quinta-feira, 30 de outubro de 2014

30-10

No estado de breve embriaguez que me encontrei no fim da tarde, a lágrima que eu relutei em libertar enfim escorreu. Tentei não pensar o dia inteiro, me neguei a nutrir essa ideia fantasiosa mas o livro que eu tô lendo – claro – fala sobre amor. Inevitável a dor.
Apesar dos pesares, da falsa distância, da minha imaginação e lembrança terna de algo que mal vivenciei, cabe a mim só desejar o melhor, sempre, tudo o que não tenho condições de oferecer. Talvez nunca tive.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

29-10

“Eu quero ser paga para ser bon-vivant” meu tipo ideal de amigo.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

28-10

A melhor coisa dos meus dias foi ter voltado a assistir desenho animado japonês. Eu poderia fazer uma lista enorme das coisas boas que eu vejo em Sakura Card Captor mas prefiro deixar quieto.
Não é tão novo assim pra mim essa coisa de retomar hábitos do passado. Ultimamente isso tá cada vez mais presente porque é muito louco. Resgata inúmeras sensações que eu já tinha me esquecido. Como grande emotivo que sou, não fiquei espantado quando ouvi uma música do The Libertines hoje e quase comecei a chorar. Fiquei arrepiadão, muito besta, mas essa nostalgia me causa umas estranhezas boas.
É que nem desenhar, me remete a um passado tão tranquilo e sem problema algum, fico viajando sozinho, por mais bobeirinha que eu esteja desenhando. Ver desenho me deixa tão concentrado naquilo que eu esqueço de qualquer preocupação que eu tenha na cabeça.
São coisinhas que eu pretendo retomar porque me faziam um bem gratuito e eu nem imaginava. Por exemplo, quando eu tinha 10 anos eu era bem nerd e comecei a estudar sozinho japonês. Tinha um caderno, estudava com livros num tempo em que não existiam video-aulas no youtube, e pelo que eu lembro até arriscava a falar alguma coisa. Daí veio a adolescência e né, pegou tudo isso e jogou fora. Música era outra coisa que eu mandava bem e perdi, mas isso acho melhor continuar sendo o ouvinte, perdi a coordenação que eu tinha antes. Sei lá, quero pensar nessas coisinhas bobas que me faziam bem quando mais novinho e trazer pra hoje, não tem porque não cultivar isso.
No meu passado nerd eu podia ficar horas e horas com um Atlas aberto, pirava em matemática (hoje não sei explicar o que é baskhara), citologia, em línguas, em ler. A testosterona adolescente me deixou burro ou foram as escolhas erradas da vida que me afastaram do que era certo pra mim?

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

27-10

Me sinto exausto e surpreso, sem dizer espantado e enojado com tanta coisa podre que eu li de um dia pro outro. Nunca imaginei conviver com tanta gente baixa, pseudo-intelectual “politizada”, arrogante e hipócrita. Já me cansei de eleições, não tô de lado nenhum, acredito no que eu acho ser coerente e não sou o mais entendido sobre o assunto, jamais. Só que uma coisa é ter opinião, outra é ferir direitos e atingir de maneira inescrupulosa e preconceituosa outras pessoas.
Ai, sabe, acordei. Pode parecer exagero mas essa palhaçada política me fez enxergar o tipo de gente que eu convivo e chamo de amiga por aí. Tantas pessoas que eu costumava amar falando barbaridades ofensivas e racistas pela internet como se não atingissem ninguém. Eu me senti atacado e ferido inúmeras vezes. E tem coisas que não vou conseguir relevar daqui pra frente.
Meu pai sempre me disse que com o passar dos anos a gente vai restringindo cada vez mais nosso círculo de amizades e que isso é normal, a gente amadurece e acaba se desprendendo de algumas convicções antigas e passa a ter opinião própria. Nem sempre ela vai de encontro com o que o seu amigo acredita. As últimas 24h deixaram isso bem claro pra mim.
E vai muito além de posicionamento político. Não consigo ser conivente com gente que afirma que prefere intervenção militar, morte, morte a nordestinos, deseja desgraça pra todo mundo daqui pra frente. Falar por aí que espera que todo mundo se foda.
Eu não quero que ninguém se foda. Ninguém de São Paulo, ninguém do sul, ninguém do nordeste, ninguém na China, ninguém em Israel, eu não quero que ninguém morra, ninguém se foda, não desejo coisa ruim pra ninguém, não importa a cor, orientação sexual, lugar aonde vive, não importa militância política, classe social, não sou alguém que deseja o mal. Logo, não quero por perto pessoas que pensam assim.
Petralha, coxinha, de esquerda, direita, viado, bicha, preto, branco, amarelo, pernambucano, paulista, catarinense, americano, canadense, rico, pobre, empresário, empregada doméstica, porra, não me interessa. Têm que ter amor no coração. E realmente me decepcionei em ver quantos amigos perderam isso ou se deixaram levar.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

24-10

Sinceramente não consigo entender porque me importo, porque sinto uma pontinha de tristeza só de olhar o celular e saber que você tá perto, ali, rapidinho, menos de uma hora, coisa que nem em sonho eu cheguei a cogitar. Isso não faz o menor sentido.
Não hoje – nesse contexto – não com o eu de agora. Tão mudado. Por isso que não consigo entender.
Que parte do passado é tão apegada ainda que me faz sentir ciúmes? Chega a ser ridículo porque eu sem querer ainda penso “era pra ser eu ali com você e não ele”.
A verdade é que na minha cabeça o que eu ainda esperava era que fosse eu que ajudaria com tudo, eu que fosse o socorro, a distração, o café do final de semana, o cinema, o passeio no parque, o guia turístico, eu que te levaria pra beber, te deixaria em casa, esperaria um convite “não quer subir?” mesmo sabendo que isso não teria muito nexo (quem sabe).
Talvez seja porque você ainda é uma parte de mim que eu guardo com carinho e não consigo desapegar. Por mais patético que isso possa soar, ao longo dos dias eu me pergunto como você tá, me preocupo, quero cuidar, mesmo sabendo de longe que tá tudo bem, que você não precisa de mim, que a gente é tão diferente que não adiantar nem tentar.
Fico nervoso toda vez que estou por perto e vejo no swarm que você tá também. Vai ver um dia a gente se esbarra por aí, só não se assusta comigo não, não saberia reagir ao te ver com outro, não conseguiria disfarçar. Mas não evitaria te abraçar.
Me pergunto todo dia se existe alguma explicação pra o que eu sinto, como eu traduzo esse sentimento. Se é nostalgia, se é um rastro do passado que eu carrego, se é só maluquice minha por nutrir algo tão irreal hoje em dia.
E mesmo assim, por mais que eu saiba a resposta, me pergunto sempre: “Por que ele e não eu?”

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

23-10

Nas férias de julho eu tava com o meu melhor amigo no Rio e na nossa última noite de depravação nós fomos pra uma balada meio de boy. Já quase no final da noite eu tava trebado bem retardado quando começou a tocar Walk of Life (?) do Dire Straits e eu não tava acreditando. Não tava acreditando que ali, longe de casa, com tanta gente diferente, naquela pista fechada com umas luzes ruins até e todo mundo já meio disperso, eu começava a ouvir a primeira música que eu tenho lembrança na vida e que é tão significativa pra mim, que me toca no coração e eu fico todo besta. Falei isso pro Alex e pedi pra ele dançar comigo e claro, dancei igual um maluco, cantando, todo mundo provavelmente olhando e dando risada, passando vergonha mesmo porque o ambiente já tava meio vazio mas eu não tava nem aí – provavelmente porque tava muito bêbado. Fiquei extasiado com aquilo e pra mim tudo se resumia aquele momento. Eu, meu irmãozão e essa música maravilhosa.

Hoje saindo do trabalho eu fui caminhando pela estrada até o ponto de ônibus porque tô sem carro e o pneu da minha bicicleta tá murcho. O sol maravilhoso que parece que se intensifica nesse horário de verão tava batendo na minha cara, meus óculos da Nigéria bem falsificado estavam mais embaçando do que protegendo meus olhos e enquanto eu caminhava o vento batia no mato, nas árvores, e todo essa balanço mais o céu azul lindo parecia que traduziam a voz triste e melancólica da Françoise Hardy que quase sussurrava no meu ouvido pelos fones. Antes mesmo de eu esboçar um sorriso só por me dar conta dessa cena que eu vivia, um senhor bem velhinho que pedalava pelo acostamento cruzou comigo, abaixou a cabeça acenando e disse “tarde”. Respondi “tarde”. Sorri pra mim mesmo e continuei andando.

Gosto quando a vida me entrega essas coisas pequenas e que normalmente não dou a menor importância mas que do nada eu enxergo uma beleza tão simples que eu poderia viver disso. Coisinhas bobas, música, cenário comum, alô de um estranho, bobeirinhas. Meu peito aquece até quando não tem sol e – momentaneamente – sinto que estou aonde devia estar, nem que seja por questão de minutos, segundos.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

22-10

Vazio vazio vazio sem nada a oferecer Sentindo muito e fazendo pouco Ficando pra trás sem me mecher ali deitadinho chorandinho olhandinho pro teto igual besta pra quê? Parece que não vai crescer Tapa na cara que merece já até chegou a receber (sem saber) e a dor física que não sentiu doeu na alma mas não adianta nunca
Imóvel e imaturo Já já caduca e a vida passou
além de não fazer nada o unico calor que abraçou foi o da tela no colo com o brilho no rosto

terça-feira, 21 de outubro de 2014

21-10

Tive um dia comum. Trabalhei, fui na academia, tomei banho, comi. Vi desenho também, acabei de ver um filme bom. E não sei, tive a ideia de tentar escrever por um mês todos os dias, mesmo que seja babaquice. Hoje é dia 21 de outubro. Espero conseguir manter essa promessa até 21 de novembro.
Como vou me permitir não pensar muito pra escrever, só vou deixar meus dedos falarem por mim e não dar muita importância pro contexto.
Esse filme que comentei me deu um apertinho mas uma ponta de esperança na vida. Basicamente a mensagem que passou foi de que nos 20 tudo muda e nem sempre pra melhor, chega uma hora que tá tudo uma merda (apesar da protagonista não deixar transparecer, jamais – oposto de mim) só que passa. Você dá conta, faz o que tem que ser feito, as pessoas mudam e você também. E isso é uma coisa que me dá medo apesar de gostar muito. De mudanças. Eu tenho pra mim que tô bem prestes a mudar em muitos aspectos que só dependem do eu levantar a bunda da cama e fazer, porque vai dar certo e vai ser bom. Só que é o medinho e a insegurança que me impedem – provisoriamente. Essa hora vai chegar. O comodismo da rotina que eu tanto odeio parece uma âncora que me puxa pra baixo e me impede de virar gente grande e correr atrás das coisas de adulto que a vida esfrega na minha cara todos os dias. Mas isso vai passar. É que esse momento de transição é foda. Pessoas mudando, eu mudando, amigos mudando, não tô preparado.
Também estou/sou muito indeciso quanto a tudo. E muito influenciável. É bem raro uma época que eu esteja fazendo coisas por mim e isso saiu 100% da minha cabeça. Tanto é que eu nunca sei o que eu quero, o que eu gosto, minhas ambições. Porque em tudo sempre tem um pedaço de alguém, uma influência de alguma coisa, um resto. E só eu sei o quanto isso me tortura. O não me conhecer. Junta essa característica com o comodismo da rotina mais um pouquinho de maluquices psicológicas e o resultado sou euzinho.
Quem sabe voltar a escrever pra valer não é um bom jeito de desatar esse nó, né?

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

20-10


Não aguento mais política. Não aguento mais Dilma x Aécio, não aguento mais ouvir falar de feminismo, homofobia, maioridade penal, crise da água em são paulo, não aguento mais racismo, não quero saber de mais nada disso. Chega. Também não aguento mais ver coisas sobre as Kardashians no meu feed? Aliás, não aguento mais feeds. E porque mostra tanta coisa sobre as kardashians e política no meu facebook? Será que isso diz muita coisa? Eu hein.
De verdade, tô achando tudo tão maluco ultimamente que sei lá, eu quero correr daqui e ir pra lua. Não dá, é muita coisa errada, muita informação bombardeando minha cabeça a todo momento, parece que ela vai explodir.
Esses dias conversando com a Isa na praça cheguei a conclusão que hoje eu me importo com n questões que há uns 2, 3 anos pra mim eu não queria nem saber. E ainda disse que tá certo, tenho que me preocupar mesmo. Retiro o que eu disse. Resolvam tudo ou se matem, mas antes disso me deixa um bilhetinho pra que eu possa ir pra uma caverninha.
Ai sabe, de saco cheio. Não posso peidar em paz mais que já me é atribuido 1 milhão de estereótipos. Quero desapegar de umas cri-crizisses da vida e flutuar que nem uma pena.
+ de 1 mês tentando escrever e é isso, não falo mais nada com nada.

Share