quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

where I belong


Nenhuma palavra, nenhuma frase iria conseguir descrever o que eu ando sentindo nos últimos dias. Quando penso que já atingi qualquer extremo, me dou conta de que eu mal me conheço. Há um tempo atrás eu disse que gostava quando passava por diversos sentimentos num curto intervalo de tempo, dava a impressão de que eu vivia mais. Hoje não gosto disso. Tudo me parece uma mistura de tristeza, alegria, lágrimas, amor e saudade. Fazia tempo que eu não chorava.
Parece que foi ontem mas hoje notei que moro em Guararema há 10 anos. Tenho curtido os pequenos momentos que esse pequeno lugar me proporciona. Ante-ontem achei uma estradinha de terra tão linda, não conhecia ainda. Fiz questão de dirigir por cada canto que eu gosto aqui, minha rua favorita, meu morro favorito, minha estrada favorita, o bairro que eu morava quando me mudei. Olhei pra primeira casa que eu morei aqui por uns 2 minutos. Passei na vendinha que fica na esquina da minha rua, ia lá com meus amigos roubar doce quase todos os dias, o mesmo cara pateta ainda trabalha por lá. A árvore que a galera se reunia na outra ponta da rua não existe mais. As pessoas que moravam na rua não são mais as mesmas. Estranho que o curto intervalo de tempo que foi minha pré-adolescência ficou guardado com tanto carinho comigo que não imaginava que sentiria saudades ao passar por esse lugar.
É esquisito esse clima de despedida porque eu já estava desacostumado a ele. Quando saí de São Paulo me lembro só de chorar no último dia de aula com a minha “gangue” da quarta série, dar um selinho na minha namoradinha e abraçar a professora Jaqueline. Depois a única despedida considerável foi quando eu decidi sair do colégio que estudava em Guararema pra ir estudar em Mogi. Só algumas fotos no último dia de aula também, algumas promessas de “vamos nos ver todo dia, vamos sair, vamos no clube sempre” que com o passar do tempo foram completamente esquecidas. Daí no terceiro colegial que a coisa ficou mais adulta, só que não era só eu que estava me despedindo, era todo mundo. Uma despedida coletiva. Essa série de mudanças que a gente programa pra vida serve pra ver quem são os que mais gostam da gente, quem é aquele amigo verdadeiro, quem vai continuar contigo mesmo de longe também. Até que me sinto preparado pra isso e pra algumas decepções, mas faz parte.
Não gosto dessa sensação de que cada lugar que eu vou, cada pessoa que eu vejo, cada rua que meu carro passa é a última vez que ele vai passar, que é a última vez que eu vou ver, que é a última vez que eu vou visitar. Não estou morrendo. Eu vou voltar. Mas porque parece que eu não vou? Gente chorando, eu chorando, pedidos pra que eu fique, pessoas ainda não entendendo o propósito dessa experiência toda, me sinto querido até, mas por que parece que eu tô indo pra forca e não pra um lugar mais bonito e melhor?
Ao contrário do que pode parecer, eu nunca, jamais, em hipótese alguma desprezo o que essas 3 cidades fizeram por mim: São Paulo, Guararema e Mogi das Cruzes. Digo que odeio São Paulo mas é claro que não, sinto um puta orgulho de ser paulistano, cidade maluca cheia de coisa boa e ruim, é da onde eu vim né, e é pra onde eu sempre vou voltar. Mais do que a capital, gosto tanto do estado que eu nasci que ainda digo que antes de brasileiro eu sou paulista, meu. Já Guararema foi um caso de amor e ódio, cheguei e fiquei por anos com raiva de tudo e todos, mas pouco a pouco aprendi a amar e percebi que pedaço do paraíso é esse lugar. Pode dizer que é roça, que é mato, que não tem nada pra fazer, mas olha, como eu gosto de tudo isso aqui. Acho que só quem mora na cidade entende o que eu falo. Se eu quiser pegar minha bike agora eu vou, ligo pra um ou outro e digo “vamo na praça tal ficar de boa?”. Compro minhas cervejas e fico horas. Vou pro pico mais alto e vejo um monte de luzinhas brilhando e todo mundo lá embaixo dormindo. Chego no café mais gostoso da cidade e peço uma Guaranita. Na sua cidade tem Guaranita? Duvido. É cada peculiaridade que eu poderia fazer um post só falando de Guararema mas não vou. Com Mogi foi diferente. Cheguei amando e passei a desgostar no último minuto do segundo tempo, mas ainda é amor. Eu gosto dessa coisa de nem cidade grande nem cidade pequena. É sempre um lado bom e ruim, em tudo. É legal você ir no shopping e sempre encontrar alguém conhecido, mas esse é o lado ruim também. Fatalmente você vai estar sentado no café da praça central, vai passar alguma menina e você vai falar pro seu amigo “cara, já peguei essa mina”, porque sim você já pegou! Vá pra alguma das baladas/bares locais e encontre no mínimo umas 5 pessoas que estudaram com você no colégio, mas umas 10 da sua faculdade, fora um ou outro que você já viu por aí. Gosto disso e não gosto disso. O conhecer todo mundo é bom e ruim, mas não sei se isso é com todos, comigo é. Gosto de todas as festas tradicionais de Mogi. Vou no Akimatsuri, Festa das Nações, Festa do Divino, etc. Acho bacana como a maioria das pessoas nasceram lá ou os pais chegaram e abriram uma empresa, deu certo e eles continuam por lá. É um lugar bom, mesmo me cansando nos últimos meses.

Apesar da tristezinha de deixar esses 3 lugares que amo pra trás, eu tô indo pro quarto lugar e se tudo der errado, vou pro quinto! Vai ver que se antes eu pertencia a algum, hoje pertenço a vários. Em menos de uma semana eu me mudo. Pra quem mora fora há algum tempo deve me achar bem babaca e repetitivo mas eu não ligo. 21 anos debaixo da asa dos pais me deixaram mimado mesmo. Vamo ver quantos anos fora dela vão me deixar mais maduro.
Agradecimentos especiais a uma única pessoa que tá sempre me ouvindo e me ajudando a levar essa numa boa.

SPSUXXX 034_80

picxs 059

mogi 018

                                                              where do I start, where do I begin?

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