quarta-feira, 3 de abril de 2019

03.04.2019

É sempre em meio a uma crise, um conflito, que me pego pensando no que escrever. Geralmente eu tô na rua, no ônibus, no metrô, na academia, segurando a dorzinha no peito mas pensando em exteriorizar. Nos últimos anos perdi esse hábito que já me fez tão bem, essa é mais uma tentativa de voltar à ativa.

A última passagem pelo quase-choro-no-dia-a-dia foi quando me dei conta de que em todas as áreas da minha vida existem falhas. No meu trabalho as coisas andam mornas, me questiono diariamente se o que eu faço faz algum sentido ainda, não me sinto desafiado ou aprendendo nada novo. Em contrapartida adoro meu chefe e adoro o studio. A grana anda me preocupando também, acho que entrei num vortex de gastos (pra variar) complicado, felizmente tenho minha mãe pra me socorrer, mas é um pesadelo comparar minha conta bancária com a fatura do cartão de crédito. Minha última apelação pra me controlar financeiramente é ir no mercado e comprar tudo do mais barato.
Essas questões de trabalho me fazem refletir todos os dias sobre quem eu quero ser no futuro. Porque agora, na teoria, com quase 30 anos, era pro futuro já estar sendo escrito ou acontecendo. Não sei ainda em que direção seguir profissionalmente, por incrível que pareça tô com saudades de estudar, só não sei o que ainda. É meio foda, achei que depois da faculdade o dia-a-dia se encarregaria de me encaminhar pro lado certo da parada, mas vivo nesse paralelo de me jogar em algo que acredito muito ou no que daria grana pra sobreviver em São Paulo.
Aliás, sobreviver em São Paulo tem sido ótimo, desafiador, denso, todos os dias ao acordar. É sensacional porque quando eu paro e penso eu tô levando a vida que meu eu de 15 anos sonhou um dia (chorei na praia semanas atrás percebendo isso). Formado, trabalhando, morando num apê massa, namorando, amigos, família, tudo jóia. Tirando o dinheiro, pra variar. Enfim, São Paulo tem sido okay comigo até. Tem momentos que só quero largar tudo e correr pra Guararema, o ar daqui é bem pesado, não consigo respirar, caminhar é fatalmente ser abordado por algum morador de rua em situação de vulnerabilidade que eu não posso ajudar, muito muito barulho, muita sujeira, muita energia que a gente pega no transporte público que não é nossa, mas dorme com a gente. É bem doido. Mas é bom, não sei explicar. Gosto da sensação de estar na maior cidade do país, tem sempre muita coisa acontecendo apesar de não aproveitar tudo. Esse é um sentimento recorrente, sinto que não aproveito tudo o que SP pode me oferecer, já que vivo na ponte-aérea Santa Cecília - Pinheiros, mas também essa falta de aproveitamento pela falta de grana do momento: parece que tudo o que eu quero fazer custa 150 reais.
Falho também quando penso em família, uma área que anda bem loka desde que meu pai faleceu. Me pego preocupado com a minha mãe e irmã todos os dias, faço o possível pra manter a calma e o impossível pra ajudá-las com o máximo de poder que possuo: a palavra. Converso, ouço, oriento, dou minha opinião, tento fazer de tudo pra resolver os problemas das duas, mas parece que nem sempre sou ouvido. Dou o meu melhor, mesmo que meu melhor não seja suficiente. Aprendi a me perdoar e não me culpar pelos problemas delas, já que tenho os meus, então por mais angústia que sinto a cada mensagem de desespero que recebo, me blindo pra não nos tornarmos 3 grandes perdidos numa família que ainda não acabou.
Ando falhando no campo amizades nos últimos tempos. Confesso que me traí. Sempre disse a todos que quem começa a namorar e esquece dos amigos é babacão e existem situações que me vejo fazendo exatamente isso. Juro que não é por mal. E juro que não é menos amor. Mas é engraçado me dar conta de que hábitos que faziam sentido pré-namoro hoje já não fazem mais. Não consigo ir nas mesmas festinhas que meus amigos, ficar muito tempo em certos assuntos na hora de conversar. Me dá um apertinho porque consigo ver alguns deles escapando pelas minhas mãos, entre meus dedos, e não me esforço muito para mantê-los por perto. O pior de tudo é que não há conflito. Obviamente aquela meia dúzia segue junto, zap zap todo dia, encontrinho semanal, mandar mensagem quando a saudade bate. Bem que meu pai já me falou: são poucos que são meus amigos de verdade, apesar de conhecer bastante gente.
Já no amor as coisas são menos complicadas. Tem quase um ano que estou completamente entregue e apaixonado pelo cara mais legal que já me apareceu. Frio na barriga toda vez antes de encontrá-lo, muita risada, jogação de carnaval, sexo mais do que incrível, amazing, e, apesar de estar ciente da sua personalidade de lua (que me causa muita, muita ansiedade), hoje finalmente acredito que estamos no mesmo patamar de sentimento e que ele me ama também. Com o tempo vamos ajustando expectativas e caminhando lado a lado, é muito bom ter o Bu perto de mim.

Sempre penso no passado pra poder entender como anda meu presente e pra onde quero ir no futuro. Parece que o eu do passado sabia muito bem o que queria e como fazer as coisas, apesar dos recursos limitados. É meio nebuloso hoje olhar pra trás, ando buscando bastante referência pra poder olhar pra frente. Fazer dos dramas de hoje menos importantes, relaxar, tô fazendo tudo certo e não preciso dessa pressa millennial bizarra comigo o tempo todo. A sensação de que o viver era mais simples antes é péssima, porque hoje ainda é simples, só falta acordar pra realidade e ser menos desesperado. No final das contas eu sei que tô no caminho certo, a taróloga já me disse, com o tempo tudo se resolve. Imagina quando o retorno de Saturno chegar?




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