terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

when I look back all I see is blurry grey

Desses tantos poucos anos que vivi ainda não consigo compreender o que fazemos por aqui. Meus pais provavelmente diriam que essa questão seria respondida se eu fosse um pouco mais religioso, mas pra variar não segui os conselhos deles.
Quando olho pra trás vejo tanto de um passado que parece tão distante, minha visão fica embaçada. A que ponto cheguei.
Depois de tantos livros, filmes, fotografias, memórias falhas, aonde isso tudo vai me levar?
Quando eu olho pra trás vejo todos os amores que deixei, tantas vezes que chorei, tantos planos que ficaram só em lembranças nada concretas, cheiros que passaram como brisa, cabelos loiros, morenos, grandes, curtos, nas noites que não dormi, nas que dormi abraçado e nas que queria ter dormido abraçado, eu olho pra trás e encaro as decepções amorosas de um jeito que não deveria, meio amargo, melancólico, sinto uma perturbadora vontade de reviver o que não posso mais e já não consigo ao menos tentar.
Quando eu olho pra trás vejo quanta coisa deixei de fazer por não me abrir com meus pais, por duvidar deles, ser egoísta e achar que era o dono da razão. Sempre fui desses que fingia saber qual é a da vida mas pra falar a verdade não sei não. Todas as vezes que deixei de ouvir, me arrependi, mesmo que por orgulho idiota não deixasse isso claro. Meti os pés pelas mãos e acabei sozinho afinal.
Quando eu olho pra trás ouço todos os álbums do belle and sebastian que baixei um a um, todas as músicas do death cab, bright eyes, todas as canções de todas as bandas que me fizeram sentir vivo e que hoje estão esquecidas no meu presente. Essa nostalgia musical às vezes me arrepia, confesso, mas não sei até quando vou ser capaz de sentir.
Tantas vezes me recordo de cenas nos filmes e esqueço da vida real. Ou penso numa foto legal – com a desculpa que um olhar fotográfico também é arte mas na verdade é pro instagram – e deixo o dia=a=dia meio de escanteio. Não faz o menor sentido perder tanto tempo em telas brilhantes quando o mundo lá fora tem tanta coisa pra se fazer. Só não sei ainda pra quê.
Quando eu olho pra trás sinto o peso de cada copo de vodka que bebi, cada cigarro que traguei, cada noite que perdi, cada música que dancei, cada lugar que eu entrei, cada pessoa que beijei, cada vazio que senti, cada dor de cabeça e cada remédio que tomei, vários momentos sem fundamento algum em busca de preencher esse quadro meio branco com alguma lembrança e momento de prazer momentâneo. Então é isso que é ser jovem, ao que parece.
Quando eu olho pra trás vejo que a nada me dediquei, nada construí, que não tenho nada pra chamar de meu. Se existem meia dúzia de pessoas que me orgulho de amar, nunca vou entender como elas se propuseram a ter algum relacionamento com alguém como eu. Não tenho nada a oferecer além de algum drama aqui e ali, que vai e vem, nunca acaba.
Quando eu olho pra trás eu vejo cada oportunidade perdida e cada escolha errada que me levaram até aqui, cada beijo dado, cada mudança despreparada, cada decisão mal-tomada e cada cerveja engolida que de um refresco breve não me trouxe nada mais. Olho pra trás e penso: que merda.
Olho pra trás e vejo a estrada. Pra frente vejo a estrada. Me encontro no meio dela na minha bicicleta ou no meu carro, indo pra algum lugar que eu não faço ideia, tô cansado de não saber.
Desse olhar perdido até consigo enxergar coisas boas mas não consigo responder qual é o sentido disso tudo. A gente cresce, estuda, trabalha, acumula uma série de “experiências”, vê a vida passar na nossa frente, faz uma série de coisas que têm que ser feitas, perde tempo, recupera ele, mas não sabe direito o que deve ser feito. Então só vai fazendo. Vai vivendo, vivendo, correndo.
Não consigo entender como depois de uma vida toda eu me sinto tão, tão, tão sozinho.
Por que depois de tanto tempo eu continuo preso na solidão?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Não imaginava que esse furacão viria acompanhado.
Meu coração que já é perturbado agora bate mais forte, de um jeito meio errado.
Antes que alguém saia ferido, melhor eu me ferir.
No quesito solidão, o mérito é todo meu. Me mereço, sozinho.

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