quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Fase

Nunca fui o tipo de pessoa que faz milhões de planos e que eles se concretizam, então ao longo dos anos fui parando de viajar nas ideias e continuei vivendo o presente de acordo com o que a vida foi me proporcionando. Há uns 4, 5 anos meu planinho pro futuro, ou pelo menos aonde eu imaginava estar com 20 anos era em São Paulo, morando sozinho, com carro, apartamento legal, fazendo publicidade no Mackenzie, com um emprego legal, levando uma vida adulta que todo mundo espera ter. Que diferença de realidade, né?
Entretanto, sempre fui um cara muito apegado ao passado. Curto até hoje lembrar do que já passou, de tempos bons, memórias, épocas da minha vida que ainda é curta, coisas que dão saudade. Quem me conhece sabe bem disso. Reparem: quantas vezes eu falo “saudades né” num dia? Isso é porque eu sinto saudades o tempo todo. Saudades de pessoas, saudades de lugares, saudades de momentos, saudades de namoradas, saudades de outros ares, saudades de fases que passei. Fases. Algo transitório.
Converso e aprendo muito com uma amiga do trabalho, a Cris, gosto muito dela apesar do pouco tempo de convivência que a gente tem. Esses dias enquanto trabalhávamos na maquete que a gente tá fazendo ela tava me contando uma das milhões de histórias de vida que ela tem (dão um livro, ou mais de um), e ao final dela (que por sinal era ótima) eu cheguei e perguntei “E você nunca mais teve contato com essas pessoas?” e ela disse algo como “Não, passou, ficou pra trás. Foi uma fase da minha vida e eu acho que o que passou passou, não fico remoendo essas coisas, a gente tem que pensar lá na frente.” Cara. Como ela tem razão! Às vezes fico na minha vasculhando as saudades que eu sinto de milhões de coisas, pirando numa nostalgia, tentando sempre manter contato com todo mundo que já teve sua importância em uma determinada época, querendo tudo e todos ao mesmo tempo comigo pra vida inteira, e acho que isso foi mais forte depois que o colégio acabou quando toda a minha rotina mudou do avesso. Eu faço muito isso, fico remoendo o passado como se ele ainda fosse presente mas não é. São fases. A gente tem que passar por muitas coisas, por muitas experiências, mas tem que saber o momento de deixar elas pra trás. Eu ainda não sei, claro, mas me dar conta disso já é um avanço.
A dúvida é: será que eu consigo fazer o mesmo? Não tomando como exemplo mas acreditando que há uma verdade nisso tudo. Sabe, eu tenho um mundo de possibilidades aqui na minha cara, será que as decisões e atitudes que eu ando tomando não são reflexo do que eu sinto falta no passado? Eu poderia fazer mil coisas, mas antes tenho que me conscientizar de que passei por fases, que elas ficaram pra trás, são lembranças só, que tenho que ir em frente e não estagnar pensando que as coisas possam ser como antes algum dia e fazer com que elas voltem a ser como eram.
Não tô abandonando tudo e todos, sei quem são aqueles que vão continuar ao meu lado até eu me tornar um velhinho caquético, mas não posso mais me importar com aqueles que passaram por pura consideração. As pessoas vêm e vão por puro acaso, mas não é por acaso que elas permanecem.
Eu, hoje, tô vivendo uma fase. Muito boa por sinal. E me desapegar de coisas e pessoas do passado só vai refletir numa fase melhor ainda no futuro. Vamo que vamo.


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                                                                     “honesty waits here forever”

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