segunda-feira, 27 de junho de 2011

Countdown


Não sei se isso é um mal da minha geração, das pessoas da minha idade de círculos parecidos com os meus, ou é só da minha cabecinha arrogante que acha que já sabe de todas as coisas, mas a idéia de abandonar tudo ao seu redor e viver de arte (de alguma forma que eu ainda não sei) lhe parece tão atrante como parece a mim?
Não sou artista, nunca fui. Já me meti a pintar, falhei. Já me meti a desenhar, falhei (só pra registrar eu curso arquitetura na faculdade). Já tentei cantar, falhei (óbvio). Já tentei tocar algum instrumento, falhei. Nunca tentei escrever direito, mas provavelmente iria falhar. Ah, também nunca tentei produzir um filme, tampouco atuar numa peça séria de teatro (a da sexta série não conta). Modéstia à parte mas eu tiro umas fotos legais até, mas nada que me dê algum dinheiro. Existe alguma outra arte por aí?
Tá, agora eu tô começando a me achar bem ridículo só por digitar a palavra “arte”. Ok. Tá. Continuando.
Você aí que tá perdendo o seu tempo lendo, já pensou em desencanar dessa vida acadêmica de faculdade, já pensou que nenhum trabalho normal te satisfazeria plenamente como homem, nada do que tem nos classificados do jornal de domingo te daria prazer em executar, que toda essa coisa de estudar/trabalhar/enriquecer/sustentar/consumir é um lixo, que a vida devia ser muito mais do que girar em torno do dinheiro? São muitas perguntas. Mas é basicamente o que eu tenho na cabeça por hora.
Sempre achei que eu devia trabalhar com algo relacionado à criatividade, tanto que minhas 3 primeiras opções no vestibular eram Arquitetura, Publicidade e Fotografia. Acabei escolhendo arquitetura porque era o que eu sempre quis fazer, mas nunca senti paixão por isso não, na realidade acho que tem muita coisa chata que eu não tenho saco mesmo, mas vou levando, não vou desistir do curso não. Eu posso muito bem continuar com tudo, fazer uns cursos depois que eu me formar, ter um belo de um currículo mas e aí? Ou eu posso me formar e trabalhar com outra coisa que pode não ter nenhuma relação com o que eu estudei, mas e aí? Sabe, tudo isso que a gente tem que fazer, que dizem pra gente que a gente tem que fazer, é uma grande merda. Qual é o sentido disso tudo? De nascer, estudar, crescer, trabalhar, comprar coisas, comprar coisas, comprar coisas, pra quê? Existe alguma outra opção?
É por isso que eu falei de arte no começo (mais uma vez me sentindo ridículo por escrever “arte”). Eu queria é ser muito macho pra mandar tudo pro inferno, explodir a faculdade, subir na minha motoca e viver a vida de outro jeito, expressando sentimentos através de arte seja lá como ela for. Roubar uma grana de alguém e ir pra Vaduz, pintar os Alpes, tocar violão na beira do Danúbio, tirar fotos mentais de cada lugar que eu passar nesse mundo, amar cada pessoa que surgir na minha vida como se fosse a última, ir vivendo a vida como se fosse o último dia.. Talvez eu não entenda muito de arte não, né. Olha aí, quando eu disse que não escrevo sério é por isso, tô sentindo mil coisas com relação a esse lance de viver de outra maneira a não ser essa que todos conhecemos mas não consigo expressar do jeito que eu queria através das palavras. Que merda. Mas alguma coisa do que eu disse faz algum sentido?
Não dá sabe, dinheiro é bom e eu gosto muito mesmo, tô sofrendo porque estou sem, mas se eu pudesse, se eu tivesse tanta coragem quanto vontade que tenho, eu jogava tudo pro alto, virava um vagabundo tentando entender do que se trata a vida, do que eu devo fazer com ela ou do que eu não devo fazer com ela.
Viver tem que ser mais do que poucos momentos de diversão aos fins de semana. Não quero ser escravo de trabalho, carreira e do meu suposto sucesso profissional até eu ficar velhinho. Não quero me matar de trabalhar e fazer contagem regressiva pra aposentadoria chegar. 
Deixa eu viver agora. Só não sei bem como.

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