terça-feira, 11 de novembro de 2014

11-11 la femme et le mendiant

Depois de mais ou menos umas 2 horas e meia andando muito pelo Pátio Paulista, resolvi ir pela avenida ao encontro do que ainda me faltava comprar. Tava um calor leve até, mas eu já me sentia exausto, cansado, só queria comprar tudo de uma vez e ir embora. Detesto sair pra fazer compras hoje em dia, e isso era uma coisa que eu adorava antigamente. Horas batendo perna e entrando e saindo de loja não é mais pra mim. Enquanto eu caminhava e reclamava da vida mentalmente - em pleno sábado - só sabia pensar "que bagunça essa paulista", cheia de gente sempre, tão grande mas que me chega a dar claustrofobia. Foi então que passando pelo MASP meu olhar foi ao encontro com uma mulher, linda, elegante, morena com cabelos ondulados, de salto alto e vestindo roupas que deveriam custar o triplo do meu salário. Não foi a beleza e o porte dela que me chamaram atenção, mas sim porque ela estava sentada ali, ao lado do espelho d'água, junto com um morador de rua sujo, provavelmente fedendo muito, sem dentes, encardido, mas ainda assim era uma pessoa. A expressão da mulher é algo que eu nunca vou esquecer: ela tava gargalhando. Rindo muito, com a mão direita apoiada na perna do mendigo de tanto que ela ria, como se estivesse com as amigas num bar ouvindo uma história da balada da noite anterior. O mendigo sorria também mas olhava bem pra ela, ela tava até de olhos fechados. Isso durou uns 5 segundos no máximo porque infelizmente eu não parei, segui andando, mas esse episódio não sai da minha cabeça. Chego a não dar a mínima mais pras compras, pra balada que foi boa, pro sexo, pra bebedeira que eu tive, pros amigos que vi no final de semana, o que me martela desde sábado é a mulher rindo muito com o mendigo embaixo do museu com tanta gente passando e ignorando ele e ela, duas pessoas tão diferentes mas que estavam ali, juntas, gargalhando, sabe-se lá por que motivo.

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