terça-feira, 5 de novembro de 2013

1 de novembro

Os dias na faculdade não estão dos melhores, então já sabia que iria sentar na cadeira, olhar pro nada até umas 9 e pouco, levantar e ir pra casa. Pra minha surpresa, lembrei que tinha colocado na mochila meu livro favorito, num plano de ler ele esse ano já que tava tudo uma merda e ele sempre me dá um ânimo pra viver. Comecei lendo bem tranquilamente, até que logo nas primeiras páginas algumas passagens que sempre me causam um baque ao ler ativaram alguma parte adormecida no meu coração. Sempre que volto a ler On The Road acontece isso. Me sinto livre mais uma vez e me reencontro com o meu eu de anos atrás.
Quase instantaneamente as lágrimas caíram e eu nem liguei pro bando de pessoas que mal olho na cara diariamente ao meu redor. Limpei meus olhos mas meu batimento cardíaco tava acelerado. Entrei na vibe.
Eu tenho plena consciência que meu instinto aventureiro de largar tudo por aí e pegar estrada têm sua essência nesse livro e eu sou tremendamente influenciado por ele. Tenho noção também do quão fora da realidade essa ideia está e da minha total falta de coragem pra dizer adeus e só ir em frente. O que eu não consigo entender é o por quê disso ser tão atraente pra mim e por que eu sou tão insatisfeito com qualquer situação mais cômoda e rotineira em que eu me encontre. Tô fazendo tudo certinho: trampando, estudando, controlando os meus gastos (na medida do possível - vejo meu saldo no banco sempre e esse é um bom começo), levando a vidinha que em 2011 me cansou e me fez mudar pro sul do país (e voltar pra casa com o rabinho entre as pernas). Se a vida certinha, se o fazer o que tem que ser feito, hoje, não me dá prazer e alegria alguma, quando dará? E se essa vida regrada e correta não me agrada, por que me falta coragem pra fazer diferente?
Talvez a questão seja eu saber o que quero pra mim. Já que não sei, vou levando. E já que não gosto do que vou levando, a melhor alternativa sempre parece abandonar tudo e fugir. Nesse vai não vai, acabo ficando no mesmo lugar.
Depois de secar minhas lágrimas na aula e ainda com o livro aberto, olhei pro professor e ele parecia já estar colocando presença na lista de chamada. Digo parecia porque não tenho certeza. Não titubeei, acreditei no incerto, peguei minhas coisas e corri pra longe daquele lugar que eu odeio. No caminho até o carro, mais choro. Passando pelo bar lotado de alunos relapsos, me perguntei o que eu tava fazendo no meio disso tudo. Continuei andando, liguei o carro, liguei o som no último, e nessa mistura de lágrima, música alta, minha gritaria saindo da garganta como nunca e meio sem motivo, desviava de todo e qualquer carro lerdo na estrada sem pensar duas vezes e por sorte não sofri nenhum acidente. Cheguei em casa ainda acelerado e minha mãe me dá uma bronca por pegar o carro em um dia que meu pai ia usá-lo. Cortou minha onda. E como se não bastasse, fiz as contas de cabeça e percebi que se o professor não estava fazendo chamada, eu já estava essa hora reprovado por falta em tecnologia b.

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