quinta-feira, 16 de abril de 2015

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Vou tentar vomitar um pouquinho tudo que tá na minha cabeça mesmo.
Uma semana longe de casa, uma semana morando longe de novo, uma semana de (quase) novidades. Engraçado que até agora eu não tive nenhum momento de muita surpresa como eu imaginaria ter. Nada me surpreendeu muito. Mas acho que isso se deve ao fato que a gente acaba sabendo de tanta coisa daqui a todo momento e pela vida inteira que quando você finalmente desse do avião depois de horas de dor na coluna não arregala os olhos e abre a boca de emoção. Pessoas são pessoas, e a gente realmente mora no mesmo lugar. Mais ou menos né.
As coisas na terra do tio sam funcionam. Muito mesmo, tudo funciona, talvez essa seja a coisa que tenha me chamado um pouco de atenção. Caí uma vez na maldição do turista deslumbrado assim que entrei na target e não vi o fim dela. Para a sorte dos amigos, não tirei foto no mercado, tenho o mínimo de bom-senso, mas é muito legal e até meio assustador ver como eles tem coisa pra tudo e como tudo é baratinho. O que me desagrada é que a maiorida dos alimentos, pelo menos na minha familia, é tudo congelado, isso não é muito legal. Aliás alimentação por aqui não tem sido uma maravilha porque a comida é bem industrializada e até meu organismo tá sentindo isso. Sem falar no refrigerante. Pretendo começar a fazer minhas comidinhas asap, pelo menos minha host mom compra arroz.
Agora, o que mais me agrada e me incomoda ao mesmo tempo é a cidade – no geral. É muito gostoso poder fazer tudo rapidinho e de bike, levar 10 min pra tudo, ter verde em todo lugar. O problema é que tudo é tão bonito, tão planejadinho, tão bem pensando que.. irrita. Chega a ser entediante. Não sei se é meu lado arquiteto e urbanista que talvez eu venha a ser gritando mas o fato de tudo ser tão bonito e bem planejado me incomoda porque não tem aquela bagunça que eu tô acostumado. E isso é meio incoerente porque eu sempre imaginei que uma cidade bem pensada seria ideal e em como ideal devia ser morar num lugar que tudo flui. Não é muito não. Definitivamente odeio o subúrbio, as casas são lindas mas todas iguais, ruas curvílíneas, sem saída, confusas e que só fazem sentido pra quem usa carro, ai, não sei explicar, será que essa experiência vai me fazer dar valor ao caos urbano e deixar meu lado pro-natureza um pouco de lado por uns tempos? Quem sabe. Eu posso muito bem estar exagerando também né. Não é péssimo, é bem legal, é bonito e agradável aos olhos, esse modelo não é muito funcional porque tudo é meio afastado e você precisa de carro mas posso imaginar meu pai querendo comprar uma casa dessas e ser feliz pra sempre com o seu pedaço de terra afastado do centro. Olha eu maluco do urbanismo.
No mais as pessoas têm sido muito muito agradáveis comigo e eu não esperava ser tão bem-recebido assim não. Até que eu ouvi falar de um tal de Minnesota Nice, que é meio que a fama que a galera daqui tem de ser mais legais e simpáticos do que no resto do país. Isso é bem verdade! Todo mundo é igualzinho ao Marshall de How I Met Your Mother e olha como isso é legal. Adoro minha host-familly, eles fazem tudo pra eu me sentir a vontade e conseguem. Só vou ter que me preocupar com isso quando a pancinha começar a aparecer, tem batata chips até no meu quarto.
Quando me perguntam o que eu espero dessa experiência eu respondo “aprendizado” mas pra ser sincero eu não sei muito bem o que responder não. Não sei o que eu espero. Quero aprender, claro. Já pensei que ia ser bom pra “me encontrar” mas acho que já passei dessa e me conheço bem. Então não sei, não sei porque eu tô aqui. Pode ser que eu esteja sim realizando meu sonho de adolescente que era fazer intercâmbio e ter toda uma experiência de vida que fosse um divisor de águas mas eu, aqui, agora, não consigo enxergar dessa forma. Espero que nas próximas semanas esse vaziozinho se esclaresça. Ou não né, só deixar fluir mesmo.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

1505

Na última sexta-feira entrei no metrô cedinho bastante acelerado. Apesar do numero de pessoas esquisitente grande em um feriado, nada me incomodou. Atravessei o viaduto Jacareí com um só pensamento. Tem nome.
Depois de um dia ótimo e agradável como sempre, no tropeço do soninho vendo um filme besta me dei conta de uma coisa. Vai ser muito difícil ficar longe. Enquanto você dormia calmamente eu me levantei, cobri seu corpo nu e desliguei a TV. Abri sua janela rapidinho porque não me aguentava de solidão: precisava de um cigarro. O vento na cara e a cidade lá embaixo gritaram assopravam no meu ouvido palavras de consolo, enquanto olhava desolado pra uma São Paulo que não dorme, tentando entender minha angustia. Como dói saber da distância. Ainda mais quando o carinho é tão recente e tão forte pra pouco tempo.
Me perdi com a vista e o ar gelado por alguns minutos, derramei algumas lágrimas necessárias, me senti sozinho no mundo por uns segundos ate que virei e te vi, em paz, bem quentinho.
A vida testa a gente quando coloca na nossa frente as melhores pessoas nos piores momentos. Tão traiçoeira mas tão sabia. Escrevo do avião com o olho cheio de agua salgada, mas como foi bom de ver agora. Tô indo, mas volto. Você vai, depois volta. Quando esses dois apaixonados estiverem no mesmo solo de vez, chegou a hora de ser feliz pra valer.
Me espera.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Apx

Na virada do ano eu disse pra todos os meus amigos que eu não queria conhecer ninguém em 2015. Precisava dar um tempo de casinhos non-sense, sofrer por besteira, paquerinhas bobas de solteiro. Estava decidido a ter um ano cheio de trabalho e estudo porque né, uma hora eu precisaria crescer. Não foi o que aconteceu, mas tenho crescido muito desde então.
Se chegar por trás dançandinho bem bêbado na balada depois de muita troca de risadas à distância fosse me garantir tanta alegria assim eu com certeza já teria dado esse golpe antes, mas parece que escolhi muito bem a minha vítima. E era como se eu soubesse que bem no dia seguinte, depois de riscar da minha lista mental o item “beijo na chuva”, o que tava acontecendo era bem diferente do que eu tinha desejado dia 31 de dezembro.
Meu coração se enche de calor a cada palavra, me derreto com cada olhar, cada toque que me arrepia. Deitar no seu peito nu me causa tanta calma e me dá tanta paz de espírito de uma maneira que eu nunca senti antes da vida. E olha que se apaixonar é comigo mesmo.
Não posso negar que de início me assustei. Eu gosto de um drama, de sentir meu estômago revirar, tô acostumado a me dar mal.
Quando tudo é muito bom eu tendo a recuar, deve ser medo da felicidade.
Mas como eu vivo repetindo: só pode ser sorte. E não tenho a menor dúvida que finalmente ganhei na loteria.
Até quando uma situação que eu temia há algum tempo sair do meu controle finalmente saiu, acabei percebendo o quanto sou amado e querido. Amor é imprevisível mesmo.
Ando tirando inúmeras fotos mentais a cada cafuné. Na minha memória olfativa o seu cheirinho tá mais que registrado. Fico perdido no seu olhar e só de lembrar dele, me acalmo. Minha vontade é de passar horas te olhando deitadinho na sua cama, sua cabeça apoiada nos meus braços, minha mão entrelaçada na tua, teu corpo encostado no meu.
Semanas antes do meu approach eu li uma matéria que dizia que bastava 2 estranhos se olharem por mais de 4 minutos fixamente que eles se apaixonam um pelo outro. Não foi intencional, mas no meu sub-consciente com certeza eu quis me apaixonar, e por isso que desde o primeiro dia eu não me canso de te olhar.
Tô apaixonado. Apx. Fazia tempo que não ficava bobão desse jeito. A diferença é que agora é real, é de verdade, não tô pra brincadeira e eu sei que não vou dar de cara no chão. Pelo contrário. Cada dia que passa tô mais leve, rodopiando em direção aos céus assim como Remédios, a bela, só que levo outro alguém comigo. Finalmente, me sinto seguro.

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