segunda-feira, 20 de junho de 2011

Scellée

Inicialmente eu pensei: “ótimo, aconteceu novamente”. Como sempre me deixo levar pelo egoísmo e momentaneamente acredito que o mundo está conspirando contra mim. Tudo o que eu havia planejado tinha acabado e mais uma vez o sentimento de frustração e impotência reapareceu.
Na minha cabeça já estava puxando um histórico de frustrações. Meu pai sempre acabava com qualquer plano importante que eu tinha pra mim, muitos deles que ele mesmo propunha. Tenho mil exemplos. No ensino fundamental meu pai dizia “o daniel vai estudar na itália no colegial, morar com a madrinha dele”, passaram-se os anos e ele desistiu da idéia. No colegial meu pai dizia: “o daniel vai fazer faculdade na Itália, vai morar com a madrinha dele, entrar no italiano e..”, ok, dessa vez minha madrinha cortou meu barato (btw nunca vou perdoá-la). Só zuei no colegial mas meu pai me disse que gostaria que eu fizesse Mackenzie. Na hora de prestar vestibular, ficou puto porque eu fiz a inscrição escondido e aparentemente essa era uma idéia absurda. Não passei, óbvio. Aí ele disse uma vez a um amigo dele numa viagem que a gente fez “Foi bom até o Daniel não ter passado, só zuou o colegial inteiro, ia chegar lá sem base praticamente. Ele vai fazer cursinho”. Certo, eu queria mesmo fazer cursinho. Depois de um tempo ele disse que eu não iria me dedicar, e que se eu quisesse fazer cursinho era pra eu trabalhar de dia pra pagar a mensalidade e estudar à noite. Certamente não havia a menor possibilidade disso acontecer, então desisti e é por isso que hoje eu faço FAU-UBC em Mogi mesmo.
Voltando ao assunto, achei que meu pai tava cortando minha vibe novamente porque né, é algo que ele costuma fazer. No carro ele veio com um papo dizendo que era melhor eu esperar pra me mudar pra Blumenau. As coisas estavam muito corridas, não ia ter tempo de me organizar, ele não sabia se ia conseguir pagar a faculdade (ele ainda não sabe, mas diz que quer que eu vá do mesmo jeito. ele diz muitas coisas né), que não conhece meu amigo que ia dividir apartamento comigo (mas isso não é problema) e que ele achava que eu deveria ficar mais um semestre em casa, arrumar um trabalho, juntar uma grana e não ir para o sul desse país sem um real no bolso. Mas finalizou: “é só uma idéia, a decisão final é sua, eu e sua mãe queremos muito que você vá pois vai ser uma ótima experiência”. Não gosto dessa coisa psicológica pra cima de mim, mas tá. Fiquei na minha pensando, como no começo desse post pensei já que ele estava causando, que mais uma vez tudo deu errado, fudeu mesmo. Mas nada como um dia após o outro né? Pensei por uma semana, fiquei na indecisão por uma semana, até que no ônibus voltando da faculdade um pensamento desses que decidem sua vida assim surgiu: “Ele tá certo”. E tá mesmo. É bem melhor eu esperar, ver as coisas com calma, trabalhar e ir no fim do ano. Faz muito mais sentido do que correr contra o tempo só pra satisfazer minha vontade. Além do mais, a MV voltou dos Estados Unidos e eu já tava sofrendo por antecipação achando que só ia ficar perto dela por poucas semanas. Ela vai amar ler isso.
O meu único medo era que tudo isso fosse fogo de palha e que agora que adiei essa mudança eu ficasse numa zona de conforto e me acomodasse, desistisse. Vou manter o foco. Foco é a palavra do momento. Tô me organizando, vou arrumar um trabalho, o primeiro que aparecer. Juntar grana, fazer mais um semestre de ubc, ser mimado por mais alguns meses e desfrutar das facilidades que eu ainda tenho porque não serão para sempre.
Meu futuro tá selado, bem longe daqui.
E vai passar tudo rapidão, dezembro tá logo ali!
Agora me diz como eu ainda insisto em bater de frente com meus pais? Quando eles dizem "a gente sabe o que é melhor pra você", realmente estão certos.

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