domingo, 1 de abril de 2012

do depois

Quando você era criança e tinha infinitas opções de escolha pro futuro, o que você queria ser? Eu já quis ser bombeiro, policial, médico, biólogo marinho, publicitário, fotógrafo, psicólogo, escritor. Estudo pra um dia me tornar arquiteto. Um dia, bem longe, uma realidade bem distante.
Todos me perguntam: “Por que você faz arquitetura?”. Não sei responder. Todos me dizem: “Você tem cara de publicidade”. Não vejo isso. Me falam: “Suas fotos são ótimas, por que você não faz fotografia?”. Não quero que meu ganha pão venha de tirar fotos da festa de aniversário de 4 anos de fulano.
Uma vez meu pai me disse que não importava a profissão que eu escolhesse, sempre iriam ter os lados negativos dela. É pedir muito uma que só tenha coisas boas? Sem lado negativo algum? Ir pro trabalho fazendo coisas legais sempre e nunca ter um dia com chatices pra se resolver. Não é esse o emprego ideal? Pois é o que eu queria pra mim. Pra quê me contentar com coisas ruins se eu posso querer sempre coisas boas?
Eu gosto de arquitetura, só não amo. Me interesso pra caralho sobre toda a história, o lado criativo da área, da estética, das ideias novas que surgem e etc. Só não sei lidar com o lado chato. Não quero lidar. Semestre passado eu só não desisti pois comecei a fazer estágio e lá recebi uma injeção de ânimo gigantesca que acho que nunca mais vou ter. Meu ex-chefe é foda. Falo isso de boca cheia mesmo, ele é bom. Me ensinava cada coisa, me dava vontade de continuar, vontade de crescer na profissão. Ele é a única pessoa que me inspira e é nele que eu penso quando ouso a pensar em trancar o curso. Queria ser igualzinho a ele. Só que pra isso eu preciso de uma imersão total no mundo arquitetônico. Sem distrações. Sem meninas, sem internet, sem tv, sem responsabilidade alguma, sem planos, sem amigos, sem família, sem nada. Queria uns 6 meses fora só estudando noções de arquitetura, só a parte criativa, pura criação, na sua essência, viver num ambiente cheio de ideias novas e vanguardistas. Preciso respirar arquitetura pra sentir de novo a vontade e esperança que eu tinha assim que entrei na faculdade na minha primeira aula de história da arte. Só que isso é impossível de acontecer.
Fora o estudo, tem o trabalho que vem depois. Atualmente eu quero muita coisa. Gostaria de trabalhar com arte visual, no sentido mais amplo. Sabe, chegar no trabalho e falar de um filme que eu vi, comentar sobre a mostra que a minha colega foi ver, ou da exposição de tal cara que foi bem bacana, de mexer com imagens, desenhos, fotografias, poder usar minha câmera no trabalho sem ser pra fazer um book de casamento da gordinha, misturar cores, pegar uma tela em branco e pá, com um papel e caneta começar o que vai ser parte de um trabalho maior, de fazer coisas grandes que as pessoas vejam e toquem elas, que tudo isso faça parte do meu dia-a-dia e que eu seja recompensado financeiramente por isso, porque emocionalmente só de imaginar eu sei que já seria abençoado. O meu dilema é que comigo sempre fico na vontade. Eu só fico pensando nisso, faço uma pesquisa ou outra, não boto a mão na massa e não faço com que nada do que eu quero aconteça. Não sei em qual área eu trabalharia com tudo o que eu quero de modo interligado. Não sei se eu seria bom nessa área (seja lá qual ela for). Existe um nome pra essa profissão?
É por isso que eu não desisto ainda da arquitetura. Vou continuar por anos ainda graças à dp e algumas matérias que já desisti. Mas vou terminar, é o que eu tenho por hora. Dá pra me entender? Mesmo eu me ferrando nas matérias, eu insisto, insisto e vou continuar nessa. Eu só espero que todos esses anos não sejam jogados no lixo, que o dinheiro do meu pai valha a pena pelo menos um pouco, que acabando a faculdade eu consiga tirar proveito do que eu aprendi ou tentei aprender.
21 anos nas costas e ainda não sei o que quero ser quando crescer.

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