quinta-feira, 14 de outubro de 2010

iuiui, iuiui


Se o método de escrita de Jack Kerouac é escrever ininterruptamente tudo o que vem na cabeça, também posso fazer o mesmo, então não perca seu tempo lendo aqui esperando algo produtivo porque vai ser bem no estilo meu querido diário. Não gosta, vaza.
Há duas semanas decidi que eu tinha que fazer algo por mim mesmo pra escapar da rotina, e quer algo melhor do que viajar pra sair dela? Eu amo viajar. Meu refúgio sempre foi ir pra praia, mas como tinha ido pra Guaecá nas férias, não tava com aquele tesão de descer a serra de novo. Queria descer mais embaixo. Decidi ir pro Oktoberfest sozinho, eu e Deus. Mal lancei no twitter e já tinha mais duas companheiras de aventura, um lugar pra dormir e amigos pra beber. Quando as coisas são pra dar certo, elas simplesmente dão. Não conhecia ninguém pessoalmente mas fui mesmo assim, esse negócio de conhecer amigos de internet já não é novidade pra mim há muito tempo mesmo meus pais não gostando da idéia. Sou tão moderninho.
Enfim, fui pra Curitiba primeiro pegar as meninas que iam comigo pra Blumenau. Não consegui dormir direito na viagem porque eu tava muito ansioso, eu sou ansioso né mano, aí não durmo mesmo. Quando cheguei de manhãzinha tava um frio do caralho. Entrei num taxi laranja (achei isso muito engraçado) e cheguei no apê da rafinha e da isa. Tão lindas, tavam sem dormir. Me apaixonei na hora por elas, até pela isa que eu nunca tinha conversado antes. Fizemos uma hora, dormimos, e fomos pra Blumenau. No ônibus não consegui dormir de novo e fiquei vendo a estrada. Se tem uma coisa que eu amo nessa vida são estradas. Essa estrada era muito linda. Já tava me fascinando com as araucárias até que depois de Joinville tudo o que eu via eram plantações de arroz, nunca vi tantas na vida. Depois de uma hora e pouco na rodoviária e vários tweets engraçados de desespero achando que não viriam nos pegar, uma galera que de início achei meio estranha brotou e a rafinha ainda falou "certeza que são amigos do raue". E eram, porque depois ele apareceu e a vida era boa de novo hahaha, juro que a gente achou que ia ter que dormir na praça. Sem muitas apresentações, outra coisa que achei estranha, nos instalamos na casa da menina que iria nos hospedar. Depois do SHOQ inicial e da minha vontade repentina de não querer ter mais filhos, foi só comprar umas bebidas que tudo ficou alegre novamente.
Me prendi no primeiro gole daquela bebida de maracujá àquelas pessoas.
A festa é legal até, tem muita mulher bonita, muitas loiras, vocês sabem que eu amo loiras, e a coisa mais legal do mundo: milhares de pessoas com trajes típicos germânicos. Nunca vi coisa tão legal na minha vida. Tirando a fila pra tudo e o mar de gente, gostei muito. Comprei uma caneca, tomei chopp, ri demais e me apaixonava por cada pessoa que me olhava. No dia seguinte acordei no carro do dave, num lugar desconhecido e sem ninguém comigo, HAHAHA. Horas de desespero depois, fui regatado e me contaram que fui eu que quis dormir no carro, af mano sou muito idiota. Fiquei cheio das dores daí. A essa altura da trip eu já não ligava mais pra nada, tava louco por aquele sotaque dessa gente linda, comecei a falar cantando e aí fudeu. No shopg umas minazinhas de 12 anos seguiam a gente por causa do raue, e falando em shopping, o de lá é mil vezes melhor do que o de mogi (o que não é tão dificil). Na verdade tudo lá é melhor do que em mogi ou guararema. Não tive como não ficar doido com todas aquelas casinhas alemãs e todo aquele verde. Decidimos comprar umas cervejas e fazer um esquenta pra noite, alugamos uns filmes também. O filme é muito engraçado, e mesmo bêbado memorizei uma frase que eu vou guardar pra sempre: "Esse é o problema de se apegar às pessoas: quando elas te deixam, você se sente perdido." Twittei essa frase com variações 3 vezes. A noite caiu e uma galera foi embora, ficamos só nós. Depois de espirrar ratti, descobrir o signo de linda e matar alguns zumbis, tava tão relaxado e de bem com a vida que só sabia rir de tudo. A pior coisa que me acontece é que quando eu tô muito feliz desejo que aquele momento nunca acabe, guardo tudo na minha mente e começo a me preocupar com o dia seguinte. Não queria me despedir deles na segunda feira. Kaaaar, gatinha, assim você me assusta. Tive uma noite especial, diferente e excitante, mas não preciso entrar em mais detalhes. Fui dormir com saudades, acordei com dor de cabeça e fui arrumar aquela zona. No fundo quis demonstrar ali gratidão pela brenda (que nem sei se foi muito com a minha cara), e dei uma geral no apê enquanto todo mundo dormia. Pouco tempo depois o dave chegou pra levar as meninas de curitiba pra rodoviária, e eu não queria que elas vazassem não. Aquelas gurias são muito lindas, muito fofinhas, tenho vontade de abraçar cada uma delas. Passei a tarde vendo tv com a brenda e a pomba, e fui me apegando à elas a partir daí. Não queria que a noite chegasse porque não queria ir embora. Fiquei um tempo na varanda e memorizei cada detalhe da vista que eu tinha. Da casa com piscina, da esquina, da creche ao lado da casa da piscina, do fim da rua sem saída, das árvores do fim da rua, e poraí vai. Fomos pro shopping sem Raue, voltamos e ele apareceu. Assim como os pais da brenda e seus irmãos. O que são aquelas crianças? Eu detesto crianças, detesto mesmo, mas foi impossível não sentir carinho por aquelas criaturinhas loiras e falantes e sempre puxando assunto contigo. E a adriana também nossa, que mãe é aquela, queria fazer parte da família naquele minuto. Dali em diante a pombalina ia embora também e quando vi não tinha carona pra rodoviária e o tempo tava passando. Perdi o ônibus, fiquei nervoso mas depois me tranquilizei no sofá. Me tranquilizei até demais, o que foi ótimo. Pomba também perdeu teu ônibus e eu fiquei feliz por passar mais uma noite com aqueles guris. Uns ficaram loucos com raiska pura, eu fiquei louco com outra coisa bem melhor. Foi aí que eu saquei qual é a da vida e das coisas simples que ela te proporciona. Nunca tive tantas paixões momentâneas. São pequenas coisas que você guarda contigo. "Queres um travesseiro?", "Tais bêbado.", Nickelodeon, sofás, cobertores, cervejas, sorrisos, cigarros, olhares, cafunés, abraços, gargalhadas, céu, estrelas e tudo o que há de bom. E esse sotaque lindo. Mais uma vez desejei que o tempo não passasse. Infelizmente passou, entrei pra vibe da vodka e acabei adormecendo. Passei o dia seguinte ansioso e num parque lindo, dando risada, ficando no boldo e querendo fazer a elza em uma pessoa. Queria ter um parque daqueles na esquina da minha casa. Tinha conseguido trocar minha passagem pra de noite e não tinha mais como adiar minha volta. Não queria voltar. Não queria largar aquela gente. Mas não queria trazer eles comigo também, queria deixar tudo aqui, família, emprego, faculdade, casa com piscina, viagem pro exterior e o caralho a quatro. Dei muita importância ao desnecessário por um bom tempo, e tem muita coisa linda pra ser apreciada que eu nem imagino. Coisas simples. Gestos sabes. Quando tu quer uma coisa absurda e não consegue, tu fica frustrado, e eu queria mais dias por lá daí. Não me despedi do jeito que queria, mas abracei forte cada um. Entrei no ônibus e senti um aperto que eu não sentia desde quando deixei a Laura em Goiânia. Acabei chorando um pouco e não me envergonhando disso, por que pra que ligar pra aparências né velho? Me cansei de muita coisa que eu dava atenção por aqui, aprendi que nada vale tanto a pena quanto momentos. E pessoas. O jeito que a pomba falava as coisas, tão louca, e que a brenda dizia "já paaaaaaareeeee" ou "piranha safada", ou quando o raue dava risada, ou quando a isa dizia "eu sou linda" e o dave contava alguma história, ou a rafinha olhava com um olhar matador, sei lá, eu observo demais até. São pessoas que me completam, e pessoas diferentes das que eu convivo só me acrescentam muito mais. De que vale merda de status, grana, influencia, ou qualquer outra merda que todo mundo quer por aqui quando a realidade de muitas outras pessoas é outra? Essa viagem me valeu de muito, mais muito mesmo, muito mais do que bebedeira e pegação ou qualquer coisa que as pessoas esperavam que fizesse.
Escrevo sem limites e digo coisas que eu não deveria dizer, eu sei, afinal quem se apegou fui eu né, não sei se é recíproco e não sei nem se alguém de lá vai ler. Mesmo não sabendo, queria que tivesse se apegado a mim como me apeguei a eles e aquele lugar, mas se não, não tem importância, de sentimentalismo já basta um só.
Depois de me sentir vivo por 5 dias, retorno ao cotidiano de academia/trabalho/faculdade. Mas ando com outra perspectiva. Quando eu quiser largar tudo isso, vou largar. Quando achar que é a hora de abandonar e buscar outras coisas pra se fazer, vou fazer, porque essa vida é muito curta pra eu só ficar lamentando dela, e eu não queria viver em vão, nem na rotina não.
Quero sumir, fugir e estar em vários lugares ao mesmo tempo, aproveitar cada coisa devagar, sugar as pessoas só pra mim e carregar comigo.
Me pergunte se chegasse bem que eu digo que quero voltar.








espero não ter sido exagerado, porque eu sou muito. e infelizmente tive que omitir algumas coisas, mas é melhor assim. sei lá, to com saudades.

Um comentário:

Lígia Timóteo disse...

aah que lindo isso *-* eu nem te conheço, mas achei muito bacana essa fuga de rotina sua, chorei lendo, sério :D

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