quarta-feira, 10 de setembro de 2014

stanco di niente

Do pior Agosto que já enfrentei ao início de Setembro mais sem perspectiva, tudo o que tinha traçado pra mim se perdeu, graças ao peso das escolhas que eu mesmo dei por certas. Nada a declarar por hora.
Da ausência nesse semestre da faculdade ao curso de cinema aos sábados, do meu estágio que praticamente tirou minha promoção dada nas férias à possibilidade de passar uns meses na Coreia, da incerteza pra onde ir, o que fazer, a quem recorrer, à solidão do meu quarto cheio dos florais que agora tomo, da terapeuta (aleluia!!!) ao caderninho que levo comigo e escrevo ao invés de digitar, esse período tá sendo tão conturbado que eu não consigo definir muito bem. Não é transição, não é abandono, não é mudança, não é recomeço, é uma grande bagunça, mais do que nunca. Claramente quando algo vai mal o bonde da zica preta puxa todo o resto pra um buraco escuro, até eu chegar no ápice de exaustão emocional e das duas uma: ou vou me entregar, ou tudo vai melhorar.
Eu que sempre esbravejei defendendo o ponto de vista que o melhor era aproveitar o trajeto até chegar lá (na velhice) e não pensar muito no futuro, caí na minha própria armadilha quando achei que já tinha todos os passos ensaiados na ponta dos pés. Pelo menos tô conseguindo respirar um pouco, o desespero ainda não se faz presente e o arrependimento ainda não chegou. O problema desse semestre sabático tá sendo só justamente o leque gigante de possibilidades que eu tenho a minha frente mas não sei enxergar qual caminho seguir. A faculdade eu vou terminar – me obrigo a repetir isso diariamente – mas agora eu posso fazer tudo o que eu quiser e claro, acabo não fazendo nada.
Eu só penso em largar tudo e ir estudar arte. E em estudar outros idiomas. É muito adolescente isso, mas é uma ideia que não sai da minha cabeça. Não acordei ainda do sonho de pegar minha malinha e ir viajar por aí, aprender alemão italiano e francês, fotografando tudo em todos os lugares, escrevendo muito, desenhando muito, tendo uma vida simples e andarilha, esse saudosismo por on the road que nunca vivi e é tão arraigado no meu subconsciente que mesmo eu tentando me livrar dessas amarras eu não consigo. Deve ser porque nunca saí do país.
Mas tá, falando sério, é frustrante parar pra pensar e me dar conta que eu sou apaixonado por imagem, por qualquer expressão artística, por palavras, por línguas, por som e movimento, pela natureza, pela cidade, pelo caos e pela tranquilidade, saber exatamente quais são seus gostos mas mesmo assim eles parecerem embaçados como um bokeh da realidade, não me enxergo em caminho nenhum, não me aprofundo em nada, abro o Tumblr e me encho de referências que eu não sei bem pra quê servem. Pra quê servem? Será que eu, no fundo, não sirvo pra nada?
Minha vontade é de amarrar uma âncora no meu calcanhar e me jogar no pacífico a cada foto bem sucedida que eu vejo das pessoas por aí. Não é inveja, é um incômodo esquisito e um sentimento de impotência comigo mesmo, tem coisas que eu vejo e penso “por que eu não sou assim também?” e é péssimo porque eu sei que cada um tem seu tempo pra tudo mas bem que poderia ser eu casando, bem que poderia ser eu comprando um carro, bem que poderia ser eu num emprego bom aos 23 e indo pra Indonésia tirar umas férias.
Tudo o que eu sempre “condenei” aos olhos dos outros é na verdade tudo o que eu sempre quis pra mim.
Ser normal e medíocre.

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