segunda-feira, 1 de novembro de 2010

No fim de tarde de sábado depois do expediente, a Maria me ligou pra dar umas voltas e umas tragadas. Aceitei na hora mesmo já estando dentro do ônibus, saltei dele e fiquei no aguardo. Sentamos na nossa praça favorita e conversamos sobre várias coisas, mas pela primeira vez pus pra fora algo que já sentia dentro de mim mas nunca havia expelido em palavras.

Me dei conta de que não tenho mais ambições.
Enquanto todos querem o mesmo pacote pro futuro, uma bela casa ou um belo apartamento gigantesco, carros caros e roupas, e uma família com seus filhos não passando pelo menor aperto, eu não. Percebi que de uns tempos pra cá me tornei outro e já não penso mais nessa baboseira toda. Semana passada meu pai disse que se eu quisesse comprar um carro hoje eu conseguiria parcelando em milhões de vezes que ele me ajudava, mas eu só respondi "Não quero pai, não vejo necessidade." E não vejo mesmo, não quero um carro, não acho necessário hoje. Não quero nada caralho.
Ouço umas pessoas por aqui dizendo "Meu, faturei uns 5 mil com tal coisa", "Já tô vendo um lance que vo ganhar mó grana" e não consigo sentir nada além de asco. Asco porque 1. você só vive em função de fazer dinheiro 2. não me interessa quanto você tem. Eu sei que digo isso porque não passo por uma situação ruim financeiramente, e também não sei se é triste ou não, mas não me vejo mais ganhando rios de dinheiro num futuro próximo ou não.
A verdade é que abri os olhos pra esse mundo e vi que as coisas não foram pintadas como me disseram. No colégio ainda tinha uma esperancinha de futuro brilhante e promissor, hoje não tenho não. Hoje sei que vou estar satisfeito com qualquer empreguinho, fazendo qualquer faculdadezinha, com ou sem nenhum carrinho, nem casinha. Sei lá, não tô ligando mais pra essas coisas materiais.
Essa falta de ambição pode ser passageira ou permanente, mas só ando dando mais valor ainda às coisas simples (eu sei que é clichê, não me julgue). Eu vim pra cá é pra ser feliz, abraçar muito forte quem gosta de mim, sorrir pra estranhos, beber até vomitar, escapar da realidade às vezes, fazer coisa errada, correr sem rumo, pular, beijar, estar próximo de gente que me faz bem e que me quer, dizer pra minha mãe que eu amo ela, nadar nú, rolar com meus cachorros, gritar sem motivo, pichar o muro do vizinho e não ligar pras consequências. Existe tanta coisa excitante no mundo que só tenho vontade de dizer tchau pra tudo e todos e ir lá provar cada uma dessas experiências.
É fácil falar, eu sei, mas se eu não falar nunca vou criar coragem pra fazer tudo o que quero.
Eu não quero fazer tudo isso sozinho.

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