terça-feira, 21 de maio de 2013

A gente sai da Zona Norte mas

Apesar de ter nascido num hospital localizado na Av. Paulista, passei boa parte da minha infância achando que a cidade que eu morava se resumia ao meu bairro. Estudava em colégio do bairro, minha família toda morava no bairro, o parque era no bairro, o hospital, o mercado, tudo. Minhas referências pra tudo vinham ou da tv, ou dos amigos, ou do rádio. Pouca coisa antes de eu me mudar de cidade eu sabia pela internet. Consequentemente passei uns 10 anos ouvindo pagodinho, radio jovem pan, vendo filmes de sessão da tarde, desenhos da globo e etc. Pra mim o meu mundo era pequeno mas sempre fui muito curioso em saber o que tinha além dele.
Eu era o nerd da geografia. Tinha uns 3 atlas, sabia a capital de todos os países de cór e tudo relacionado ao longe me atraía. Mas era aquilo que eu tinha pra saber sobre fora: livros. Hoje o google tá aí.
Logo que me mudei pro interior passei por uma transforação fudida ao entrar na pré-adolescência. Passei a negar o lugar que vivia e um sentimento paulistano maluco tomou conta de mim. Tudo e todos ao meu redor eram caipiras. Como não sentia conexão com nada próximo mais e já com acesso a internet pra sempre, passei a caçar informação que me agradava e ninguém conhecia. Ouvia as bandas que nunca se ouviu falar, via aqueles filmes europeus que (eu achava que) só eu conhecia, tinha mais amigos que moravam longe do que perto. Virei o chato cultural que renegou completamente as origens e só se interessava pelo alternativo e "cult". Cult de cu é rola.
Não nego que passei por essa fase obscura da vida chamada adolescência em que um livro x era mais importante que tudo e aquela musica desconhecida era a minha trilha sonora. Mas ainda bem que a gente cresce.
Enquanto conheço um pessoal que insiste em odiar tudo que é popular, fico feliz em ter conhecido os dois lados da moeda. Quando falo que gosto de funk não é todo mundo que acredita. "Você não tem cara que ouve Naldo". Eu tenho Naldo até no pen drive do carro. Se eu digo que o Esquenta é um dos melhores programas da TV aberta primeiro ficam em choque que eu vejo tv aberta, depois sou crucificado. Esquenta é apenas a sintese na tv de toda a cultura popular brasileira atual e, querendo ou não, esse é o país que a gente nasceu e vive.
O pagode, o samba, a novela das 9, a favela, o churrasco na laje, a bagunça, a gritaria, a muvuca, tudo isso faz parte da gente. Quem nega o que é se torna tão ignorante por imitar só o que vem de fora que acaba se tornando alienado e chato.
Acho bacana gostar de outras culturas e querer saber sobre o que acontece lá fora. O curta-metragem ucraniano da vez pode ser bem interessante realmente mas não anula a produção nacional feita no morro carioca. Nesse mundo cada vez menor que a gente vive graças a internet dá pra conhecer muita coisa gringa legal mas não é pagando de cult que te torna melhor do que o outro. Essa hipsterização cultural que diz que tudo que é incomum é maneiro coloca em segundo plano o que realmente importa e é o que tá na boca do povão.
Antes de idolatrar o filme de baixo orçamento do sudoeste asiático, você viu o capítulo da novela de ontem?

domingo, 12 de maio de 2013

Now my life is on track. I am gonna make it and not let anything distract me. Even you, but this is something so hard to avoid.
I might be still confused by this breathtaking feeling that consumes me often, but I’m pretty sure its just boredom. Boredom of love.
You may know you can have me anytime you want in this life.
I will always surrender for you.
You may know you can snap your fingers and I’ll be there for you – even knowing that this day will never come.

                                                "Cause the sweetest kiss I ever got is the one I've never tasted"

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Capricórnio


Deitadinho olhando pro meu teto vejo a folha de canson A3 colada perto da lâmpada e escrita em guache preto “ACORDA” que escrevi há pouco tempo até, tipo um mês. É bem coisa da minha mãe isso, uma época ela veio com uma onda de que eu tinha que repetir uma frase todo dia e mentalizar o futuro que eu quero pra mim, o poder da mente etc, louca do misticismo e tal, mas é bem maluco da minha parte acreditar que cada vez que eu acordo e olho pra essa palavra ACORDA em cima de mim, tenho mais ânimo pra fazer as coisas?
Do tipo “Cara, acorda pra vida”. Acho que acordei. Já não era sem tempo e tá me fazendo bem pra caralho acordar.
Quando você para e começa a determinar prioridades as coisas fluem com mais facilidade. Decidi focar completamente na faculdade (mesmo odiando ela) e no trabalho. Ficar reclamando do que eu poderia estar fazendo não me move, não me tira do lugar, e se eu quero ir pra outro lugar preciso me movimentar pra que isso aconteça. E é legal me imaginar conquistando coisas. Vendo resultado de trabalho de horas e horas. Pode até não ser a coisa mais divertida do mundo mas é o que eu sei fazer agora ué, tô estudando arquitetura pra isso. E eu quero fazer cada vez mais, ser o doidão do escritório que vai acompanhar as obras, dar palpites nos projetos e quem sabe um dia mudar a visão quadrada do meu chefe, entrar de cabeça nessa. E a consequência do meu esforço vai finalmente ser recompensada e eu quero conquistar muita coisa por aí graças a ela.
Tô me sentindo meio ridículo escrevendo tudo isso mas, como acabei de falar pra um amigo meu, resolvi encarnar o capricorniano e fazer juz ao signo que tenho.
A melhor parte dessa nova good vibe é que me ocupando penso menos em bobagem. Penso menos em zuera, em casinhos, romance, consigo focar de verdade em mim e tá sendo baita bom não me incomodar e me distrair tanto com essas coisas. Deixa eu ajeitar minha vida primeiro pra depois procurar sarna pra me coçar.
Pra alguém que até decidiu parar de fumar e está conseguindo (algo inédito), nem ando me reconhecendo.

Sabes, eres lo que quiero

Prossiga dessa forma, siga me testando, me provocando.
Eu gosto. Minha cabeça vai à mil e ela frita demais. Por um lado parece ser tão claro e tão óbvio, por outro bem errado e arriscado. Continua. Eu não vou falar uma palavra mesmo. Não vou entrar nessa de trocar o certo pelo duvidoso e acabar que, por causa da dúvida, dê com a cara no chão. Se eu cair dessa não consigo levantar.
                                                                          todo lo que espero

quarta-feira, 1 de maio de 2013

De Los Remordimientos


Pra alguém que sempre se orgulhou em dizer que nunca teve qualquer tipo de arrependimento na vida, de uns meses pra cá devo ter mudado um bocado então.
Se isso é amadurecer eu não sei, reconhecer que me arrependo de algumas coisas feitas, ditas e não ditas me soa como crescimento. Afinal, baita teenager essa atitude “só me arrependo do que não faço” e ir vivendo sem medir consequências, né. Já deu.
Parei pra contar meus arrependimentos e ao ir contabilizando eles percebi que já tenho uma boa coleção. Fui lá no passado bem passadinho (novidade) pra fazer da minha listinha a mais completa possível. E aqui estão:

1. Infelizmente ter praticado bullying contra um menino na quarta série. Ele era meio troglodita e fedia. Eu e a minha gangue convencemos quase a sala toda a evitar ele e quando ele passava a gente fazia um sinal estranho. Parei com essa idiotice quando a coordenadora nos chamou e disse que ele se sentia mal em ser excluído por nós e estava indo numa psicóloga. Acho que foi a primeira vez na vida que eu me senti um babaca completo e chorei.
2. Nesse mesmo ano eu tinha uma namoradinha. Minha primeira paixão de verdade. Num aniversário de um amigo da minha sala que foi num parque de diversões a gente foi só nós dois pra roda-gigante e eu planejei na minha cabeça por semanas como ia ser beijar essa menina. Amoleci, titubeei, e só a mão dela eu apertei.
3. Quando nos mudamos pra Guararema passei 3 meses sem falar com o meu pai por causa disso. Hoje sou eternamente grato por ter saído de São Paulo.
4. Sofri um leve bullying logo que cheguei por aqui e devia ter sido homem o suficiente pra ter socado a cara de no mínimo uns 3 moleques.
5. Fui otário anos mais tarde por optar não me envolver com o pessoal da escola pública. Mimadinho e escroto.
6. Não ter levado a sério e não ter estudado com afinco no ensino médio.
7. Ter feito do cigarro um hábito.
8. Levado uma adolescência inteira de preguiça e com zero exercício físico salvo a sagrada punheta. Hoje convivo com essa frustração corporal, baixa estatura e tento correr atrás do tempo perdido.
9. Houve um momento na adolescência que, apesar de me julgar bem atípico da maioria, achava que todas as menininhas pagavam pau pra mim. Nessa egotrip errada deixei uma menina escapar por babaquice minha. Jamais traí, mas pensei. Não dei valor e esse é o primeiro dos meus principais arrependimentos.
10. Não trabalhei e nem passou pela minha cabeça trabalhar no colegial.
11. Aquele momento decisivo e triste que eu escrevi na opção de curso pro vestibular: “Arquitetura e Urbanismo – Noturno”
12. Larguei meu primeiro emprego muito cedo. Não me empenhei o suficiente e se tivesse feito isso teria aproveitado muito mais uma grana que me fez falta.
13. Na primeira Oktoberfest que eu fui fiz uma coisa que mudou completamente a minha vida, dividiu ela em duas. Não me arrependo do que fiz, mas sim do que veio depois. Foi ali que eu passei a não conseguir controlar sentimentos mais e só comecei a me fuder. Segundo grande arrependimento dessa lista.
14. Seguindo os passos do colegial, meu histórico escolar da faculdade oscilou logo nos primeiros semestres com notas entre 6, 7 raros 8, 9 e 10. E eu ainda penso em conseguir uma bolsa pra cursar um semestre fora do país.
15. Não soube (às vezes ainda não sei) lidar quando meu carinho de amizade se tornou amor e cada detalhe passou a me confundir e eu passei a enxergar coisa aonde não tinha, sofrer por bobagem, me tornei ansioso demais e maluco. O foda é que isso vai e vem. Esse é um meio arrependimento. Poderia ter cortado pela raiz, mas estaria jogando fora uma das relações que me fazem mais bem. Mais uma vez falhei em controlar sentimento.
16. Fui pra Blumenau com o objetivo de vida de me livrar de tudo o que me fazia mal e me entediava por aqui, depender cada vez menos dos meus pais, criar juízo e responsabilidade, ser adulto, trabalhar pra me sustentar e crescer. Na realidade passei uns meses curtindo uma vida universitária longe de casa, gastando muito dinheiro dos meus pais, acumulando decepções amorosas porém tendo muita experiência de vida. Terceiro grande arrependimento: não ter feito dar certo todo esse plano de recomeço de vida em SC.
17. Ouvi e acatei a decisão do meu pai de voltar pra casa depois de um certo tempo sem emprego. Maior burrada ter ouvido ele e não ter insistido mais.
18. Ter demorado 6 semestres pra criar coragem e desistir de arquitetura.
19. Não ter estudado um mês que fosse direitinho pro ENEM do ano passado. Se eu tivesse perdido um mês que fosse, hoje eu estaria em Curitiba facilmente. Só errei bobagens na prova e minha nota foi bem boa pra quem estudou 2 dias antes do exame só.
20. Ter decidido terminar arquitetura.

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                                                 filled with love, sorrow and regrets

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