segunda-feira, 25 de maio de 2015

Moletom

Já tinha observado através de telas o quão mal as pessoas se vestiam por essas bandas no norte e chegando aqui eu só confirmei isso. 80% da galera tá 100% nem aí e consegue ser mais cafona e desleixadx com o vestuário quanto sei lá sua tia solteirona que não sai de casa. Você percebe o quanto isso é real quando repara que em cada restaurante que você vai eles vendem camisetas. Porque as pessoas compram. E usam a camiseta do fucking restaurante, do fucking café, da padaria. Claro que nem todo lugar deve ser assim, nas cidades costeiras e grandes a coisa deve ser diferente, mas é bom lembrar que USA não é LA ou NY só.
Enfim, é muito normal andar na rua e ver todo mundo usando calça de moletom super larga (2 numeros acima no minimo = lei), camiseta de algum estabelecimento que não tem relação alguma com vestuário, uma sandalia, meia e um gorrinho. Mais comum impossivel. Agora que o verão tá chegando o pessoal até se aventura a trocar o moletom pela bermuda de academia, mas ainda não é um movimento total.
No começo do intercâmbio eu achava tudo isso muito esquisito e só reforcei minha teoria que a galera é relaxadona memo. Até que essa semana eu me olhei no espelho antes de sair e lá estava eu: calça de moletom xl, meia branca, tenis, camiseta escrito Minnesota e um gorro. Fui sugado pelo american vortex 0 fucks given e só fui, dar um rolezinho. E se você quer saber, me senti ótimo haha. É bom não ligar e estar nem aí. Sabe por que? Porque ninguém tá nem aí pra você. E isso acho que não se limita aqui não. É bom saber que ninguém tá nem aí, então não interessa se eu vou no mercado bem vestido ou de pijama. Posso estar exagerando e sendo dramático mas é assim que eu me senti quando pisei na rua usando essa peça maravilhosa que antes ficava restrita à minha casa, o moletom largo: me senti feliz, seguro de mim mesmo e transparente. Calça de moletom larga e velha, você é minha melhor amiga nesse lugar, tô bem mais de bem comigo mesmo, talvez compre alguma camiseta no café pop daqui.
Queria compartilhar também que não comprei uma, nem duas, e sim um box com SETE camisetas Hannes branca na target e paguei 14,90 dolares. Sensato e dono de mim mesmo.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

americano

Ok, depois de um começo meio fantasioso que depois se tornou um pouco tedioso & sombrio (pois emo), acho que agora, depois de um mês e alguns dias, tô mais acostumado com esse país chamado Minnesotta, já que aqui é bem diferente do resto do país.
As pessoas são legais, são ótimas, todo mundo é bem receptivo e eu já ouvi dizer que nem sempre é assim no resto dos EUA.
Tudo funciona e eu gosto muito disso. Eu adoro o 4G, eu acho o sistema de ensino foda pra caralho, a limpeza das cidades, sei lá, pequenas coisinhas que facilitam a vida no dia-a-dia, tipo o saco de lixo que vem com umas cordinhas, você só tira ele do lixo e amarra. Aliás, não existem lixeiros, o caminhão de lixo chega e tem uns braços que pegam seu lixo e colocam lá dentro. Claro que o lado motorizado dessa gente ainda me irrita muito, é irritante eles dirigirem pra todos os lugares e o transporte público ser um lixo. É muito engraçado porque aqui eles tem drive-thru pra absolutamente tudo, esses dias desacreditei no drive thru de caixa eletronico.
Chega a ser meio engraçado e contraditório todas as “tradições” que a galera tem. Minha irmã do meio tá se formando no colegial e decidiu não ir pra Prom (o que aliás, não é festa de formatura, como a gente sempre imaginou, é só uma festa importante do calendário escolar sem nenhum fundamento especifico) porque você gasta muita grana numa festa que nem beber ou dançar agarradinho você pode. Mas, a graduation party dela vai ser aqui em casa: por algumas horas ela vai receber várias pessoas por aqui que vem comer, parabenizá-la pela conquista e dar grana pra ela. Meus outros irmãos descolaram uns 2 mil doláres nessa.
Fico louco como a educação é valorizada aqui, e é como deve ser. Eles recebem honours por muita coisa, até se você faz trabalho voluntário você é parabenizado. Isso é muito maneiro.
Gosto de como eles incentivam o trabalho e a educação de um modo geral. Essa minha mesma irmã que tá se formando trabalha sei lá desde os 15 anos, e eu penso que nessa idade e até na idade dela eu jamais sequer pensei em arrumar algum trampo. A diferença é que aqui emprego é sério e você faz dinheiro realmente. Ela trampa numa loja de comida pra cachorro  alguns dias da semana só e assim, toda sexta ela recebe um paycheck de tipo 250, 300, 400 dólares. No meu último estágio eu ganhava 500 reais por mês, trabalhando todo dia. Uma amiga minha que faz faculdade aqui vai trabalhar no verão só alguns meses, um estágio pela faculdade e ela vai ganhar no total uns 15mil reais. Isso me chateia, é muito frustrante ver que em um lugar te valorizam e em outro não.
Poxa, no começo eu tava odiando isso aqui, queria voltar pra zueira, pra farofada do brasil, pra bagunça que eu amo amo amo. Só que quando eu passo a analizar a fundo as pequenas coisinhas.. Fico meio deprimido. Penso que em casa eu não consigo me sustentar sozinho, vou ganhar mal por um bom tempo até mesmo depois que me formar, vou trabalhar igual louco pra pagar contas que só vão crescer. E aqui, por mês, minha irmã colegial fatura uns 4 mil reais. Tudo bem que é errado eu converter a moeda, mas mesmo assim, viver no dólar te faz perceber em como as coisas aqui são baratas e como seu trabalho é bem recompensado. Me faz repensar muita coisa. Não sei se os EUA é o melhor lugar pra se viver, mas que você consegue fazer dinheiro aqui consegue. Sua vida é mais confortável, você tem um monte de opções em todos os lugares (o que chega a ser um exagero às vezes), as coisas são baratas e de novo, tudo funciona bem. Você tem muito menos dor de cabeça porque sabe exatamente pra onde o seu dinheiro tá indo.
Apesar de eu achar culturalmente um lugar muito rico mas meio raso ao mesmo tempo, tem vários aspectos daqui que eu prefiro ignorar. O consumismo é louco mas a galera da nossa geração tá mais consciente disso e quer mudar, a comida é péssima, alguns hábitos de comportamento não fazem sentido algum tipo bares fechando às 2 hahaha, só que as facilidades que você tem compensam a parte ruim. E a diferença no Brasil é que as pessoas, a zueira, a cultura e a bagunça “compensam” a falta de estrutura que a gente tem e a gente não faz muita coisa pra mudar isso..
Queria morar num lugar que eu tivesse o melhor dos dois mundos, mas tbh quero repensar muito minhas prioridades e correr atrás do que é melhor pra mim no futuro, não sei bem aonde. Aprendi com o perps o que é ser caça-cidadania, vai ver entro numa dessa também.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

tem horas que me bate uma coisa no peito e eu penso em ir contra o que já adimiti. queria saber como estão as coisas, mandar um e-mail, mas sei lá, não preciso e não faz sentido. é que nos dias como o de hoje sabia muito bem a quem recorrer e mas agora não posso. tem amizade que me faz falta, sei bem o por quê.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

queria ser que nem

Li esses dias em algum rede social um textinho dizendo algo do tipo “não tente ser que nem tal pessoa, tente ser você mesmo”, se eu não me engano foi a Jana Rosa que falou meio isso no twitter. Juro que fiquei com isso na cabeça no momento mas passou.
Tava agora no eterno scroll da vida no instagram e fuxicando uns perfis maneros fatalmente acabo pensando “queria ser que nem ele”. Surpreendentemente, não fisicamente. Na maior parte do meu dia-a-dia online o que eu mais faço é absorver conteúdo num ritmo frenético non-stop pra me manter sempre inspirado. Acho importante pra quem gosta de imagem ter referências, mas a minha maior luta é pra conseguir aplicar tudo o que eu sugo por aí?
Fico frustrado. Não sei como exteriorizar minhas ideias, travo, isso me deixa agoniado. Por isso me desespero tanto quando vejo em outras pessoas por aí o que eu gostaria de estar fazendo mas não estou. “Queria ser que nem” muita gente, mas não consigo, não vai, não sou. Tem horas que eu acho que só insisto em certas paradas mas que não levo jeito mesmo e uma hora eu vou ter que parar. Já em outros momentos eu sei mesmo é que a procrastinação que não me deixa evoluir, basta eu me desligar um pouco e colocar a mão na massa. Quando finalmente pego nos ingredientes, quem disse que a fada da criação me ajuda nessas receitas? Não ajuda, breco novamente. Isso é coisa de gente maluca ou só white boy problems mesmo? Num sei como continuar, quero gastar maior grana em câmeras, canetas, bloquinhos de desenho mil, livros, mas tô hesitante porque não sei se vale a pena. E se eu não for mesmo quem eu queria ser? Tempo e dinheiro jogado fora.

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