quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Real

É uma linda manhã de verão e eu acordo. Viro minha cabeça e e vejo a parede. São quase 10 horas e os raios de sol invadem meu quarto pela frestinha da janela. Levanto e estralo o pescoço, ouço pouco barulho da rua. Não há ninguém em casa, ando pelado porque acordei assim. Vou mijar, lavo as mãos, lavo o rosto e faço meu café. Como sucrilhos. Meus pais estão trabalhando e minha irmã no colégio, hoje a empregada não vem. Sou um bom filho, lavo a louça, arrumo a cozinha, dou comida aos meus cães, eventualmente varro o quintal inteiro. Depois de tudo isso me permito dar um mergulho na piscina, aí tenho que colocar a cueca pois minha vizinha pode me ver nadando da janela, e eu ainda tenho pudores. Sinto que levo uma vida confortável. Também sinto que não estou nada satisfeito com ela.

Deixo o computador ligado e vou vendo o que acontece. Há comida na geladeira pra esquentar mas minha preguiça é maior. Pego o carro, vou até o fim da rua no mercado e compro um macarrão que fica pronto em 2 minutos no microondas. Minha irmã chega e almoçamos, damos risada e ela me conta tudo o que aconteceu na escola essa manhã. Costumava sentir falta daquele lugar, hoje parece tão distante de mim que às vezes nem me lembro. Lavo a louça, dou comida aos meus cães e chinchila, brinco com eles um pouco. O tempo parece demorar pra passar quando não se está trabalhando, mesmo assim fico adiando minha caça à um emprego/estágio, quem sabe depois do carnaval. Sento no sofá e acabo adormecendo enquanto transito entre o vh1 mega hist e o e!. Não me chame de fútil, televisão é entretenimento. Passo a maior parte do dia pensando em uma única coisa que tem nome. São 3 da tarde e eu pego o ônibus pra outra cidade pra ir à academia. Todos são neutros naquele lugar, eu gosto disso. É tentador malhar sabendo que tem um subway logo ali descendo o elevador, assim como todos os outros restaurantes do shopping. Tomo banho, atravesso a praça de alimentação olhando fixamente para a saída, não tenho mais dinheiro pra gastar com comida todo dia. Vou para a faculdade e, por incrível que pareça, começo a estudar. Estou interessado no assunto e a aula será com a minha professora favorita essa noite. Meus amigos chegam, começo a dar risada mas presto atenção. Pego o ônibus de volta para a minha cidade umas 10 horas. Chego em casa, minhã mãe prepara uma comidinha pra mim e ligo o computador. Madrugada adentro fico conversando com todos que estão longe e perto, gostava mais da época em que via meus amigos diariamente. São 2h e meu corpo pede descanso, deito em minha cama e não consigo dormir, penso em milhões de coisas, faço milhões de planos e é nesse planejamento noturno que acabo me desconcentrando e finalmente adormeço. Sonho com o irreal, sonho com o surreal, levo um susto grande e..

É uma linda manhã de verão e eu acordo. Viro minha cabeça e e vejo a parede.

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