sábado, 28 de junho de 2014

desasosiego

Quero entrar numa nova fase da minha vida em que processo criativo seja prazeroso e multidiciplinar, não posso me ater ao papel ou ao CAD e se arquitetura não me preenche como deveria, o que me impede de buscar vários outros caminhos?
A impressão que eu tenho é que eu passo horas do meu dia absorvendo referências em todos os cantos da internet. Se há algum tempo atrás isso era bem restritivo ao flickr pra mim, hoje em dia tá espalhado em todo lugar. Eu guardo tudo, salvo, tem coisas que até imprimo mas.. não me mexo. Não produzo e não sei bem explicar o por quê. Vai ver que isso acontece porque passo muito tempo confortável e quentinho na minha cama haha.
Não dá mais. O tempo tá passando, eu tô cada dia mais velho e não saio do lugar. A inquietude que um amigo meu mais velho demonstrou pra mim num bar da augusta me pareceu sem nexo por um momento mas hoje faz todo sentido. Ele deve ter uns 27, é formado, tem um puta trampo bom, carro e apartamento mas ele me disse “Dan, eu preciso me movimentar. Tô estacionado há uns 3 anos, tenho que crescer”. Na hora eu só pensei “cala a boca” porque ele meio que já chegou lá mas isso é bem coerente. Eu estacionei e me acomodei, e de insatisfeito (porém preguiçoso, haja coerência) que sou, logo começo a me deprimir.
Eu tenho um viés enorme de possibilidades e a ficha nunca cai de que eu posso fazer o que eu quiser sempre e paralelamente à faculdade ou estágio. Até que ando cercado de umas pessoas criativas que me enchem de orgulho mas esse tipo de influência positiva eu acabo não pegando, não consigo entender.
O ponto em questão é que se eu quiser me aventurar por outras áreas eu preciso primeiro dar o pontapé inicial pra que as coisas se desenrolem, e as férias estão aí pra isso. Chega de netflix por um tempo.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Guaralove

Tava começando a escrever sobre como – pra variar – acho minha vida um tédio e um saco e como eu gostaria de morar numa cidade maior e poder viver por aí, eu amo viver, sair numa terça à noite pra beber e ir virado pro trabalho só me é atraente num lugar grande. Não em Guararema.
Mas apaguei tudo, parei, e decidi pensar em anotar as coisas que eu gosto daqui. Não são poucas! Não quero citar os defeitos, só as maravilhas.
Há 12 anos eu detestava esse lugar com todas as minhas forças, hoje eu amo pra cacete. Pra começo de conversa é uma delícia eu acordar com barulho de passarinho, abrir a janela e ver aquela névoa gostosa do inverno que atrapalha minha visão mas infla meu peito com esse cheiro de natureza todas as manhãs. É um silêncio matinal que eu prezo muito. Vou pro trabalho de bicicleta, dá uns 5 km pra ir e 5 pra voltar e esse momento é sem dúvida uma das partes mais prazerozas do meu dia. E tinha tudo pra ser algo ruim se eu morasse em outro lugar: trânsito, barulho, bagunça. Mas não, eu pego uma estrada linda, verde pra todo lado, ouvindo uma música boa, fico viajando, começo o dia já fazendo dancinhas. É muito bom. Meu trabalho também é maravilhoso, eu amo minha chefe. Mas o que eu mais gosto é o escritório fica num bairro antigão, na realidade foi ali que a cidade nasceu, e ele é bem preservado. Parece uma viagem no tempo toda vez que eu chego pra trabalhar, volto a sei lá 1623, as casinhas (que lembram paraty), a igreja, a praça em terra batida, as ruas de pedra. É uma viagem sempre, um puta lugar pra conhecer e tirar umas fotos, lógico, mas melhor ainda é trabalhar num lugar desses! Meu trampo é bem tranquilo porque eu ainda sou estagiário então lógico que minha vida é meio apertada financeiramente. Mas cara, de verdade, não troco por um trabalho em São Paulo que eu ganharia facilmente o triplo do que eu ganho mas em contrapartida o stress iria acabar comigo.
No caminho de volta pra casa eu fatalmente encontro pessoas conhecidas. Isso é ao mesmo tempo bom e ruim, mas a parte boa é essa sensação de se sentir parte de um lugar quando você sai por aí cumprimentando os outros. Eu falo bom dia, aceno, quando tô perto parto e abraço, isso porque eu nunca fui de muy amigos (graças ao daniel adolescente) mas hoje isso tá mudando. Eu moro bem no centro da cidade e bem ou mal é tudo tão limpo, lindo e organizado que não tem como se queixar. Claro que mesmo no centro você não vê um prédio com mais de 3 andares e aqui não tem nem sinaleira de trânsito, mas é um bom lugar pra dar umas caminhadas, comer alguma coisa, passear. São muitas pracinhas e parques pra passar o tempo. Isso é algo que eu consigo aproveitar bem com os poucos amigos que moram aqui. De noite não tem muito o que fazer então a melhor alternativa – sempre – é pegar um vinho do pai ou comprar bebida no boteco e sair bebendo por aí. Tragando o cigarro, tagarelando, bebendo e dando risada com gente que você gosta: têm como pensar em balada numa noite assim? Aqui é tão seguro que eu não tenho o menor medo de andar por aí de noite ou de dia, é tão ridícula a ideia de pensar em não andar à pé por medo. Eu acabo esquecendo dessa vida urbana se eu tô numa dessa com alguns queridos. As pessoas aqui são meio difíceis mas quando se encontra gente legal você se apega e aí fudeu.
Quando o rolê não é esse ou ficar na casa de alguém, daí sim se pensa em ir pra outra cidade fazer alguma coisa mais animada.
Mas na vida diurna mesmo, além de pisar na rua pra apreciar o verde lindo que tá em todo lugar, dá pra inventar umas paradas. Isso que é legal, a falta de opção do que fazer acaba te deixando criativo demais num ambiente desse. Eu já perdi a conta em quantas vezes só saí por aí de carro pra tirar umas fotos, pra dirigir sem rumo pelas mil estradas de terra, correr na estrada, invadir construções abandonadas just for fun, nadar no rio, andar de caiaque com a kiki, ir conhecer os muitos bairros afastados e diferentes espalhados por aqui, andar de skate de madrugada, antes de poder dirigir ir até o alto do morro pra passar um tempo olhando a cidade lá do alto, desbravando umas ruas/trilhas aí que eu não conheço, e mais fotos, mais tempo passando, mais paradinha pra escrever, paradinha pra ler, ler no parque na beira do rio com um monte de capivara ao redor, passeios mil com as minhas cachorrinhas pela cidade, ir na pastelaria do calçadão e pedir uma Guaranita com pastel de queijo, sentar no pontilhão do trem e pensar se pulo no rio ou não (nunca pulei), sei lá, são coisas bobas descritas desse jeito mas que eu aprendi a gostar e a apreciar pra caralho.
Engraçado parar pra pensar e perceber como esse amor todo surgiu do nada. Eu detestava tudo a minha volta. Agora eu amo quase tudo! Até as festas juninas das escolas públicas daqui eu vou e adoro comer tudo, adoro o carnaval, adoro a festa do peão, me divirto pra caralho porque fico bêbado junto com todo mundo que eu vejo na rua sóbrio haha. Chega a ser tão legal quanto a sensação de estar bêbado num lugar que você não conhece ninguém e pode ser quem você quiser. Eu também amo as festas mais tradicionais tipo festa do divino espirito santo, festa do capitão e aquela que tem uma passeata com os carros de boi que eu não lembro o nome. Ah, acho lindo também quando é corpus christi que as ruas ficam todas enfeitadas com serragem colorida formando aqueles tapetes lindos. No aniversário da cidade também tem o desfile com mil pessoas e fanfarras das escolas, competição entre elas inclusive. Eu acho isso o máximo.
Talvez eu sinta que meu tempo por aqui está se esgotando com o passar dos anos e eu já sofra um pouco de saudades antecipadas, assim como sofri quando fui pra Blumenau (hoje sofro de saudades de lá). Mas são situações que o lugar me propicia que eu jamais encontraria em São Paulo, e é nisso que eu preciso me apegar quando me bate uma pontinha de tristeza. É muito bom morar nesse “interior” que fica a 50 min do caos completo. O lugar que é um refúgio pra muita gente que eu conheço é o meu lar, todo dia é o paraíso natural aqui pra eu aproveitar.

222222
IMG_7594___
IMG_8434
o-maticewq
page___
PhotoGrid_1376583546554
PhotoGrid_1376586440123

domingo, 22 de junho de 2014

Nem no passado, nem no futuro

Pelo verão de 83 nas montanhas de Minas Gerais um pouco perdido eu estava curtindo umas férias da faculdade com mais um bando de desorientados nos seus 20 e poucos anos. Depois de um semestre do caralho na faculdade tudo o que eu merecia era um tempo tranquilo respirando ar puro do interior mas com uma fogueira acessa pra potencializar o calor e um céu estrelado anunciando que o dia seguinte teria um sol de rachar. Ninguém fazia ideia do que era a vida e que rumo ela tomaria, nem nos meses seguintes e quem dirá nos anos seguintes. Eu só sabia que eu queria viver o momento, beber a cerveja gelada que eu segurava e embalado por https://www.youtube.com/watch?v=jsL2Alwoego num contexto que não fazia o menor sentido com a situação, mas meu cigarro tava acesso e meu olhar direcionado. Não esperava nada além disso na minha noite: umas risadas, as pessoas que a vida me apresentou e que eu amava, uma gana reprimida e muita indecisão na vida. Por que de nada eu sabia, só seguia, pra quê me preocupar? Na brisa leve que eu sentia só queria saber de dançar quietinho, observado, meio de olho no amanhã, indeciso mas seguro que eu não tava nem aí.

sábado, 14 de junho de 2014

Reblogo um milhão de referências com o pensamento “nossa, que massa, eu devia fazer algo assim” e nunca faço. Gasto sempre com coisinhas de papelaria porque adoro desenhar mas e aí? tô aqui deitado desde que voltei da academia, cheio de coisa pra fazer, querendo produzir algo que eu não sei bem o quê mas tá foda levantar.

terça-feira, 10 de junho de 2014

mal bem

aperta meu peito que dói menos
pode me bater e me xingar, briga comigo
arruma uma treta enorme
diz que me odeia, não quer me ver mais
não me quer na sua vida
pode falar em alto e bom tom: não
me machuca tão bem
querer e nunca ter
tão bom quanto te ver
é te ver com outro alguém, meu bem

domingo, 8 de junho de 2014

app amar

Se tá no tinder eu desprezo (mas eu tô também), aliás não respondo nenhum match porque tenho preguiça. Paquerou dando uns likes no instagram eu também acho bizarro e não dou trela nenhuma. Não adiciono ninguém que eu não conheço no facebook, acho afronta demais quando cutucam e não respondo inbox de estranhos. Se tem muitos amigos em comum perdeu pontos. Se curtiu fotos de amigos meus sem conhecer pior ainda. Ah, se segue muitos caras também em seja lá qual for a rede eu também tenho um pé atrás. Não adianta curtir meu feed inteiro ou pegar uma foto de 54 semanas atrás pra eu ver que me stalkeou porque eu não tô nem aí também e só esse já é um motivo pra eu nem ver seu profile. Não passo meu whatsapp pra ninguém que eu não conheço, não dou abertura, mas não é metidez. Criei essas barreiras de abordagem online e realmente não sou nada acessível, apesar de bem exposto. Se há um tempo atrás eu achava normal conhecer gente pela internet, hoje eu odeio. Só que parece que não é num café onde todo mundo que está solitário usa fones de ouvido e mexe no celular que eu vou conhecer gente legal, esses encontros do acaso onde um relacionamento surge ali na mesa ao lado ficam apenas nos filmes.
Julgo muito através das 4,7 polegadas nas pontas dos meus dedos e esqueço que do outro lado da tela tem gente tão carente quanto eu. Não posso reclamar depois.

muito pior

Não entendo porque as pessoas da minha idade são tão tristes (me incluindo nessa estatística). Não passamos necessidade alguma, temos tudo, estudamos em colégio bom e caro, papai paga nossas contas e até todo mundo se formar e se especializar as únicas preocupações são terminar o semestre sem nenhuma dp, mandar bem no estágio e ver se sobra um troco pro fds.
Me sinto exausto sempre. Dessa rotina chata e vazia, da faculdade atrasada que eu estudo, dos finais de semana que eu mal me lembro, de ficar preso na ressaca aos domingos querendo morrer. Isso sem fazer absolutamente nada demais. Tento não cair naquela de “todo sofrimento é importante” mas sinceramente eu e a maioria das pessoas que eu conheço não passam por nada de ruim na vida. Essas crises existenciais de domingo deviam ser consideradas falta de vergonha na cara porque enquanto eu tô aqui falando disso com angústia tem sei lá gente catando comida na rua na ânsia de sobreviver. E eu - debaixo das cobertas bem quentinho e confortável, debaixo de um teto de milhões – me deprimo com o trabalho de sistemas estruturais que eu não sei fazer porque mal fui às aulas. É um puta egoísmo da minha parte achar o fim do mundo tanta bobeira idiota do dia-a-dia que eu passo e não oferecer um cigarro pro mendigo que me pede na rua porque no fundo eu acho que ele devia tomar banho, estudar e trabalhar. Mas nem todo mundo tá reclamando por bobagem com sanduíche de pão com chia e macadâmia com creme de ricota aqui do lado.
Parece que eu sofro sofro sofro tanto e no fundo não há motivo algum pra me lamentar. Ainda acho minha rotina um porre, minha faculdade um atraso e minha solidão deprimente, mas além de não fazer nada pra mudar esse quadro eu não dou valor à toda essa merda fulano queria ter.
Reclamo de barriga cheia, choro por bobagem, devia ter levado uns tapas pra largar mão de ser mimado e acordar pra vida.

domingo, 1 de junho de 2014

plural ways of love, plural hearts in love, only one that gets hurt

Se eu penso tanto em amor é porque amo. Se repito a mim mesmo que quero namorar é porque não gosto mais de ser solteiro. Eu pareço aquelas mulheres aos 40 desesperadas por ainda não terem arrumado um marido.
Meu maior problema com relação à isso é que amo demais e não sei como lidar. Me machuco, me engano, me magoo, fantasio, choro, choro, igual neném. A pior parte é me enganar. Se eu coloquei na cabeça que um dia aquilo foi a melhor coisa que eu tive pra mim e que eu quero ter de novo, por isso essa busca louca por amor, infelizmente acredito no que repito, mesmo que talvez, no final das contas, não era bem assim. Não sei se é porque me feri um pouquinho mas é hora já de parar com essa mania de endeusar e abrir meus olhos: eu sou passado. E ainda vivo nele, o que é pior.
Paralelo à uma amargura eu tenho essa vida paralela, amor paralelo, que aperta e alegra meu peito sempre. Enquanto estiver meio obscuro vai ser assim, e eu novamente não sei lidar. Não sei ainda se sei lidar, de um modo geral, e não sei lidar, especificamente. Porque me dói mas eu gosto de gostar – e fantasiar, me enganar.. É diferente.
Não que eu seja um cachorro porque acredito em poliamor até mesmo pautado no ciúmes mas nessa dupla vida acontece. Ou eu acho que acontece né, vai ver é mais uma coisa que eu coloco na cabeça pra achar que é certo.
O que importa é que eu amo, certo ou errado, doendo a quem doer e quase sempre esse alguém sou eu, tem algumas coisas que não passam, tem alguns detalhes que não mudam. Vou me ferindo, apertando meu psicológico, tirando quem devo tirar do coração, deixando quem eu quero que fique mesmo se choro com apertinho, me distraindo, mentindo pra mim, conhecendo gente nova pra tentar driblar a situação também, afinal de contas, vai que né? Só não deixo de tentar.

                                                                                                           "Ser sua. Estar contigo. Parecer com você. Permanecer a seu lado. Continuar junto a ti. Ficar contigo” – não quero mais

fim de semana

Escrevi umas 5 vezes o começo disso aqui e apaguei, odeio fazer isso, parece que não tô conseguindo organizar direito tudo o que eu quero exteriorizar.
Tá tudo certo. Tá tudo jóia. Nem acredito que finalmente to me encaminhando pra me formar (3 semestres left!!!), minhas notas estão até que boas, recebi um aumento no trabalho e isso foi realmente muito gratificante, semana passada eu fui 6 dias da semana na academia, ando desenhando, fotografando até que quase toda semana, lendo quase todo dia, aliás meus dias estão bem corridinhos e eu durmo às 23 horas, cortei refrigerante, diminui drasticamente o cigarro e tô comendo direitinho, tentando ser mais saudável.
Pra quê?
Não sei.
Sei lá, quando eu finalmente atinjo um objetivo que era melhorar, ser melhor, produzir mais, levar as coisas mais a sério, ser mais responsável, fazer as coisas certas, as coisas que devem ser feitas, é bem legal até, porque eu sei que estou sendo correto, mas meu deus, minha nossa, como tudo isso é chato? ou chato sou eu? Minha vida é tão certinha e regrada e com horário pra tudo, rotina acaba, consome, não é legal. Meu dia-a-dia é cronometrado num nível eu tenho que sair de casa exatamente às 17:56 pra chegar na casa da minha carona no horário que ela costuma ir pra faculdade. Não saio antes, nem depois, saio todo dia às 17:56 e vou caminhando até a casa dela. Acordo 7:15 querendo dar um tiro na minha cabeça.
É confuso, não sei explicar, eu gosto da onde eu estou e me orgulho em ter conseguido fazer pequenas mudanças, mas ao mesmo tempo isso me chateia. Parece que eu nunca vou ter a vida que eu quero, cheia de coisas novas pra fazer, criatividade mil, zero horários, etc, eu tenho a impressão que daqui pra frente vai ser sempre assim e só piorar. Meu medo é cair na armadilha da vida adulta e – como todo mundo – viver só de final de semana.

Share