quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

bala

Dezembro veio como um furacão que me arrastou pra tantos lugares e em cada um deles mudei um pouco. Tô aqui nessa vida bem doidona, mudando sem parar e eu quero isso cada vez mais.
Parece que eu ainda tenho tanta coisa pra fazer que meu coraçãozinho tá muito ansioso e animado, ao mesmo tempo que o futuro – como sempre – me assusta. Não que tenha nada engatilhado, claro, mas as perspectivas pro que vem por aí são as melhores. E todas elas partem de um só ponto: eu.
Parece baboseira de final de ano, aquela esperança que o próximo vai ser melhor, mas não é. Além de Su Miller confirmar que tudo de bom tá vindo com Saturno, a impressão que eu tenho hoje é que tudo tem seu momento certo e a gente precisa ter o amadurecimento necessário pra cada etapa da vida.
Eu tô agora nessa gana de mudar como já estive outras vezes mas muito mais certo da pessoa que eu tô me transformando e tô gostando muito de mim mesmo. Quero fazer e ser tudo o que eu tiver vontade e sem neurose alguma porque só preciso dar satisfações à minha consciência. Tô muito de bem com ela.
Paz de espírito não é bem a definição, é mais um efeito de ácido chacoalhando meu organismo e meus pés não param de bater. Agitado, agoniado, pulsando, querendo ser.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

15-12

Nesses reencontros online que a vida do jovem contemporâneo proporciona, vi pelo tumblr uma foto de um cara que era meu contato no flickr quando eu tinha uns 17, caí na bobeira e fui ver a galeria dele – surpreendentemente bem atualizada.

Não senti nostalgia, mas sim uma pitada de inveja branca com um pouco de melancolia. A evolução que ele teve ao longo desses anos foi do caralho, as imagens são lindas, um olhar tão sutil da realidade dele que traduz completamente a pessoa que ele é através das fotos. E eu mal o conheço. Essa é a essência de tudo e eu adoro encontrar galerias assim pela internet.
Fiquei um pouco atordoado em ver quanto eu me estagnei nesse ponto. E não sei explicar o por quê me deixei levar por tantas distrações se isso é uma coisa que eu gosto bastante. Não amadureci tanto quanto esse cara por exemplo, não estudei a fundo, não melhorei significamente e não transmito essa percepção tão particular quanto ele. Bobeira me comparar a alguém que eu nem mantenho um contato, mas é o que eu tô sentindo.
Só vou ter satisfação comigo mesmo quando aprender a correr atrás de tudo o que eu gosto, e isso ainda é uma batalha por mais sem sentido que possa parecer. Muito babaca.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

vai num vai

Fico imaginando se a vida de todo mundo é cheia de altos e baixo, de vai e vem, de agitação e calmaria alternadas, silêncio e barulho. É assim que tudo funciona? Ou chega uma hora é só alegria (ou tristeza linear)?
Tenho semanas frenéticas de trabalho, explosão criativa, vida social bombando, fico feliz com tudo e parece que as coisas fluem com tanta facilidade que eu até chego e penso “Nossa, tá tudo muito bem!”. Mas aí no primeiro tropeço eu vou abaixo da linha da melancolia fúnebre e não saio do meu quarto, choro choro choro sem nem entender o por quê. Aceito que sou um fudido e deu.
São raros momentos de equílíbrio. Quando isso acontece geralmente começo a fazer planos na minha cabeça. Tenho mil ideias pro futuro, às vezes até anoto elas. Sou tomado por uma segurança assustadora e lá no fundo sinto que vou dar conta de tudo e fazer acontecer. Só que nunca acontece. Minha determinação chega a ser menor que o cadarço dos meus sapatos. Não me movo.

É complicada essa inconstância emocional. Mas até que tô bem adaptado! Só acho que seria importante mesmo eu conseguir carregar tudo o que eu quero pra mim nas costas e sem ajuda de ninguém. Tô precisando malhar mais.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

20-11

têm horas que eu acordo pra realidade (meio raro) e caio no choro porque me dou conta que essa situação nunca vai mudar. a gente não escolhe, claro, mas paralelamente à certeza da inércia no contexto, uma pontinha do coração ainda acredita que algo repentino vai te acordar pra mim. ou te tirar da minha vida.
o cupido ou a besta.
nada é pra sempre.
mas se for, que tu nunca saiba de nada, continua dormindo que eu não quero perturbar não. logo passa como sempre passou.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

19-11

Não sei se foi o horóscopo que me deu várias dicas nas últimas semanas mas de fato, é vero: deixando pra trás o futuro é mais leve.

Com tanto apego que eu tenho ao passado e às pessoas, momentos, lugares, folhas de papel, enfim, com tanta coisa que eu sinto um apego por aí acabo me amarrando a elas e não indo pra frente. Eu sou quase um acumulador de sentimentos. Mas tô me esforçando pro meu próprio bem.
Hábitos, gente, lembranças, sei lá, agora eu percebo que não existe motivo algum pra eu querer abraçar todo mundo e que sou sim muito feliz com menos. Menos é mais, arquitetura tá começando a fazer mais sentido além do âmbito academico e profissional.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

18-11

Quanto mais amor carrego mais machuca. Esse sentimento que se transforma ressurge do nada assim como vai embora fácil também, só parece uma constante, sempre ali. Adormece mas não hesita em acordar.
Não reclamo. É boa a dor.
Não troco ela por nada.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

17-11

Sair da zona de conforto sempre me faz bem. Me desespero, entro em pânico, meu estômago se revira inteiro e eu sinto que vou vomitar muitas vezes. Mas depois que me situo de tudo o que acontece ao meu redor, me surpreendo. Assim como me surpreendi nos últimos dias. Fiquei realmente orgulhoso do trabalho que eu fiz, da minha capacidade de tomar decisões e executar tarefas sob pressão. Não sabia que eu poderia com isso. Mas fui lá e fiz. Tô vivo e bem realizado. Também tô certo de algumas coisas e satisfeito em saber que meu trabalho foi valorizado, reconhecido e que eu excedi às expectativas.
Qual é a dúvida de que agora eu quero voltar pra santa catarina?

terça-feira, 11 de novembro de 2014

11-11 la femme et le mendiant

Depois de mais ou menos umas 2 horas e meia andando muito pelo Pátio Paulista, resolvi ir pela avenida ao encontro do que ainda me faltava comprar. Tava um calor leve até, mas eu já me sentia exausto, cansado, só queria comprar tudo de uma vez e ir embora. Detesto sair pra fazer compras hoje em dia, e isso era uma coisa que eu adorava antigamente. Horas batendo perna e entrando e saindo de loja não é mais pra mim. Enquanto eu caminhava e reclamava da vida mentalmente - em pleno sábado - só sabia pensar "que bagunça essa paulista", cheia de gente sempre, tão grande mas que me chega a dar claustrofobia. Foi então que passando pelo MASP meu olhar foi ao encontro com uma mulher, linda, elegante, morena com cabelos ondulados, de salto alto e vestindo roupas que deveriam custar o triplo do meu salário. Não foi a beleza e o porte dela que me chamaram atenção, mas sim porque ela estava sentada ali, ao lado do espelho d'água, junto com um morador de rua sujo, provavelmente fedendo muito, sem dentes, encardido, mas ainda assim era uma pessoa. A expressão da mulher é algo que eu nunca vou esquecer: ela tava gargalhando. Rindo muito, com a mão direita apoiada na perna do mendigo de tanto que ela ria, como se estivesse com as amigas num bar ouvindo uma história da balada da noite anterior. O mendigo sorria também mas olhava bem pra ela, ela tava até de olhos fechados. Isso durou uns 5 segundos no máximo porque infelizmente eu não parei, segui andando, mas esse episódio não sai da minha cabeça. Chego a não dar a mínima mais pras compras, pra balada que foi boa, pro sexo, pra bebedeira que eu tive, pros amigos que vi no final de semana, o que me martela desde sábado é a mulher rindo muito com o mendigo embaixo do museu com tanta gente passando e ignorando ele e ela, duas pessoas tão diferentes mas que estavam ali, juntas, gargalhando, sabe-se lá por que motivo.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

06-11

Pra cada lugar eu tenho um plano diferente. Já tá tudo esquematizado: aonde morar, aonde trabalhar, aonde estudar, com quem eu vou conviver, lugares a frequentar, coisas a fazer. Só falta tudo acontecer.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

05-11

Me pego bem besta com os olhos lacrimejando sem motivo algum e inconscientemente já acho que é por você. Tudo o que eu não tive e não vou ter. Mas aí a música triste que começa a tocar me distrái e eu penso em outras coisas que nutram essa melancolia. Só pra deixar as lagrimas caírem, limpando meu rosto sujo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

03-11

Essa ansiedade sem sentido aumenta a cada dia e eu fico sem entender a origem dela. Ou o celular tá na minha mão, ou eu pego ele de um em um minuto pra checar o vazio da minha vida em forma de notificações. Meu Tinder hoje explodiu: resolvi ser bonzinho (que arrogância) com os matches e responder, trocar ideia, sei lá. E isso me consumiu, mas a falta de coerência tá justamente nisso, consumiu meu tempo a troco de nada, não tô nem aí. Como consigo me ocupar com algo que não tô nem aí simultâneamente? Fico agoniado com esse treco de vidro plástico e metal na minha mão o dia inteiro alimentando um buraco cheio de algorítimos que parecem controlar minha mente. Não recebo nada em troca além de ansiedade.

domingo, 2 de novembro de 2014

02-11

Estranho como as coisas funcionam em casa. Eu, isolado no meu quarto com o notebook na barriga; minha irmã no quarto dela com o iPhone na mão ou estudando pro vestibular; meu pai na sala, sempre, vendo todos os filmes possíveis que a hbo e o telecine podem oferecer; minha mãe na cozinha vendo algum programa idiota tipo Eliana ou Domingo Espetacular.
É meio triste isso. É triste mas apesar do meu pai reclamar sempre que a gente “não sai desse computador”, ele também não sai da frente da tv, nem minha mãe. E é tão gostoso quando a gente tá junto, conversando, dando risada, porque minha família é bem unida e gosta de bater papo, fofocar, cozinhar junto, passar um tempinho na piscina, etc. É muito bom mesmo estar com todos eles! Só não entendo porque cada um precisa (na maior parte do tempo) ficar isolado no seu mundinho, se distraindo da vida, quietinho na sua, apesar de achar boa essa privacidade e respeito a individualidade também. Bom seria se não existisse televisão, internet, essas distrações.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

30-10

No estado de breve embriaguez que me encontrei no fim da tarde, a lágrima que eu relutei em libertar enfim escorreu. Tentei não pensar o dia inteiro, me neguei a nutrir essa ideia fantasiosa mas o livro que eu tô lendo – claro – fala sobre amor. Inevitável a dor.
Apesar dos pesares, da falsa distância, da minha imaginação e lembrança terna de algo que mal vivenciei, cabe a mim só desejar o melhor, sempre, tudo o que não tenho condições de oferecer. Talvez nunca tive.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

29-10

“Eu quero ser paga para ser bon-vivant” meu tipo ideal de amigo.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

28-10

A melhor coisa dos meus dias foi ter voltado a assistir desenho animado japonês. Eu poderia fazer uma lista enorme das coisas boas que eu vejo em Sakura Card Captor mas prefiro deixar quieto.
Não é tão novo assim pra mim essa coisa de retomar hábitos do passado. Ultimamente isso tá cada vez mais presente porque é muito louco. Resgata inúmeras sensações que eu já tinha me esquecido. Como grande emotivo que sou, não fiquei espantado quando ouvi uma música do The Libertines hoje e quase comecei a chorar. Fiquei arrepiadão, muito besta, mas essa nostalgia me causa umas estranhezas boas.
É que nem desenhar, me remete a um passado tão tranquilo e sem problema algum, fico viajando sozinho, por mais bobeirinha que eu esteja desenhando. Ver desenho me deixa tão concentrado naquilo que eu esqueço de qualquer preocupação que eu tenha na cabeça.
São coisinhas que eu pretendo retomar porque me faziam um bem gratuito e eu nem imaginava. Por exemplo, quando eu tinha 10 anos eu era bem nerd e comecei a estudar sozinho japonês. Tinha um caderno, estudava com livros num tempo em que não existiam video-aulas no youtube, e pelo que eu lembro até arriscava a falar alguma coisa. Daí veio a adolescência e né, pegou tudo isso e jogou fora. Música era outra coisa que eu mandava bem e perdi, mas isso acho melhor continuar sendo o ouvinte, perdi a coordenação que eu tinha antes. Sei lá, quero pensar nessas coisinhas bobas que me faziam bem quando mais novinho e trazer pra hoje, não tem porque não cultivar isso.
No meu passado nerd eu podia ficar horas e horas com um Atlas aberto, pirava em matemática (hoje não sei explicar o que é baskhara), citologia, em línguas, em ler. A testosterona adolescente me deixou burro ou foram as escolhas erradas da vida que me afastaram do que era certo pra mim?

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

27-10

Me sinto exausto e surpreso, sem dizer espantado e enojado com tanta coisa podre que eu li de um dia pro outro. Nunca imaginei conviver com tanta gente baixa, pseudo-intelectual “politizada”, arrogante e hipócrita. Já me cansei de eleições, não tô de lado nenhum, acredito no que eu acho ser coerente e não sou o mais entendido sobre o assunto, jamais. Só que uma coisa é ter opinião, outra é ferir direitos e atingir de maneira inescrupulosa e preconceituosa outras pessoas.
Ai, sabe, acordei. Pode parecer exagero mas essa palhaçada política me fez enxergar o tipo de gente que eu convivo e chamo de amiga por aí. Tantas pessoas que eu costumava amar falando barbaridades ofensivas e racistas pela internet como se não atingissem ninguém. Eu me senti atacado e ferido inúmeras vezes. E tem coisas que não vou conseguir relevar daqui pra frente.
Meu pai sempre me disse que com o passar dos anos a gente vai restringindo cada vez mais nosso círculo de amizades e que isso é normal, a gente amadurece e acaba se desprendendo de algumas convicções antigas e passa a ter opinião própria. Nem sempre ela vai de encontro com o que o seu amigo acredita. As últimas 24h deixaram isso bem claro pra mim.
E vai muito além de posicionamento político. Não consigo ser conivente com gente que afirma que prefere intervenção militar, morte, morte a nordestinos, deseja desgraça pra todo mundo daqui pra frente. Falar por aí que espera que todo mundo se foda.
Eu não quero que ninguém se foda. Ninguém de São Paulo, ninguém do sul, ninguém do nordeste, ninguém na China, ninguém em Israel, eu não quero que ninguém morra, ninguém se foda, não desejo coisa ruim pra ninguém, não importa a cor, orientação sexual, lugar aonde vive, não importa militância política, classe social, não sou alguém que deseja o mal. Logo, não quero por perto pessoas que pensam assim.
Petralha, coxinha, de esquerda, direita, viado, bicha, preto, branco, amarelo, pernambucano, paulista, catarinense, americano, canadense, rico, pobre, empresário, empregada doméstica, porra, não me interessa. Têm que ter amor no coração. E realmente me decepcionei em ver quantos amigos perderam isso ou se deixaram levar.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

24-10

Sinceramente não consigo entender porque me importo, porque sinto uma pontinha de tristeza só de olhar o celular e saber que você tá perto, ali, rapidinho, menos de uma hora, coisa que nem em sonho eu cheguei a cogitar. Isso não faz o menor sentido.
Não hoje – nesse contexto – não com o eu de agora. Tão mudado. Por isso que não consigo entender.
Que parte do passado é tão apegada ainda que me faz sentir ciúmes? Chega a ser ridículo porque eu sem querer ainda penso “era pra ser eu ali com você e não ele”.
A verdade é que na minha cabeça o que eu ainda esperava era que fosse eu que ajudaria com tudo, eu que fosse o socorro, a distração, o café do final de semana, o cinema, o passeio no parque, o guia turístico, eu que te levaria pra beber, te deixaria em casa, esperaria um convite “não quer subir?” mesmo sabendo que isso não teria muito nexo (quem sabe).
Talvez seja porque você ainda é uma parte de mim que eu guardo com carinho e não consigo desapegar. Por mais patético que isso possa soar, ao longo dos dias eu me pergunto como você tá, me preocupo, quero cuidar, mesmo sabendo de longe que tá tudo bem, que você não precisa de mim, que a gente é tão diferente que não adiantar nem tentar.
Fico nervoso toda vez que estou por perto e vejo no swarm que você tá também. Vai ver um dia a gente se esbarra por aí, só não se assusta comigo não, não saberia reagir ao te ver com outro, não conseguiria disfarçar. Mas não evitaria te abraçar.
Me pergunto todo dia se existe alguma explicação pra o que eu sinto, como eu traduzo esse sentimento. Se é nostalgia, se é um rastro do passado que eu carrego, se é só maluquice minha por nutrir algo tão irreal hoje em dia.
E mesmo assim, por mais que eu saiba a resposta, me pergunto sempre: “Por que ele e não eu?”

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

23-10

Nas férias de julho eu tava com o meu melhor amigo no Rio e na nossa última noite de depravação nós fomos pra uma balada meio de boy. Já quase no final da noite eu tava trebado bem retardado quando começou a tocar Walk of Life (?) do Dire Straits e eu não tava acreditando. Não tava acreditando que ali, longe de casa, com tanta gente diferente, naquela pista fechada com umas luzes ruins até e todo mundo já meio disperso, eu começava a ouvir a primeira música que eu tenho lembrança na vida e que é tão significativa pra mim, que me toca no coração e eu fico todo besta. Falei isso pro Alex e pedi pra ele dançar comigo e claro, dancei igual um maluco, cantando, todo mundo provavelmente olhando e dando risada, passando vergonha mesmo porque o ambiente já tava meio vazio mas eu não tava nem aí – provavelmente porque tava muito bêbado. Fiquei extasiado com aquilo e pra mim tudo se resumia aquele momento. Eu, meu irmãozão e essa música maravilhosa.

Hoje saindo do trabalho eu fui caminhando pela estrada até o ponto de ônibus porque tô sem carro e o pneu da minha bicicleta tá murcho. O sol maravilhoso que parece que se intensifica nesse horário de verão tava batendo na minha cara, meus óculos da Nigéria bem falsificado estavam mais embaçando do que protegendo meus olhos e enquanto eu caminhava o vento batia no mato, nas árvores, e todo essa balanço mais o céu azul lindo parecia que traduziam a voz triste e melancólica da Françoise Hardy que quase sussurrava no meu ouvido pelos fones. Antes mesmo de eu esboçar um sorriso só por me dar conta dessa cena que eu vivia, um senhor bem velhinho que pedalava pelo acostamento cruzou comigo, abaixou a cabeça acenando e disse “tarde”. Respondi “tarde”. Sorri pra mim mesmo e continuei andando.

Gosto quando a vida me entrega essas coisas pequenas e que normalmente não dou a menor importância mas que do nada eu enxergo uma beleza tão simples que eu poderia viver disso. Coisinhas bobas, música, cenário comum, alô de um estranho, bobeirinhas. Meu peito aquece até quando não tem sol e – momentaneamente – sinto que estou aonde devia estar, nem que seja por questão de minutos, segundos.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

22-10

Vazio vazio vazio sem nada a oferecer Sentindo muito e fazendo pouco Ficando pra trás sem me mecher ali deitadinho chorandinho olhandinho pro teto igual besta pra quê? Parece que não vai crescer Tapa na cara que merece já até chegou a receber (sem saber) e a dor física que não sentiu doeu na alma mas não adianta nunca
Imóvel e imaturo Já já caduca e a vida passou
além de não fazer nada o unico calor que abraçou foi o da tela no colo com o brilho no rosto

terça-feira, 21 de outubro de 2014

21-10

Tive um dia comum. Trabalhei, fui na academia, tomei banho, comi. Vi desenho também, acabei de ver um filme bom. E não sei, tive a ideia de tentar escrever por um mês todos os dias, mesmo que seja babaquice. Hoje é dia 21 de outubro. Espero conseguir manter essa promessa até 21 de novembro.
Como vou me permitir não pensar muito pra escrever, só vou deixar meus dedos falarem por mim e não dar muita importância pro contexto.
Esse filme que comentei me deu um apertinho mas uma ponta de esperança na vida. Basicamente a mensagem que passou foi de que nos 20 tudo muda e nem sempre pra melhor, chega uma hora que tá tudo uma merda (apesar da protagonista não deixar transparecer, jamais – oposto de mim) só que passa. Você dá conta, faz o que tem que ser feito, as pessoas mudam e você também. E isso é uma coisa que me dá medo apesar de gostar muito. De mudanças. Eu tenho pra mim que tô bem prestes a mudar em muitos aspectos que só dependem do eu levantar a bunda da cama e fazer, porque vai dar certo e vai ser bom. Só que é o medinho e a insegurança que me impedem – provisoriamente. Essa hora vai chegar. O comodismo da rotina que eu tanto odeio parece uma âncora que me puxa pra baixo e me impede de virar gente grande e correr atrás das coisas de adulto que a vida esfrega na minha cara todos os dias. Mas isso vai passar. É que esse momento de transição é foda. Pessoas mudando, eu mudando, amigos mudando, não tô preparado.
Também estou/sou muito indeciso quanto a tudo. E muito influenciável. É bem raro uma época que eu esteja fazendo coisas por mim e isso saiu 100% da minha cabeça. Tanto é que eu nunca sei o que eu quero, o que eu gosto, minhas ambições. Porque em tudo sempre tem um pedaço de alguém, uma influência de alguma coisa, um resto. E só eu sei o quanto isso me tortura. O não me conhecer. Junta essa característica com o comodismo da rotina mais um pouquinho de maluquices psicológicas e o resultado sou euzinho.
Quem sabe voltar a escrever pra valer não é um bom jeito de desatar esse nó, né?

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

20-10


Não aguento mais política. Não aguento mais Dilma x Aécio, não aguento mais ouvir falar de feminismo, homofobia, maioridade penal, crise da água em são paulo, não aguento mais racismo, não quero saber de mais nada disso. Chega. Também não aguento mais ver coisas sobre as Kardashians no meu feed? Aliás, não aguento mais feeds. E porque mostra tanta coisa sobre as kardashians e política no meu facebook? Será que isso diz muita coisa? Eu hein.
De verdade, tô achando tudo tão maluco ultimamente que sei lá, eu quero correr daqui e ir pra lua. Não dá, é muita coisa errada, muita informação bombardeando minha cabeça a todo momento, parece que ela vai explodir.
Esses dias conversando com a Isa na praça cheguei a conclusão que hoje eu me importo com n questões que há uns 2, 3 anos pra mim eu não queria nem saber. E ainda disse que tá certo, tenho que me preocupar mesmo. Retiro o que eu disse. Resolvam tudo ou se matem, mas antes disso me deixa um bilhetinho pra que eu possa ir pra uma caverninha.
Ai sabe, de saco cheio. Não posso peidar em paz mais que já me é atribuido 1 milhão de estereótipos. Quero desapegar de umas cri-crizisses da vida e flutuar que nem uma pena.
+ de 1 mês tentando escrever e é isso, não falo mais nada com nada.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

stanco di niente

Do pior Agosto que já enfrentei ao início de Setembro mais sem perspectiva, tudo o que tinha traçado pra mim se perdeu, graças ao peso das escolhas que eu mesmo dei por certas. Nada a declarar por hora.
Da ausência nesse semestre da faculdade ao curso de cinema aos sábados, do meu estágio que praticamente tirou minha promoção dada nas férias à possibilidade de passar uns meses na Coreia, da incerteza pra onde ir, o que fazer, a quem recorrer, à solidão do meu quarto cheio dos florais que agora tomo, da terapeuta (aleluia!!!) ao caderninho que levo comigo e escrevo ao invés de digitar, esse período tá sendo tão conturbado que eu não consigo definir muito bem. Não é transição, não é abandono, não é mudança, não é recomeço, é uma grande bagunça, mais do que nunca. Claramente quando algo vai mal o bonde da zica preta puxa todo o resto pra um buraco escuro, até eu chegar no ápice de exaustão emocional e das duas uma: ou vou me entregar, ou tudo vai melhorar.
Eu que sempre esbravejei defendendo o ponto de vista que o melhor era aproveitar o trajeto até chegar lá (na velhice) e não pensar muito no futuro, caí na minha própria armadilha quando achei que já tinha todos os passos ensaiados na ponta dos pés. Pelo menos tô conseguindo respirar um pouco, o desespero ainda não se faz presente e o arrependimento ainda não chegou. O problema desse semestre sabático tá sendo só justamente o leque gigante de possibilidades que eu tenho a minha frente mas não sei enxergar qual caminho seguir. A faculdade eu vou terminar – me obrigo a repetir isso diariamente – mas agora eu posso fazer tudo o que eu quiser e claro, acabo não fazendo nada.
Eu só penso em largar tudo e ir estudar arte. E em estudar outros idiomas. É muito adolescente isso, mas é uma ideia que não sai da minha cabeça. Não acordei ainda do sonho de pegar minha malinha e ir viajar por aí, aprender alemão italiano e francês, fotografando tudo em todos os lugares, escrevendo muito, desenhando muito, tendo uma vida simples e andarilha, esse saudosismo por on the road que nunca vivi e é tão arraigado no meu subconsciente que mesmo eu tentando me livrar dessas amarras eu não consigo. Deve ser porque nunca saí do país.
Mas tá, falando sério, é frustrante parar pra pensar e me dar conta que eu sou apaixonado por imagem, por qualquer expressão artística, por palavras, por línguas, por som e movimento, pela natureza, pela cidade, pelo caos e pela tranquilidade, saber exatamente quais são seus gostos mas mesmo assim eles parecerem embaçados como um bokeh da realidade, não me enxergo em caminho nenhum, não me aprofundo em nada, abro o Tumblr e me encho de referências que eu não sei bem pra quê servem. Pra quê servem? Será que eu, no fundo, não sirvo pra nada?
Minha vontade é de amarrar uma âncora no meu calcanhar e me jogar no pacífico a cada foto bem sucedida que eu vejo das pessoas por aí. Não é inveja, é um incômodo esquisito e um sentimento de impotência comigo mesmo, tem coisas que eu vejo e penso “por que eu não sou assim também?” e é péssimo porque eu sei que cada um tem seu tempo pra tudo mas bem que poderia ser eu casando, bem que poderia ser eu comprando um carro, bem que poderia ser eu num emprego bom aos 23 e indo pra Indonésia tirar umas férias.
Tudo o que eu sempre “condenei” aos olhos dos outros é na verdade tudo o que eu sempre quis pra mim.
Ser normal e medíocre.

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domingo, 31 de agosto de 2014

Alex

Há um tempinho ando prestando atenção extra nas pessoas que tenho na minha vida e qual o tipo de gente que eu quero ter nela. Não é uma coisa muito fácil de se observar porque eu sou do tipo que geralmente amo todo mundo e faço um milhão de amigos toda hora. Mas têm uns momentos que eu fico bobo e aliviado por ter feito escolhas boas pra mim nesse aspecto.
Ontem no metrô indo viver eu tava com o meu melhor amigo trocando ideia sobre como o mundo tá bagunçado e como o capitalismo não te dá abertura alguma pra agir de uma maneira diferente com relação a muitas outras coisas. Esse papo eu tive com a Kiki também uma noite dessas. Meus olhinhos brilhavam a cada palavra que o Leco falava e eu conseguia entender e discutir com ele. Não é sempre e não é com todo mundo que eu sinto isso.
É meio esquisito você passar muito tempo achando que seus amigos são aqueles que você vai pra balada, ou sai pra beber, ou pede um conselho, conversa pela internet, mas daí chega um momento que você cria outra perspectiva dessa relação de amizade.
Além de fazer tudo isso, tagarelar muito e passar bons momentos de tédio no tinder dando umas risadinhas, quando eu to junto com o Alex eu sinto que não preciso de tantos outros amigos? Pode ser egoismo meu, mas eu sinto bem isso. Esse capiroto me completa de um jeito tão nada a vê, a gente tem mta coisa diferente, mas tamo sempre ae, interessados no que acontece na vida um do outro, preocupados quando alguma coisa não vai bem, aliviados quando algo dá certo. Mas acima de tudo, o que me faz abrir a boca e dizer com orgulho que ele é meu melhor amigo é o fato de ter esse sentimento de adimiração que eu tenho por ele. Uma das poucas pessoas que eu sinto isso, a Kiki é outra, a lista é bem restrita. Meu coração derrete com tanta inteligência, caráter e tanta vontade de fazer coisas boas que ele tem. E isso reflete muito em mim porque ele é uma das poucas referências positivas que eu tenho além dos meus pais, fatalmente me espelho muito nele, mas acho que ele é um bom exemplo a seguir (apesar da maluquice excessiva, isso a gente compartilha). Sabe, olha quanta gente louca tem por aí, tá tudo uma baderna geral. Não consigo me imaginar crescendo dia após dia sem contar com a ajuda dele. Gosto muito da zueira, mas acho que preciso dos pés no chão que ele tem fincado na terra, assim me puxa pra realidade quando eu começo a surtar.
É bom contar com um irmãozão pra me ajudar a encarar essa confusão que é a vida, e eu fico extremamente grato por ter o Alex na minha. E daqui pra frente eu só acho que preciso do grupo reduzido de gente que eu me sinto tão a vontade pra n coisas como eu me sinto com ele, não vale a pena perder tempo mais com tanto vai e vem de pessoas perdidas por aí porque de perdido já basta eu. Quero o tipo de pessoa pra convidar pra ir na minha casa, conhecer minha família, dar risada com a minha vó na hora do almoço e ser atencioso com ela, realmente apreciar isso e querer entrar na minha vida além do contato direto comigo só. Não preciso de mais mil contatos se os poucos que consigo ficar em silêncio num mesmo ambiente e não me sentir desconfortável me completam.
É um amor com um q de fraternidade que eu não enxergo em muita gente. Sempre vou amar o Leleco nessa frequência e, por mais que ela oscile às vezes, tenho certeza que é sólida.
Amo meu melhor amigo, irmão, novinho sensacional, rei do hip hop nas baladas, carinha das noitadas, boladão do whey protein, barrigudex, futuro deleGATO e quase bbb, esse malucão que eu quero um bem danado, Alex.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

casinhos não resolvidos

Não sei porque hoje eu passei uns bons 20 minutos olhando foto por foto de uma menina que eu tive um casinho em Blumenau, meu coração se aquece toda vez que eu penso nela, vejo foto dela, o sorriso dela traz junto sua voz, ela vivia dizendo que eu “causava muito”.
Agora pouco fui e comentei no status de outra dizendo que tava indo pro rolê com a galera, pena que ela mora em Balneário. É outra que quando cruza minha cabeça meu rosto já muda o semblante e fico com vontade de pegar o primeiro voo só pra ficar dando uns beijinhos sem compromisso, bater um papo, dirigir pela praia, fumar um cigarro junto.
Internet, celular e seus apps aproximam muito a gente nesse sentido. Ontem troquei uns snaps com outra, batendo um papinho bobo, sei lá, mas que é gostoso de conversar. Não que a gente tenha muito em comum. Ela vive no mundinho paulistano que eu não tenho paciência, mas uns bjinhos não me fariam mal, uma fodinha também não.
Ao longo dos anos fui tecendo essa rede de paquerinhas que não deram em nada mas que tão ali sempre, não sei muito bem pra quê, não sei se elas pensam em mim também com o mesmo carinho que eu penso nelas.
Quando eu vejo ela já tá com outro, namorando, construindo algo que eu não pude dar, nem tchum pra mim, mas acho que o que importa é eu ser honesto comigo e se eu sinto esse carinho gostoso, que mal tem né?
O bom do não resolvido é que eu nunca sofri. Diferente das 1 milhão de paixonites que eu já tive (70% platônicas), não tenho na memória nada de ruim pra me lembrar dessas meninas que eu acabo classificando inconscientemente na cabeça nessa categoria queridinha (?). Minhas paixões sempre trouxeram chororô e aperto também, meus casinhos não resolvidos não, muito pelo contrário.
Gosto de me pegar viajandão assim, querendo correr pro apê de fulana na Haddock Lobo, fumar um cigarro e dançar no quarto pelado. Ir ver o pôr-do-sol com aquela outra na Praia Brava e depois ela ir dirigindo até Laguna só pra gente bater papo e segurar na mão do outro quando a sinaleira fecha. Voltar no tempo e ficar de mãos dadas com aquela perfeita debaixo da coberta sem nenhum amigo nosso que tá no rolê reparar, dar uns beijinhos escondidos do pessoal no meio da Expresso em bnu, ou esperar a galera ir pra cozinha e eu prensar ela na parede do quarto. Dou risada que nem besta, sozinho, pensando nesse monte de gente que passou e não passou pela minha vida.
Obviamente: todas moram longe.
A merda é que resolvido ou não – até mesmo em andamento – nunca tenho perto de mim pra dar um cheiro e um abraço.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

quase verdade, autossabotagem

Acho que existe uma diferença entre falar e acreditar no que se diz. Não que eu diga mentiras, mas quando notei que encho a boca pra dizer certas coisas que na realidade é o modo como eu gostaria de agir, e não que já aja dessa forma. De tanto dizer dizer dizer, sou. Mas quando fecho os olhos, olho pra mim mesmo e sinto: falta muito ainda.

faded to loneliness




Life has the habit of playing with me several times until I give up.
Isn’t it ironic that finally when I get what I’ve always wanted, I keep looking for who I’ll never have? Still, the one I can’t have?
Don’t wanna choose any side, i feel I should run away.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

estranho normal, afinal

Mistura de medo com angústia por não poder fazer um monte de coisa que eu quero mas vai além disso: não poder dar pros meus pais muita coisa que eles esperam de mim.
É foda eu pensar mas é meio que a realidade. Devia só pensar em mim mas não consigo escapar dos outros.
Pra eu poder dizer foda-se pra todo mundo antes eu preciso parar, respirar, olhar no espelho e dizer "é isso" com convicção, e essa eu ainda não tenho.
Repito pra todo mundo que to de boa com o agora e amanhã mas sinceramente me assusta pra caralho. O olhar me desestabiliza e corro o risco de chorar. Acabo calado e fechado, esperando passar. Não vai.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

tiempo yo


Há alguns dias atrás levei um soco na cara de uma pessoa bem importante pra mim, mas de um jeito bom, positivo, que eu precisava pra sentir dor e acordar pra realidade. Ela falou sobre o tempo.
Dentre tantas falhas minhas uma grande é a procrastinação e em como eu desperdiço meu tempo. E ela tocou justamente nesse ponto, em como a vida vai passando e eu perdendo tempo com bobeira e com gente que não vale a pena. Sei disso, não mudo.
Tô grande já. Preciso me virar, correr atrás, pensar em mim, fazer por onde. Quero (mais do que os outros me vejam até) me ver como Daniel, o cara que realiza coisas, que faz isso. Não como o manézão perdido na vida reclamando no twitter. Quanto mais velho eu fico maiores são as consequências das minhas escolhas e isso me assusta pra caralho. Até sei lá, umas 3 semanas atrás eu não pensava muito no amanhã e achava melhor aproveitar o percurso até chegar em algum lugar, mas hoje só de eu pensar aonde quero chegar eu entro em colapso, travo, choro, e não ser assim não. É difícil pensar pra valer no que se quer fazer com a sua vida quando você não tem a menor ideia nem quais são suas paixões.
E falando em paixões, outra coisa que me foi dito é que eu devia não perder tanto tempo com pessoas. E me foi dito bem assim: “Ter rolos com quem não te chama atenção só pra não ficar sozinho? Pra que? Quando você conversa com alguém você tá investindo tempo na pessoa. Quando você sai com ela, tempo e dinheiro. Não dê seu tempo pra alguém que você sabe que não vai virar em nada, e isso a gente geralmente sabe de cara ou após umas poucas conversas.” Caí no chão.
Cada paquerinha sem sentido minha é tempo que eu investi a toa, a troco de nada, sendo que eu sei que a pessoa não vale a pena. Eu fico nessa de querer namorar, amar alguém e me entregar e acabo atirando por aí na tentativa de acertar um alvo. Geralmente fico sem balas. Sozinho. E investindo tempo que não volta mais.
Dolorido é saber que eu já sei o que é o certo, só que é muito errado também. Mas esse aperto eu aprendi a deixar pra lá.
Vou aproveitar o que me resta das férias valorizando meu tempo. Pensando pra caralho em mim antes de qualquer pessoa, quero me conhecer melhor, saber lá no fundo dos meus desejos e ir pra frente. Chega de ficar parado. Chega de ficar sozinho também.
Quero de verdade ser alguém e ter alguém. Vou fazer tudo certo.

sábado, 5 de julho de 2014

eu antes

Faz um bom tempo já que meu pai me diz a mesma frase “você faz de tudo pelos seus amigos mas o que recebe em troca é muito pouco” e eu, de adolescente que sempre fui, sempre ignorei o que ele dizia. Passei anos colocando meus amigos num pedestal mas acho que isso faz parte de uma fase que todo mundo passa, essa valorização sem limites. A diferença é que hoje eu enxergo quão trouxa eu fui em várias situações.
Amo meus amigos, muito, todos eles, de coração mesmo, mas eu aprendi algo de uns 2 anos pra cá e na verdade tenho colocado em prática há bem pouco tempo: não corro atrás de ninguém e não me prejudico mais por ninguém. Talvez pelo Alex, pela Kiki, os mais próximos, mas no geral eu venho antes de qualquer pessoa.
Quer sair comigo? Bora. Não quer, ok, não insisto. Quer vir pra guararema passar um fds de preguiça e muito papo? Ótimo. Não quer? Então beleza, porque eu tô bem sem grana pra ficar me deslocando tanto por aí. Fora que assim, além dessas tem aquela coisa de às vezes mentir pra ir fazer alguma coisa legal e eu não tenho mais idade pra isso.
Não encubro mais merda de ninguém, não me sacrifico em prol de ninguém, não coloco ninguém mais na minha frente. E eu já fui do tipo que preferia trabalhar na cidade vizinha só pra ficar mais perto do pessoal e marcar rolezinhos ao longo da semana mas já fiquei quase um ano acordando as 6 e indo dormir meia-noite por causa disso. Troquei mil vezes minha família por amigos e hoje eu acho que é bem raro eu dar uma dessa. Prefiro viajar com meus pais ou ir pro sítio da minha vó dar risada com a família do que sei lá, ficar em casa sozinho deprimido mas porque à noite tem rolê. Será que eu tô crescendo?
É baita bom ter um monte de amigo e eu ainda acredito que uma amizade verdadeira é pra vida toda. Só que hoje eu não faço questão mais em me dobrar do avesso pelos outros sendo que quando eu mais preciso ninguém dá bola ou não se esforça tanto quanto eu. E sei lá, acho que já passei da hora e cheguei no momento que se eu não penso primeiramente em mim, quem mais vai pensar? Tenho muita coisa pra fazer e tem uns amigos “amigos” que são mais distrações do que relações verdadeiras. E se eu não fizer por mim, ninguém faz.

sábado, 28 de junho de 2014

desasosiego

Quero entrar numa nova fase da minha vida em que processo criativo seja prazeroso e multidiciplinar, não posso me ater ao papel ou ao CAD e se arquitetura não me preenche como deveria, o que me impede de buscar vários outros caminhos?
A impressão que eu tenho é que eu passo horas do meu dia absorvendo referências em todos os cantos da internet. Se há algum tempo atrás isso era bem restritivo ao flickr pra mim, hoje em dia tá espalhado em todo lugar. Eu guardo tudo, salvo, tem coisas que até imprimo mas.. não me mexo. Não produzo e não sei bem explicar o por quê. Vai ver que isso acontece porque passo muito tempo confortável e quentinho na minha cama haha.
Não dá mais. O tempo tá passando, eu tô cada dia mais velho e não saio do lugar. A inquietude que um amigo meu mais velho demonstrou pra mim num bar da augusta me pareceu sem nexo por um momento mas hoje faz todo sentido. Ele deve ter uns 27, é formado, tem um puta trampo bom, carro e apartamento mas ele me disse “Dan, eu preciso me movimentar. Tô estacionado há uns 3 anos, tenho que crescer”. Na hora eu só pensei “cala a boca” porque ele meio que já chegou lá mas isso é bem coerente. Eu estacionei e me acomodei, e de insatisfeito (porém preguiçoso, haja coerência) que sou, logo começo a me deprimir.
Eu tenho um viés enorme de possibilidades e a ficha nunca cai de que eu posso fazer o que eu quiser sempre e paralelamente à faculdade ou estágio. Até que ando cercado de umas pessoas criativas que me enchem de orgulho mas esse tipo de influência positiva eu acabo não pegando, não consigo entender.
O ponto em questão é que se eu quiser me aventurar por outras áreas eu preciso primeiro dar o pontapé inicial pra que as coisas se desenrolem, e as férias estão aí pra isso. Chega de netflix por um tempo.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Guaralove

Tava começando a escrever sobre como – pra variar – acho minha vida um tédio e um saco e como eu gostaria de morar numa cidade maior e poder viver por aí, eu amo viver, sair numa terça à noite pra beber e ir virado pro trabalho só me é atraente num lugar grande. Não em Guararema.
Mas apaguei tudo, parei, e decidi pensar em anotar as coisas que eu gosto daqui. Não são poucas! Não quero citar os defeitos, só as maravilhas.
Há 12 anos eu detestava esse lugar com todas as minhas forças, hoje eu amo pra cacete. Pra começo de conversa é uma delícia eu acordar com barulho de passarinho, abrir a janela e ver aquela névoa gostosa do inverno que atrapalha minha visão mas infla meu peito com esse cheiro de natureza todas as manhãs. É um silêncio matinal que eu prezo muito. Vou pro trabalho de bicicleta, dá uns 5 km pra ir e 5 pra voltar e esse momento é sem dúvida uma das partes mais prazerozas do meu dia. E tinha tudo pra ser algo ruim se eu morasse em outro lugar: trânsito, barulho, bagunça. Mas não, eu pego uma estrada linda, verde pra todo lado, ouvindo uma música boa, fico viajando, começo o dia já fazendo dancinhas. É muito bom. Meu trabalho também é maravilhoso, eu amo minha chefe. Mas o que eu mais gosto é o escritório fica num bairro antigão, na realidade foi ali que a cidade nasceu, e ele é bem preservado. Parece uma viagem no tempo toda vez que eu chego pra trabalhar, volto a sei lá 1623, as casinhas (que lembram paraty), a igreja, a praça em terra batida, as ruas de pedra. É uma viagem sempre, um puta lugar pra conhecer e tirar umas fotos, lógico, mas melhor ainda é trabalhar num lugar desses! Meu trampo é bem tranquilo porque eu ainda sou estagiário então lógico que minha vida é meio apertada financeiramente. Mas cara, de verdade, não troco por um trabalho em São Paulo que eu ganharia facilmente o triplo do que eu ganho mas em contrapartida o stress iria acabar comigo.
No caminho de volta pra casa eu fatalmente encontro pessoas conhecidas. Isso é ao mesmo tempo bom e ruim, mas a parte boa é essa sensação de se sentir parte de um lugar quando você sai por aí cumprimentando os outros. Eu falo bom dia, aceno, quando tô perto parto e abraço, isso porque eu nunca fui de muy amigos (graças ao daniel adolescente) mas hoje isso tá mudando. Eu moro bem no centro da cidade e bem ou mal é tudo tão limpo, lindo e organizado que não tem como se queixar. Claro que mesmo no centro você não vê um prédio com mais de 3 andares e aqui não tem nem sinaleira de trânsito, mas é um bom lugar pra dar umas caminhadas, comer alguma coisa, passear. São muitas pracinhas e parques pra passar o tempo. Isso é algo que eu consigo aproveitar bem com os poucos amigos que moram aqui. De noite não tem muito o que fazer então a melhor alternativa – sempre – é pegar um vinho do pai ou comprar bebida no boteco e sair bebendo por aí. Tragando o cigarro, tagarelando, bebendo e dando risada com gente que você gosta: têm como pensar em balada numa noite assim? Aqui é tão seguro que eu não tenho o menor medo de andar por aí de noite ou de dia, é tão ridícula a ideia de pensar em não andar à pé por medo. Eu acabo esquecendo dessa vida urbana se eu tô numa dessa com alguns queridos. As pessoas aqui são meio difíceis mas quando se encontra gente legal você se apega e aí fudeu.
Quando o rolê não é esse ou ficar na casa de alguém, daí sim se pensa em ir pra outra cidade fazer alguma coisa mais animada.
Mas na vida diurna mesmo, além de pisar na rua pra apreciar o verde lindo que tá em todo lugar, dá pra inventar umas paradas. Isso que é legal, a falta de opção do que fazer acaba te deixando criativo demais num ambiente desse. Eu já perdi a conta em quantas vezes só saí por aí de carro pra tirar umas fotos, pra dirigir sem rumo pelas mil estradas de terra, correr na estrada, invadir construções abandonadas just for fun, nadar no rio, andar de caiaque com a kiki, ir conhecer os muitos bairros afastados e diferentes espalhados por aqui, andar de skate de madrugada, antes de poder dirigir ir até o alto do morro pra passar um tempo olhando a cidade lá do alto, desbravando umas ruas/trilhas aí que eu não conheço, e mais fotos, mais tempo passando, mais paradinha pra escrever, paradinha pra ler, ler no parque na beira do rio com um monte de capivara ao redor, passeios mil com as minhas cachorrinhas pela cidade, ir na pastelaria do calçadão e pedir uma Guaranita com pastel de queijo, sentar no pontilhão do trem e pensar se pulo no rio ou não (nunca pulei), sei lá, são coisas bobas descritas desse jeito mas que eu aprendi a gostar e a apreciar pra caralho.
Engraçado parar pra pensar e perceber como esse amor todo surgiu do nada. Eu detestava tudo a minha volta. Agora eu amo quase tudo! Até as festas juninas das escolas públicas daqui eu vou e adoro comer tudo, adoro o carnaval, adoro a festa do peão, me divirto pra caralho porque fico bêbado junto com todo mundo que eu vejo na rua sóbrio haha. Chega a ser tão legal quanto a sensação de estar bêbado num lugar que você não conhece ninguém e pode ser quem você quiser. Eu também amo as festas mais tradicionais tipo festa do divino espirito santo, festa do capitão e aquela que tem uma passeata com os carros de boi que eu não lembro o nome. Ah, acho lindo também quando é corpus christi que as ruas ficam todas enfeitadas com serragem colorida formando aqueles tapetes lindos. No aniversário da cidade também tem o desfile com mil pessoas e fanfarras das escolas, competição entre elas inclusive. Eu acho isso o máximo.
Talvez eu sinta que meu tempo por aqui está se esgotando com o passar dos anos e eu já sofra um pouco de saudades antecipadas, assim como sofri quando fui pra Blumenau (hoje sofro de saudades de lá). Mas são situações que o lugar me propicia que eu jamais encontraria em São Paulo, e é nisso que eu preciso me apegar quando me bate uma pontinha de tristeza. É muito bom morar nesse “interior” que fica a 50 min do caos completo. O lugar que é um refúgio pra muita gente que eu conheço é o meu lar, todo dia é o paraíso natural aqui pra eu aproveitar.

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domingo, 22 de junho de 2014

Nem no passado, nem no futuro

Pelo verão de 83 nas montanhas de Minas Gerais um pouco perdido eu estava curtindo umas férias da faculdade com mais um bando de desorientados nos seus 20 e poucos anos. Depois de um semestre do caralho na faculdade tudo o que eu merecia era um tempo tranquilo respirando ar puro do interior mas com uma fogueira acessa pra potencializar o calor e um céu estrelado anunciando que o dia seguinte teria um sol de rachar. Ninguém fazia ideia do que era a vida e que rumo ela tomaria, nem nos meses seguintes e quem dirá nos anos seguintes. Eu só sabia que eu queria viver o momento, beber a cerveja gelada que eu segurava e embalado por https://www.youtube.com/watch?v=jsL2Alwoego num contexto que não fazia o menor sentido com a situação, mas meu cigarro tava acesso e meu olhar direcionado. Não esperava nada além disso na minha noite: umas risadas, as pessoas que a vida me apresentou e que eu amava, uma gana reprimida e muita indecisão na vida. Por que de nada eu sabia, só seguia, pra quê me preocupar? Na brisa leve que eu sentia só queria saber de dançar quietinho, observado, meio de olho no amanhã, indeciso mas seguro que eu não tava nem aí.

sábado, 14 de junho de 2014

Reblogo um milhão de referências com o pensamento “nossa, que massa, eu devia fazer algo assim” e nunca faço. Gasto sempre com coisinhas de papelaria porque adoro desenhar mas e aí? tô aqui deitado desde que voltei da academia, cheio de coisa pra fazer, querendo produzir algo que eu não sei bem o quê mas tá foda levantar.

terça-feira, 10 de junho de 2014

mal bem

aperta meu peito que dói menos
pode me bater e me xingar, briga comigo
arruma uma treta enorme
diz que me odeia, não quer me ver mais
não me quer na sua vida
pode falar em alto e bom tom: não
me machuca tão bem
querer e nunca ter
tão bom quanto te ver
é te ver com outro alguém, meu bem

domingo, 8 de junho de 2014

app amar

Se tá no tinder eu desprezo (mas eu tô também), aliás não respondo nenhum match porque tenho preguiça. Paquerou dando uns likes no instagram eu também acho bizarro e não dou trela nenhuma. Não adiciono ninguém que eu não conheço no facebook, acho afronta demais quando cutucam e não respondo inbox de estranhos. Se tem muitos amigos em comum perdeu pontos. Se curtiu fotos de amigos meus sem conhecer pior ainda. Ah, se segue muitos caras também em seja lá qual for a rede eu também tenho um pé atrás. Não adianta curtir meu feed inteiro ou pegar uma foto de 54 semanas atrás pra eu ver que me stalkeou porque eu não tô nem aí também e só esse já é um motivo pra eu nem ver seu profile. Não passo meu whatsapp pra ninguém que eu não conheço, não dou abertura, mas não é metidez. Criei essas barreiras de abordagem online e realmente não sou nada acessível, apesar de bem exposto. Se há um tempo atrás eu achava normal conhecer gente pela internet, hoje eu odeio. Só que parece que não é num café onde todo mundo que está solitário usa fones de ouvido e mexe no celular que eu vou conhecer gente legal, esses encontros do acaso onde um relacionamento surge ali na mesa ao lado ficam apenas nos filmes.
Julgo muito através das 4,7 polegadas nas pontas dos meus dedos e esqueço que do outro lado da tela tem gente tão carente quanto eu. Não posso reclamar depois.

muito pior

Não entendo porque as pessoas da minha idade são tão tristes (me incluindo nessa estatística). Não passamos necessidade alguma, temos tudo, estudamos em colégio bom e caro, papai paga nossas contas e até todo mundo se formar e se especializar as únicas preocupações são terminar o semestre sem nenhuma dp, mandar bem no estágio e ver se sobra um troco pro fds.
Me sinto exausto sempre. Dessa rotina chata e vazia, da faculdade atrasada que eu estudo, dos finais de semana que eu mal me lembro, de ficar preso na ressaca aos domingos querendo morrer. Isso sem fazer absolutamente nada demais. Tento não cair naquela de “todo sofrimento é importante” mas sinceramente eu e a maioria das pessoas que eu conheço não passam por nada de ruim na vida. Essas crises existenciais de domingo deviam ser consideradas falta de vergonha na cara porque enquanto eu tô aqui falando disso com angústia tem sei lá gente catando comida na rua na ânsia de sobreviver. E eu - debaixo das cobertas bem quentinho e confortável, debaixo de um teto de milhões – me deprimo com o trabalho de sistemas estruturais que eu não sei fazer porque mal fui às aulas. É um puta egoísmo da minha parte achar o fim do mundo tanta bobeira idiota do dia-a-dia que eu passo e não oferecer um cigarro pro mendigo que me pede na rua porque no fundo eu acho que ele devia tomar banho, estudar e trabalhar. Mas nem todo mundo tá reclamando por bobagem com sanduíche de pão com chia e macadâmia com creme de ricota aqui do lado.
Parece que eu sofro sofro sofro tanto e no fundo não há motivo algum pra me lamentar. Ainda acho minha rotina um porre, minha faculdade um atraso e minha solidão deprimente, mas além de não fazer nada pra mudar esse quadro eu não dou valor à toda essa merda fulano queria ter.
Reclamo de barriga cheia, choro por bobagem, devia ter levado uns tapas pra largar mão de ser mimado e acordar pra vida.

domingo, 1 de junho de 2014

plural ways of love, plural hearts in love, only one that gets hurt

Se eu penso tanto em amor é porque amo. Se repito a mim mesmo que quero namorar é porque não gosto mais de ser solteiro. Eu pareço aquelas mulheres aos 40 desesperadas por ainda não terem arrumado um marido.
Meu maior problema com relação à isso é que amo demais e não sei como lidar. Me machuco, me engano, me magoo, fantasio, choro, choro, igual neném. A pior parte é me enganar. Se eu coloquei na cabeça que um dia aquilo foi a melhor coisa que eu tive pra mim e que eu quero ter de novo, por isso essa busca louca por amor, infelizmente acredito no que repito, mesmo que talvez, no final das contas, não era bem assim. Não sei se é porque me feri um pouquinho mas é hora já de parar com essa mania de endeusar e abrir meus olhos: eu sou passado. E ainda vivo nele, o que é pior.
Paralelo à uma amargura eu tenho essa vida paralela, amor paralelo, que aperta e alegra meu peito sempre. Enquanto estiver meio obscuro vai ser assim, e eu novamente não sei lidar. Não sei ainda se sei lidar, de um modo geral, e não sei lidar, especificamente. Porque me dói mas eu gosto de gostar – e fantasiar, me enganar.. É diferente.
Não que eu seja um cachorro porque acredito em poliamor até mesmo pautado no ciúmes mas nessa dupla vida acontece. Ou eu acho que acontece né, vai ver é mais uma coisa que eu coloco na cabeça pra achar que é certo.
O que importa é que eu amo, certo ou errado, doendo a quem doer e quase sempre esse alguém sou eu, tem algumas coisas que não passam, tem alguns detalhes que não mudam. Vou me ferindo, apertando meu psicológico, tirando quem devo tirar do coração, deixando quem eu quero que fique mesmo se choro com apertinho, me distraindo, mentindo pra mim, conhecendo gente nova pra tentar driblar a situação também, afinal de contas, vai que né? Só não deixo de tentar.

                                                                                                           "Ser sua. Estar contigo. Parecer com você. Permanecer a seu lado. Continuar junto a ti. Ficar contigo” – não quero mais

fim de semana

Escrevi umas 5 vezes o começo disso aqui e apaguei, odeio fazer isso, parece que não tô conseguindo organizar direito tudo o que eu quero exteriorizar.
Tá tudo certo. Tá tudo jóia. Nem acredito que finalmente to me encaminhando pra me formar (3 semestres left!!!), minhas notas estão até que boas, recebi um aumento no trabalho e isso foi realmente muito gratificante, semana passada eu fui 6 dias da semana na academia, ando desenhando, fotografando até que quase toda semana, lendo quase todo dia, aliás meus dias estão bem corridinhos e eu durmo às 23 horas, cortei refrigerante, diminui drasticamente o cigarro e tô comendo direitinho, tentando ser mais saudável.
Pra quê?
Não sei.
Sei lá, quando eu finalmente atinjo um objetivo que era melhorar, ser melhor, produzir mais, levar as coisas mais a sério, ser mais responsável, fazer as coisas certas, as coisas que devem ser feitas, é bem legal até, porque eu sei que estou sendo correto, mas meu deus, minha nossa, como tudo isso é chato? ou chato sou eu? Minha vida é tão certinha e regrada e com horário pra tudo, rotina acaba, consome, não é legal. Meu dia-a-dia é cronometrado num nível eu tenho que sair de casa exatamente às 17:56 pra chegar na casa da minha carona no horário que ela costuma ir pra faculdade. Não saio antes, nem depois, saio todo dia às 17:56 e vou caminhando até a casa dela. Acordo 7:15 querendo dar um tiro na minha cabeça.
É confuso, não sei explicar, eu gosto da onde eu estou e me orgulho em ter conseguido fazer pequenas mudanças, mas ao mesmo tempo isso me chateia. Parece que eu nunca vou ter a vida que eu quero, cheia de coisas novas pra fazer, criatividade mil, zero horários, etc, eu tenho a impressão que daqui pra frente vai ser sempre assim e só piorar. Meu medo é cair na armadilha da vida adulta e – como todo mundo – viver só de final de semana.

domingo, 25 de maio de 2014

fast deutsche Vergangenheit

Ontem à noite eu sabia que ia fazer alguma coisa mas mesmo assim fiquei deitadinho na cama remoeando lembranças e sendo nostálgico pra variar. Não sei até quando isso vai durar. Chega umas horas que eu fico pensando muito em Blumenau, mesmo tendo aceitado e abraçado toda a minha realidade hoje e inclusive consciente de que se voltei foi por culpa minha. Mas é esquisito esse sentimento recorrente, da falta que me faz, de saudades.
Parece patético mas o que eu mais gostava era da sensação de estar pertencendo ao lugar. No começo tudo era novidade, mas depois de um tempo era rotineiro ir no Angeloni comprar ervilha congelada, passar na conveniência e comprar um vinho Do Avô pra beber na calçada, querer morrer acordando cedo pra ir pra aula, atravessar a passarela estaiada na frente da FURB, ou passar a tarde no galpão da arquitetura fazendo trabalho. Chegou um ponto em que eu tava adaptado à realidade do lugar, eu até sabia andar de ônibus pra tudo quanto é canto, fazia baldiação nos terminais e eu passei a vida inteira pegando um ônibus só por aqui, ou andando de metrô, foi uma vitória entender essa rede e saber todos os horários haha. Quando eu ia pro Neumarkt almoçar eu sentava no mesmo lugar sempre, adorava os waffles do Café Glória e comia até explodir no café colonial do Giasse (e sempre dava 8 reais!!!). Por um breve período eu insisti em voltar a ser fitness e passei a correr no Ramiro, vendo a galera andar de skate e jogar basket. Gostava muito de caminhar pela cidade, adorava o trajeto da minha casa até o centro e adorava o trajeto mais longo da minha casa até a Furb, a Max Hering não é nem um pouco característica com alguns prédios cafonas mas não sei explicar, era minha rua favorita. Quando eu me sentia meio solitário sempre recorria a uma cuca com Laranjinha na Dona Hilda ou ao croissant da Benkendorf ou me permitia a caminhadinha até o McDonald’s na frente do Terminal da PROEB e passava um Big Tasty no crédito haha. Acabei me acostumando a ler tanto nome alemão e meio impronunciável nos nomes de ruas e no comércio.
Nunca tinha parado pra pensar nisso até esses dias, por esse ponto de vista. Antes quando me vinha Blumenau na cabeça eu pensava nas pessoas, nos amigos, nas tardes confortáveis com a Day, nas paqueras, nas festas, da oktoberfest, da sommerfest, do stammtisch universitário, de antes de sair o pessoal dizer “vamo daleee”, do sotaque lindo, na risada gostosa e contagiante do Gui, sempre surgiam as lembranças de dias específicos, mas hoje de um modo geral eu acho que sinto mais falta de me sentir parte do lugar, de conhecer tudo, saber aonde estão as coisas, os lugares, como chegar até lá, eu era catarinense e falava cantando sim, era ridículo, mas eu adorava ser eu, daniel, morador da rua camboriu, blumenau, santa catarina, estudante de arquitetura e posteriormente design pela furb, desempregado, perdido, mas amando muito estar aonde estava.

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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Meio que do nada aconteceu e graças a Deus eu tagarelei sem parar. Depois de uns bons copos de bebida pela tarde, no cair da noite um amigão me aparece em casa e eu já muito bêbado até dancei. Risada boa, papo bão, companhia real, pode ser piegas mas como é massa falar sem parar bêbado tanta coisa que fica entalada sóbrio. Qualquer medo ou insegurança se esvai pelas palavras soltas e mesmo que os conselhos recebidos possam não ser dos melhores (ou eu qur não me lembro), o que vale é poder dividir com o outro alguma coisa que te incomoda e ver na cara, ali, estampado e aflito que nem eu, a preocupação genuína de quem realmente gosta de você. Sem papo vazio, sem consolo por pena, é bom sentir que tem alguém que se preocupa e por perto. Eu me preocupp muito com todo mundo e quero ver todo mundo bem e acabo esquecendo de mim. Foi só tirar do peito algumas angústias e depois vomitar na estrada indo pro rolê que eu já me senti melhor. Sou grato demais e aprecio muito quando saio só eu e o antonio porque a gente bebe, fuma, fala merda mas fala tão sério e apesar de não parecer, o toninho é um cara com uma puta cabeça boa e eu sinto orgulho disso.

sábado, 17 de maio de 2014

it’s friday (and) I’m in love

Já se passam 42 minutos da minha hora de dormir desde que voltei a não ter insônia todas as noites mas hoje, sexta-feira, eu relutei todos os segundos pra não vir aqui despejar um pouquinho de melancolia. Eu devia estar dormindo agora. Ou namorando, já que tá frio, eu to quentinho nas cobertas, só me falta um xamego, um cafuné até dormir. Mas tô acordado.
Tenho tanto peso na minha cabeça e tanta coisa pra fazer, tanta coisa pra dizer, tanto drama cotidiano mas que infelizmente é meu drama e eu dou importância. Eu sou tão paradoxal que normalmente repito pra mim mesmo que meus problemas são ínfimos perante a tanta coisa podre por aí (ou ínfomos perante ao universo, já que nós somos o grão de areia /13553322 ou seja irrelevantes mais que tudo) mas ao mesmo tempo acredito que se eu não der valor a tudo que eu passo.. quem dará? E qual é o sentido de passar por toda a chatice da vida sem pensar e repensar sobre os mais tolos sofrimentos?
Eu fico muito sozinho, me sinto muito sozinho e começo a viajar numa onda de aperto que some e reaparece e cada um deles tem sua origem. Tédio, amor, futuro, frustrações, ansiedade ou só maluquice mesmo, falei isso agora há pouco, eu sei sempre o motivo quando tô triste. Porque eu sinto tudo e muito de um jeito tão forte que eu sofro sofro sofro, sofro mil e sofro calado. Bem sozinho, bem tadinho, como hoje né, é tão babaca eu ficar triste por estar em casa numa sexta. Patético mesmo, porque no fundo eu tô feliz que não bebi e amanhã cedo vou conseguir ir pra academia.
Pra melhorar toda essa atmosphera, fui no tumblr de uma amiga ler o que ela escreve e li tudinho, desde o primeiro post, quando ela começou a escrever e não só postar outras coisas e eu fiquei mal por não poder tocar ela, segurar ela na mão e levar pra tomar um vinho, sei lá, sabe essa coisa da nossa geração de ter amigo espalhado por aí por causa da internet? A gente conhece tanta gente mas ao mesmo tempo não tem esse contato olho no olho que deveria ser primordial em qualquer relação de amizade. E essa menina é uma pessoa que se eu pudesse seria tão próximo a ponto de – lógico – confundir os sentimentos e acabar me apaixonando, mas ela é meio apaixonante mesmo. Enfim, li tanto, cada post lindo e depois de cada frase bem construída eu caí na tentação de vomitar bobagem e vim aqui, bastante vulnerável como sou, registrar essa belíssima noite, que já se repetiu outras vezes esse ano mas nunca foi registrada.
Queria encontrar o nexo, o sentido em qualquer baboseira non-stop-writing que eu escrevo. E que eu demore muito pra ler isso aqui porque não vale a pena.
                                     
                                                                                 01:01 am

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Se eu ousasse ouvir a voz do meu coração e gritar em voz alta o que secretamente eu gostaria que você soubesse, nós dois nos perderíamos. Por mais amor que haja entre a gente, eu estaria jogando sujo quando a única pessoa com quem você pode contar sou eu. E que assim seja até que o peso da desonestidade se faça pluma: eu não dou ouvidos ao meu peito e – por mais que não pareça – deixo a razão me comandar.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

hard to hold, no one that I know

Pra quem tava tentando ser mais frio e responsável, adulto e focado no futuro, eu ando é pra lá de romântico de uns diazinhos pra cá.
Fazem poucas horas que eu senti um apertinho e uma alegria repentina e simultânea, até vim escrever, mas é meio maluco como a solução pra alguma angústia surge repentinamente, seja uma faísca de pensamento ou alguma coisa que vi por aí. Tava lendo.
Percebi que vivo fantasiando situações e criando sentimentos que nada me fazem além de mal por puro e completo tédio. Me deixo entrar nesse estado por preguiça vazia e caio de cara no mais do mesmo, aquela coisinha que vem e vai mas que eu insisto em dizer que “é certo pra mim”. Non-sense after all.
Posso tentar culpar os outros pelas caídas no abismo do tédio amoroso também. A grande parte das pessoas que eu convivo ou namoram ou são extremamente jovens curtindo a vida cheia de hormônios que eu também costumava curtir. 90% dos amigos que se encaixam nesse segundo grupo só sabem falar de bucetas, da vadia que deu pra ele e deixou ele filmar, ou do cara que deu de quatro e gritou tão alto que o vizinho ouviu, das seis minas que ele pegou graças ao combo de 2 jack daniels + 8 red bulls na balada, também do menage bissexual (forte por sinal) de um conhecido que até então era hétero pra mim. Não que eu não me divirta conversando sobre esses causos, mas é que minha vida anda tão paradinha que não é a mesma coisa. E eu sei lá, sou bobão romântico no final do dia, que chora antes de dormir por uma ansiedade que eu não sei dizer da onde vem. Eu sou o mané que vai escolher namorar e ficar vendo porcaria no netflix agarradinho por dias do que uma orgia em ibiza open bar. Não sei dizer se isso é bom ou ruim.
É que já tem algum tempo que eu não conheço alguém que me deixa sem ar, meio aceleradão quando vejo a notificação do whatsapp. Sabe, faz tempo que eu queria ter um date de filme com alguma menina meiga e cheia de vida. Primeiro eu levaria ela pra jantar num lugar elegante com pratos franceses que eu nem saberia pronunciar, só pra tentar impressionar, no topo de um prédio bem alto, pode ser em são paulo (alguém conhece algum restaurante assim sem ser o Terraço Itália?). Depois a gente iria pra algum bar tomar uns drinks pra que ela tomasse uns drinks bichas e coloridos e eu arriscaria um dry martini porque sempre gostei. Em seguida levaria ela pra dançar, negaria todo o início da noite e ia querer ver nós dois bem alucinados dançando até o chão, visualizo bem batidinhas a la strokes ou frattellis (totalmente o oposto da onda hip hop desaparafusadora na pista que eu ando), e no meio do êxtase sob as luzes chamaria ela pra caminhar na rua de madrugada bem bêbado, a névoa do frio de outono seria agradável como um fade nível 12 do vsco cam e a gente não ia conseguir parar de falar até começar a se beijar e nisso já tá amanhecendo, cada um pega o seu táxi porque se a gente fosse pra cama a magia – pelo menos pra mim – iria desaparecer assim que eu acordasse querendo um banho.
Não sei se isso é meio surreal na minha idade porque eu não conheço muita gente que gostaria de ter um encontro desses. Todo mundo prefere virar umas doses de tequila e sair por aí fazendo merda sem se lembrar depois. Claro que não sou hipócrita – do rolê de sexta passada só me lembro justamente até o shot de tequila (depois de chorar na rua), mas meu desejo real naquela noite não era bem esse.
O pior é que todo mundo que eu enxergo uma possibilidade de chamar pra sair nesse contexto mora tão longe de mim, e vai ver justamente por isso meu coração se derrete todo com um post sobre o cotidiano de uma, a foto linda linda do instagram de outra, ou com o artigo inteligentíssimo compartilhado (quando você se sente ignorante no facebook é porque tudo vai de mal à pior), fico apegado a distâncias virtuais tão bestas que é bem normal me ver por aí dizendo que tô apaixonado por todo mundo.
Mas na verdade meu peito tá mais vazio que as garrafas de vodka do feriadão.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

the greatest

When I’m about to take you of my mind for a few moments, you come to me and say something amazing. I can’t really describe how many times this actually happened but It happened today and once again i’m just speachless. You’re definitely one of the best person I know and it’s insane how much I admire you as an incredible human being. I often take you by an example for so many situations that I go through my life. I could say you’re intelligent but I’ve already said that a million times (and that’s because you are), but I rather say that you are good. Even more than smart, or beautiful, or charming, or honest, you’re such a good big weird individual (hahaha) that makes me wanna say to everyone to fuck themselves forever because I love you and I don’t care at all. I could go through every shit that probably would come because you’re worthing my angel. I’ve never been so sure and I’ve never been so lost but I don’t dare to say that you make my life more special year by year and I feel so safe only by talking to you over the day. You’re more important than you think.

                                                                                                 let’s just stay the way we are, be with me forever but not with me forever at the same time

terça-feira, 6 de maio de 2014

cuddling loneliness

Agora que tá tudo bem vivo repetindo a mim mesmo “só falta namorar”. É uma cobrança pessoal, a idealização de felicidade, pra me satisfazer e me sentir completo mesmo. Só não sei se o que eu quero é isso mesmo ou se a ideia de estar num relacionamento realmente iria sarar minhas feridas.
Não é fogo no cu porque apesar de eu gostar muito de sexo sei que não preciso disso (mesmo porque não tenho há tem tempo). Mas quando fico sozinho, distraído, ou quando fico deitado, fatalmente começo a pensar que gostaria de estar abraçadinho, fazendo carinho, cafuné, um xameguinho na frente da tv, falando bobagem e dando risada. Um namoro cheio de preguiça compartilhada e muito beijinho. Meloso num tédio de domingo frio.
Fico nessa idealização besta de amor e acabo deixando muita gente passar por me ver numa situação clara já porém bem irreal. É nessa armadilha que eu caio e me prejudico, mas fazer o quê se eu sou bobão? Vou continuar sozinho, né.
Tem horas que eu pareço uma menininha falando..

segunda-feira, 5 de maio de 2014

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sábado, 26 de abril de 2014

never sent letter

i could give a hundred reasons but i prefer to keep it with me. it's been a while since my feelings are locked in a safe place and i won't ever dare to free them away. but this is for the best, the best for me and the best for you.
tem horas que eu fico de bobeira pensando em quantos motivos já me desse pra eu sorrir do nada, quanta risada boba, conversa fora jogada fora, conversa boa guardada, poucos abraços repentinos mas cada um deles me deixou completa e absurdamente feliz, seguro, amado. mesmo sem merecer. não há nada como nós dois juntos, linda.
to say you're the one would be like saying the sky is blue, because my dear i can't see anyone that fits me so right and it feels so right all the time.  i smell you everyday in my neck, it's like you're with me day by day, holding me.
i dont ever wait for the day that you'll realize that I am the right choice because I know this will never happen. that's fine for me. só não me larga por aí, fica na minha vida, não me deixa sozinho não que eu não tenho mais ninguém.
e quando meu chorinho escorre pra minha cama é só meu corpo reagindo à essa angústia que me bate e me derruba com saudades, aperto ocasional, carência emocional, falta do que nunca vai ser meu.
blessed to know you well, cursed to never have you, but always happy that you're the best part of my life.
even though i say it a lot, that's the one thing i will never say to you.

                                                                                                           there's nothing like you and i, so why do i even try?

sexta-feira, 18 de abril de 2014

20 uncool for what

Eu ando observando umas coisas relacionadas a alguns amigos meus e outras pessoas da minha idade mais ou menos também. Vou escrevendo tudo o que se passa na minha cabeça sem me preocupar muito com o esquema em si só pra eu liberar esse pensamento mesmo, talvez não faça sentido algum no final.
Parece que quando você chega nos vinte e poucos existe essa coisa constante em uma parcela da galera que é meio que procurar coisas novas, explorar caminhos diferentes, tudo o que é excêntrico e fora do comum se torna interessante e relevante, arte e afins. Aquela música em polonês soa estranha mas irada, a foto no ângulo despretensioso e sem nexo me atrai, uma paleta de cores mais sóbria e esquisita é legal, roupas esquisitas, lugares tão fora do normal que você se sente especial em estar nele, não sei se dá pra sacar. A gente (porque eu acho que em certos aspectos me incluo nisso) passa a buscar cada vez mais tudo aquilo que não estamos acostumados, ficamos inquietos com novidades a todo momento, informações surreais sejam elas em formatos de sons, palavras, imagens, videos, vestuário, linguajar, hábitos, modas e por aí vai. Não sei se isso acontece com todo mundo porque ao mesmo tempo eu vejo gente que eu gosto muito que está bem satisfeita indo no sertanejo na véspera do feriado e tirando a foto pro instagram com o filtro toaster de noite e tá tudo bem. E eu não tô recriminando, porque realmente tá tudo bem. Mas não entendo por quê eu e tanta gente nessa idade, nos 20, se apega tanto à sempre procurar alguma coisa diferente que tire a gente do contexto imposto e dito "normal" toda hora. Ser diferente em tantas circunstâncias sejam elas artísticas ou não parece tão interessante e empolgante mas por quê? Queria entender. Meu rabisco no moleskine junto com aquela pincelada de azul azulejo da vovó é agradável aos meus olhos, não sei se aos de todo o resto também mas se me agrada pela falta de pretensão então tudo bem. Mas na foto em hdr ia ficar meio babaca pra mim, pra blogueira de moda não. Perdi o fio da meada mas era nisso que eu tava na cabeça.

domingo, 6 de abril de 2014

several hours

i have an empty head full of thoughts
i have an empty heart full of feelings
i have an empty life full of actions
i have an empty future full of distractions
leading my own breakdown, waiting for some rescue that is coming from nowhere

sexta-feira, 28 de março de 2014

Falta

Enquanto eu passava meus dedos na telinha vi todas as fotos de uma menina que tive muito pouco contato enquanto morei no sul do país. Foi coisa de alguns dois meses mas ela é uma das pessoas mais legais e singulares que eu já conheci. Não que ela pense o mesmo ou lembre de mim porque ja me deletou de tudo quanto é rede social há tempos mas eu não ligo porque acho que o que importa é o sentimento que eu tenho por ela mesmo. E vendo as fotos me veio muita coisa na cabeça num momento bom da minha vida. Me dei conta de que eu sinto falta de Blumenau, muita, muita mesmo, toda hora, mas sorri sozinho no banheiro quando percebi que gosto da onde estou hoje. Tenho saudades do que vivi, das pessoas, dos momentos e das situações que eu vivi, só que sei que eu to no lugar certo e entendo e aprecio o futuro que me aguarda. É como se o tempo em bnu fosse uma memória gostosa de se relembrar. Me entristece mas me alegra saber disso agora.

terça-feira, 25 de março de 2014

Faceless

Na tentativa de depender cada vez menos da internet eu comecei tomando algumas medidas drásticas. Deletei o facebook, deletei o tinder, e não entrei no twitter por uma semana. O twitter eu não consegui largar porque eu amo muito aquilo, mas o facebook e o tinder não me fazem muita falta. Esquisito isso, porque até um tempo atrás eu enxergava o facebook como um RG. Você conseguia "saber" sobre uma pessoa dando uma leve stalkeada e ao mesmo tempo poderia mostrar um pouco de você pros outros também. Isso pode ser meio doentio e perigoso porque existe a diferença entre o compartilhar seus gostos, fotos, opiniões genuínas e mostrar pras pessoas o qºue você quer que elas pensem de você. Pelo menos eu não caí nessa, mas confesso que era bem desses que todo dia ia lá e postava uma musiquinha, uma foto, escrevia uma bobeira e ficava esperando a reação alheia. Olha que babaquice.
O pouco tempo com a conta desativada tá sendo no mínimo libertador. Chega de foto de bicho, de gente decapitada, da foto do rolê de fulano virando um jack na balada, chega de 34 fotos de uma vez pro album "~~*2014*~~". Me dei conta de que me livrei de muito conteúdo desnecessário e que eu querendo ou não fazia parte do meu dia-a-dia já.
Todo dia eu lia: a indireta da amiga falsa, a indireta pro ex-namorado ou ex-namorada, alguma frase poética ou reflexiva que alguém jogou no google pra postar, o check-in no restaurante badalado com mil likes, algumas piadas sem graça, ou a reclamação do calor de 40º do dia. Tirando as bobeiras em caps lock que aqueles parentes que acabaram de entrar pra rede colocam..
Por falar em parentes, acho que foi a melhor coisa que eu me livrei com essa saída. Mil tensões pra minha vida real eu já ganhei por causa de parente no facebook. Não podia postar música triste, piada, foto com bebida, foto disso, etc, que era eu ir pra casa da minha avó e já vinham umas 3 dias perguntar se eu tava bem porque "você postou uma frase assim no facebook e.." sabe? A última foi no carnaval que eu postei "Estou perdido" e todo mundo embaixo comentou algo do tipo "eu estou sem saber aonde é que eu estou", "que rumo vou tomar de minha vida?" e lógico que foram falar pro meu pai (que nem tem facebook e é super contra internet) que eu postei que estava perdido por Santa Catarina ou que eles precisavam prestar mais atenção em mim porque eu tava meio "perdido na vida". Cansei.
Obviamente deixei muita coisa ruim pra trás mas tem as coisas que fazem um pouquinho de falta. O chat por exemplo, tinha contatos só por lá e não tenho comunicação alguma mais com algumas pessoas. Mas se tratando do chat, eu percebi uma coisa curiosa: sabe aquele amigo ou amiga de conversar quase toda noite, de dar um oie por nada e ficar horas e horas e horas conversando e você pensa "nossa, esse é meu amigão mesmo" e você simplesmente gosta de jogar conversa fora? Pessoas que você tem todos os outros contatos mas se acostumou a falar sempre no facebook e dá um certo crédito a elas por isso. Eu percebi que essas amizades não são tão sólidas assim porque mesmo tendo contato na vida real, no whatsapp, email, telefone etc, chega dia e chega noite e elas param de te procurar! Não uma só específica, mas muita gente hoje em dia que sabe que eu não tenho mais facebook não vem bater papo em nenhum outro lugar. E não me faz falta porque eu tô fazendo outras coisas por aí. Doido né?
Uma hora eu sei que vou reativar de novo, essa é só uma rehab, mas quando eu reativar vai ser porque muito conteúdo da facul a galera troca pelos grupos no facebook e não é justo eu pedir toda hora pra alguém me mandar por e-mail. Vamo vê quanto tempo eu aguento sem.
O tempo que eu perdia vendo bobeira e tendo a minha vida acompanhada por muita gente hoje eu direciono pra outras coisas (tumblr, twitter, snapchat.. brincadeira). Mudei da água pro vinho na faculdade, trabalho melhor, leio muito muito mais e coisas que eu quero ler, ando o louco da dazed digital, sei lá, anda me agregando coisas boas. E as pessoas que eu quero manter contato eu mantenho por outros meios, e isso é o que mais importa.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Desde o início do semestre eu tô pegando carona com uma amiga que operou a coluna e os pais dela se revezam pra buscar ela na faculdade. Geralmente na volta voltamos eu, ela, a mãe dela e a vó dela. De uns dias pra cá essa minha amiga tem dito sempre que quer casar e a gente cai na gargalhada. Primeiro porque ela tem a minha idade e quer casar agora, segundo porque ninguém diz que ela tem cara de que quer casar. Ontem estávamos nessa de novo analisando o futuro dela como casada até que ela disse "Mas você também não vai casar nunca né Dan?" não entendi e disse "Claro que vou! Lá pelos 30, quando eu já tiver rico" brinquei. Ela ficou louca e disse que jamais imaginou que eu sou do tipo que quero casar. Ainda falou que achou que eu ia querer trabalhar, fazer uma grana mas que ia ser desses que sempre vai querer morar com amigos e só pensa em festa. Será que é essa a imagem que eu passo pros outros? Haha.
Eu quero casar sim, mas primeiro quero poder sustentar eu, minha mulher e meus filhos (2, 3 ou 4). Pra isso eu tenho que ralar muito ainda, e é nessa época de ralação que eu vou aproveitando uma vida de solteiro né. Mas eu vou sim casar, meu objetivo é lá pelos 30. A ideia de ter alguém pra compartilhar tudo pelo resto da sua vida e construir tantas coisas é tão linda que sério, se eu começo a pensar muito nisso eu começo a lacrimejar. Não preciso ter uma mulher perfeita, ela me amando e cuidando de mim sempre já tá bão. Quero ter carro bem grande pra levar a criançada na escola, morar em condomínio fechado (desculpa aí amigos arquitetos) bem seguro pra eles brincarem na rua, levar os muleques no jogo do corinthians, as meninas no ballet - ou as meninas no jogo e os meninos no ballet, tudo bem também. Preciso aprender a resolver todos os conflitos que eu tenho comigo mesmo até lá pra poder educar essas criaturinhas que eu vou colocar nesse mundo muito bem. Como não ficar louco de emoção só de imaginar pequenos seres humanos aprendendo a viver e saber que eles são parte de você, que você fez eles? Puta merda, isso é lindo demais.
Por mais que agora pareça tão distante, ia ser uma boa casar logo. Já quero. Alguém me arruma uma esposa aí e um bom emprego que eu trato de acabar com a faculdade logo.

sábado, 15 de março de 2014

Natalia da rodô

Passadas algumas horas de muito trabalho (proj. nerd e uma criação de juizo repentina), lá estava eu fumando meu cigarrinho na rodoviária enquanto esperava meu ônibus. Obviamente, de chamariz que sou, um mendigo peculiar (cadeirante) me pediu um. Dei o meu. Sentei num banquinho e comecei a ler. 5 minutos depois essa menina linda me cutuca e diz "Ei, você sabe me dizer aonde eu compro cigarro aqui perto?". Olha, perto não era, então resolvi ser gentil e oferecer um pra ela. Aproveitei o sorrisão bonito que ela me deu como resposta e fui acompanhá-la. "Você salvou minha vida", ela começou. Disse que estava triste, não era dali e não sabia nem que horas ia embora. Quando perguntei o por que ela estava triste ela desconversou e só falou que era boazinha demais e precisava ser mais cuzona na vida. Concordei com ela e acrescentei que sofria do mesmo mal. Ficamos nessa tagarelando sobre ter caráter e se fuder, até que quando perguntei pra ela aonde ela morava ela disse que era de São José dos Campos e veio pra cá ver o namorado. "Bom, ex-namorado agora" aí eu entendi e resolvi não tocar mais no assunto. Depois de saber que eu fazia arquitetura por aqui mesmo ela começou a falar que morou em outra cidade pra fazer federal, deu tudo errado e voltou pra casa dos pais e aí a gente entrou numa conversa de como a gente precisa se formar logo e ser rico. E como as nossas escolhas às vezes só servem pra gente quebrar a cara e aprender com isso mesmo. Bonzinhos. Fiquei louco pra chamar ela pra tomar uma cerveja depois dela dizer que só o que ela queria era estar de carro e ir tomar umas na beira da praia (disse exatamente a mesma coisa ontem), mas não fiz isso. Acovardei depois de tanta intimidade repentina e meu ônibus chegou. Ela perguntou aonde ficava o shopping, nos apresentamos e nos despedimos com um abraço e ela disse de novo "você salvou minha vida hoje!", agradeceu e foi.
Isso é algo que nunca ocorreu e eu sempre tenho comigo essa esperancinha de conhecer gente legal em lugares comuns tipo a rodoviária ou um café. Mesmo sabendo que eu não vou voltar a vê-la, fiquei feliz em saber que tem gente legal por aí e você só precisa estar aberto , ser gentil, oferecer o cigarro salvador e conversar. É do lado de fora que as coisas acontecem.

quarta-feira, 12 de março de 2014

0 à esquerda em São Paulo

Se a foto tem 10 likes você deleta, se não foi visto em tal festa aquele dia você não é ninguém, pra algo estar bem escrito no mínimo devem haver uns 2mil shares no facebook, não pensa que seu desenho é bom se só duas pessoas deram reblog dele no tumblr e o negócio é o seguinte: ou sua conta tem 50 mil followers no instagram e as pessoas te reconhecem na rua pelo seu @ do twitter ou ninguém vai te dar valor não. Aonde é que eu tô mesmo?
Precisa ter um trabalho descolado. Que envolva festas, viagem, música e que cada detalhe da minha vida seja compartilhada por aí só pra ter o gostinho de ver todo mundo invejando ela. Não existe essa de fazer as coisas por mim, o interessante é parecer interessante sempre. Claro que eu nem gosto muito de sushi, mas vou lá no restaurante japonês mais badalado pra tirar aquela foto e fazer check-in no foursquare. Meu drink é horrível, mas com o filtro valencia ele fica lindo. Minha roupa custa mais do que o salário de muita gente mas olha só quantos comentários perguntando onde eu comprei? Todo mundo me ama.
Não preciso estudar porque já tenho minha cota de contatos. Todo mundo me conhece. O fotógrafo tal, a modelo x, o empresário y, a cantora, a atriz, o dj, esse tipo de gente legal mesmo. Amo sair com eles. Meus melhores amigos da vida toda. A gente vai pra balada e tira uma foto todo mundo junto, meia hora depois já tô em casa nanando mas pra galera da internet (ou seja o mundo) eu tô me divertindo ainda. Aliás, não vamo lá amanhã tirar umas fotos naquele pico conhecido pra eu postar ao longo da semana? Vem todo mundo.
Você faz o quê? Administração? Hm. Estuda aonde? Ah na Anhanguera? Hmm. Você mora aonde? Vila Guilherme? Nossa não sei aonde fica não.. Como assim você não conhece o fulano, em que mundo você vive?
Aff.
As coisas mais importantes da vida toda são: seus contatos famosos, seu emprego que parece férias, +1000 likes no instagram em cada foto e ah, claro, dar uma voltinha na Av. Paulista e algum "fã" parar pra tirar foto com você e te marcar. Basicamente é isso. Que delícia ser tão querido pelos outros! Carinho é tudo.
Nada mais é importante e quem não faz parte desse clube não existe.

                                                                                                                                                                                                          done

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