domingo, 24 de abril de 2016

Haja coração

Tem momentos na minha vida que tudo parece tão acelerado que não consigo parar e respirar, processar como as coisas estão rolando, digerir tudo pra depois vomitar conclusões. Os últimos meses têm sido de muito aprendizado em diversos aspectos, vou tentar ser sucinto com o meu eu do futuro pra que ele não se esqueça dessa época quando voltar aqui pra ler um pouco.
Meu coração está sendo testado em cada pedacinho. É muita adrenalina e emoção pra eu lidar e eu tô tentando administrar tudo isso de um jeito adulto porque eu quero ser adulto daqui pra frente.
No começo do ano me dei conta de que se algo não dá certo com alguém não é culpa minha. É culpa do universo, e tá tudo bem. Cheguei a essa conclusão porque acho que tô crescendo e entendendo que cada decepção amorosa não é o fim do mundo, é só a vida mesmo e que ninguém é obrigado a se apaixonar por mim do jeito que eu me apaixono pelas pessoas. Cada um tem uma frequência e não sou obrigado (e ninguém é obrigado) a seguir a do outro. Se não quer vir na minha, paciência. Ando também num intensivo hardcore de auto-conhecimento e aceitação, aceitei que sou sim um cara legal e gente boa e repito frases pra mim mesmo quando algo vai mal do tipo "quem perde é ele, não você, você é jóia" e etc. Minha auto-estima anda nas alturas.
Fui testado também com a maior prova de que o amor existe que alguém pode ter um dia. Descobrimos que meu pai tem câncer renal e teve metástase cerebral. Nunca me senti tão frágil repentinamente. A dor da quase perda é algo muito surreal, principalmente porque ninguém se prepara pra ela. Me surpreendi que não fui egoísta em me desesperar na frente de todos, chorei muito, muito mesmo, mas recluso. Uma força sem explicação brotou do nada e eu só agi com responsabilidade e fiz o que tinha que ser feito. Passamos por diversos momentos terríveis no primeiro hospital que a gente procurou ajuda, senti o risco de morte do meu pai ali num ambiente totalmente negligente, foi difícil. Superamos essa barra e meu pai está em tratamento, feliz, de bem com a vida, mais esperançoso do que nunca e mais tranquilo. Foi um chacoalhão que ele recebeu pra desacelerar, mais um aprendizado inesperado. Estamos mais unidos do que nunca.
Outra lição que a vida adulta está me dando é sair com várias pessoas ao mesmo tempo. Tô aprendendo isso ainda, confesso que as vezes me sinto biscate, mas essa coisa de levar pequenos relacionamentos paralelos anda me desafiando bastante. Sabe quando você vê em filme uma cena que o cara diz ou a menina diz "mas eu não sabia que a gente era exclusivo agora" quando o outro descobre que o peguete estava saindo com mais pessoas? Não acho que eu vou chegar nesse ponto, até por que as relações são tão voláteis em São Paulo que já já fico sem ninguém, Mas é engraçado notar meu controle pra pelo menos tentar não me apaixonar. Eu sempre me jogo, mas como me jogar com mais de um ao mesmo tempo? Isso não dá. Também não acho que seja um game do amor que eu esteja escolhendo com quem ficar. Só tô levando tudo com calma, vendo no que dá, conhecendo gente, até baixei o Tinder de novo.
Não é surpresa que eu me apaixono rápido e claro que isso aconteceu, mas já dei logo um jeitinho de me controlar. Fico animado com palavras mas infelizmente são só palavras. Tô mais observador e reparando nas ações, em gestos, pego uma mentira aqui e ali, não sou mais ingênuo. Parece que eu tô me preparando pra algo maior, não consigo explicar direito. Não é um slow-down na loucura, é só uma abordagem diferente agora. Consigo ser mais honesto comigo e sei muito bem o que eu quero, e quero acima de tudo tranquilidade, não sofrimento. Nossa, tô soando maduro? Eu tô crescendo mesmo!
Claro que nem tudo são flores porque o dia-a-dia não é nenhum bouquet de rosas. Ainda colhendo os frutos dessa crise (porém milagrosamente sem deixar de ir pra balada.. milagre do dinheiro?), desempregado, meio perdidão profissionalmente, daquele jeitinho, mas até agradeço o destino por me deixar sem trabalhar nesse tempinho de doença do meu pai. Não sei como conseguiria lidar com tudo trabalhando, não ia ter jeito não. Agora que tudo tá mais calmo posso voltar a maratona de enviar CVs. Ah, na faculdade tudo certo também, agora sou meio nerd e só penso no diploma. Vamo que vamo.
Eu espero sinceramente que os próximos meses sejam de marés mais calmas pro meu coraçãozinho que se divide em mil pedaçõs pra poder processar cada tapa da vida. Mas é aquele negócio, pelo menos eu estou sentindo. Nunca vou deixar de sentir.

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