesmo que meu melhor não seja suficiente. Aprendi a me perdoar e não me culpar pelos problemas delas, já que tenho os meus, então por mais angústia que sinto a cada mensagem de desespero que recebo, me blindo pra não nos tornarmos 3 grandes perdidos numa família que ainda não acabou.
Ando falhando no campo amizades nos últimos tempos. Confesso que me traí. Sempre disse a todos que quem começa a namorar e esquece dos amigos é babacão e existem situações que me vejo fazendo exatamente isso. Juro que não é por mal. E juro que não é menos amor. Mas é engraçado me dar conta de que hábitos que faziam sentido pré-namoro hoje já não fazem mais. Não consigo ir nas mesmas festinhas que meus amigos, ficar muito tempo em certos assuntos na hora de conversar. Me dá um apertinho porque consigo ver alguns deles escapando pelas minhas mãos, entre meus dedos, e não me esforço muito para mantê-los por perto. O pior de tudo é que não há conflito. Obviamente aquela meia dúzia segue junto, zap zap todo dia, encontrinho semanal, mandar mensagem quando a saudade bate. Bem que meu pai já me falou: são poucos que são meus amigos de verdade, apesar de conhecer bastante gente.
Já no amor as coisas são menos complicadas. Tem quase um ano que estou completamente entregue e apaixonado pelo cara mais legal que já me apareceu. Frio na barriga toda vez antes de encontrá-lo, muita risada, jogação de carnaval, sexo mais do que incrível, amazing, e, apesar de estar ciente da sua personalidade de lua (que me causa muita, muita ansiedade), hoje finalmente acredito que estamos no mesmo patamar de sentimento e que ele me ama também. Com o tempo vamos ajustando expectativas e caminhando lado a lado, é muito bom ter o Bu perto de mim.

Sempre penso no passado pra poder entender como anda meu presente e pra onde quero ir no futuro. Parece que o eu do passado sabia muito bem o que queria e como fazer as coisas, apesar dos recursos limitados. É meio nebuloso hoje olhar pra trás, ando buscando bastante referência pra poder olhar pra frente. Fazer dos dramas de hoje menos importantes, relaxar, tô fazendo tudo certo e não preciso dessa pressa millennial bizarra comigo o tempo todo. A sensação de que o viver era mais simples antes é péssima, porque hoje ainda é simples, só falta acordar pra realidade e ser menos desesperado. No final das contas eu sei que tô no caminho certo, a taróloga já me disse, com o tempo tudo se resolve. Imagina quando o retorno de Saturno chegar?




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