sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Então


Não importa quantos anos a gente tem, sempre achamos que sabemos de tudo já, que estamos no comando das nossas próprias vidas e que não importa o que digam: a gente sabe o que faz. Eu também acho, mas acontece que nem sempre estou sempre certo.
Saí de casa na quarta-feira retrasada e cheguei hoje. Por esse mini-mochilão pelo sul do país vi muita coisa nova e – não digo que aprendi mas – relembrei muita coisa que já tinha esquecido.;
De todos esses dias acho que o que mais me surpreendeu foi a minha ingenuidade e perceber que eu sou mais mimado e fútil do que eu imaginava (quem lê não imagina o quanto me dói escrever isso). Achei que alugar um apartamento era como comprar uma camiseta, chegar na loja, escolher a que agrada, passar o cartão e levar ela pra casa. Acontece que não é. Honestamente, pensei que tudo ia ser mais fácil. Até poderia ser, mas agora estou sozinho nessa, correndo atrás de um lugar só pra mim, o que dificultou significamente essa procura. Se o lugar é legal e barato, é longe. Se o lugar é perto, é caro. Se o lugar é perto e barato, é caindo aos pedaços. Se o lugar é num apê que já mora uma galera, todos têm olhos vermelhos e nariz irritado de cocaína. Claro que seria muita imaturidade minha pedir um lugar perfeito, mas meu limite de desespero ainda não chegou (tá quase), já o financeiro.. É foda.
Complicado não depender das pessoas ou da ajuda delas, mas fui bem inocente achando que correndo atrás de tudo daria conta. Não dei, óbvio. Passei sei lá quantos dias longe, fui em várias imobiliárias e sempre a mesma coisa “tu pode dar uma olhada na internet também”. Olha minha querida se eu fosse procurar um lar pela internet não tinha atravessado horas em um ônibus convencional pra ver tudo ao vivo.
O mais frustrante dessa experiência toda é não ter atingido meu objetivo e voltar pra casa com mais dúvidas e mais opções ainda. Não sei se moro com os cheiradores, meu pai aluga um apê de 2 quartos até eu conhecer alguém, meu pai aluga uma quitenete e eu tento pagar ao menos a metade, ou se eu abro um camping na faculdade e vivo de luz. Nunca me senti tão inútil na vida. O pior foi chegar em casa e ele “e o que você decidiu?” como se a decisão fosse só minha né, eu, o que tá sempre no negativo no banco.
Fora essa bad toda descobri a única coisa que eu odeio no lugar que eu escolhi pra mudar de vida: o calor. Eu sou fã do sol, do verão, de tudo isso, desde que eu esteja em uma piscina ou na praia. Se você acha que o abafado de São Paulo no verão é infernal meu velho, você nunca foi a Blumenau. Nem mudou a estação ainda e numa bela tarde você está lá caminhando sob um sol de 37ºC num lugar que não-ven-ta. A sensação térmica passa dos 40 e poucos e chegou uma hora que eu tava no ônibus e achei que ia desmaiar hahaha. É desumano esse calor. De resto tudo é ótimo, acho que o transporte público de lá funciona muito bem (só podia ter ar condicionado), as pessoas são lindas, a cidade é linda, até que tem uns lugares pra sair, meus amigos são bem legais e cada pessoa nova que eu conheço fico apaixonado e já quero virar best na hora. Outra coisa que eu amei e nunca tinha reparado, tem ciclovias em todos os lugares.
A real é que eu queria ter resolvido tudo de uma vez por esses dias pra poder curtir minhas férias por aqui e não ter que voltar de novo tão cedo. Quero fazer muita coisa ao mesmo tempo e pelo visto vou curtir um stress nessa busca por um lar e por alguém que queira morar comigo. Alguém resolve minha vida enquanto eu vou pra piscina?
O bom é que amei muito em Curitiba, amei muito em Navegantes, amei muito em todos os lugares, tô assim, distribuindo amores. E me dando conta de que o amor mesmo que eu achei que um dia tive, nunca tive, nunca existiu. Até cheguei a pensar em botar na minha cabeça que nada aconteceu e que nunca nos conhecemos até há pouco, olha, que ideia. Ainda tenho que ser forte mas uma hora tudo vai embora, sei que vai, tô só esperando.
A melhor parte de toda viagem é que eu sempre fico surpreendido com os amigos, no sentido bom e ruim de dizer. É de uma alegria tão grande saber que sou querido por uns e em alguns lugares, que sentem minha falta, que digam “como vai ser quando você for embora amanhã?”, e tão esclarecedor quando tem aqueles que se dizem amigos mas não mandam um alô perguntando como estão as coisas. É bom saber quem vai sentir minha falta e quem não vai, é bom saber quem vai ser só mais uma pessoa que passou pela minha vida e quem vai permanecer. Gosto pra caralho de afirmar minhas amizades com essas pequenas coisas do dia-a-dia, tipo uma gargalhada sem fim com o meu melhor amigo ou um abraço de uma amiga dizendo “como é bom quando você tá por perto”. Da mesma forma que é bom pegar o celular e ler “queria que você tivesse aqui pra sair com a gente hoje” ou um brother querendo conversar só por sms, aquela amiga que você sente que precisa de ti naquele momento e nada mais. Quando a gente se distância percebe cada detalhe que não vê normalmente pela rotina, escapar um pouco esclarece muita coisa.
O negócio é que eu vivi e já voltei, logo mais vou pra lá de novo e quem sabe de vez. Torçam pra que tudo dê certo pra mim da mesma forma que torço sempre por vocês. Vamo trocar essas energias boas porque é um pouco mais de bem nunca faz mal.

page
                                            curi curi lights lights

Nenhum comentário:

Share